Brasil tem mais de 700 denúncias de violência contra LGBTs no primeiro semestre

LGBT. Foto: Reprodução

LGBT. Foto: Reprodução

A LGBTfobia (expressão que define o ódio à população de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros) é uma das pautas cobradas de governantes nas eleições de 2018. Apenas no primeiro semestre deste ano, o Disque Denúncia (#Disque100) contabilizou 713 denúncias de crime de ódio conta a população LGBT. Entre os casos, os mais frequentes, estão violência física, violência psicológica e discriminação.

De janeiro até a metade de setembro, foram registrados mais de 300 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros mortos por crimes motivados pelo preconceito. O número continua a aumentar. A estatística de 1 homicídio a cada 20 horas é semelhante aos números de 2017; quando ocorreram 445 assassinatos, ou 1 a cada 19 horas, motivados pela intolerância. O levantamento é realizado pelo Grupo Gay da Bahia.

Para a cientista social Ana Carolina Lourenço, o combate à LGBTfobia só será efetivo quando o tema virar prioridade entre as políticas públicas do governo e ganhar a pauta de deputados e senadores no Congresso. Ana Carolina é uma das articuladoras da plataforma #MeRepresenta, que aproxima eleitores e eleitoras de candidaturas favoráveis a temas humanitários.

Tabela Dique Denúncia. Foto: Reprodução
Tabela Dique Denúncia. Foto: Reprodução

#MeRepresenta

Cientes da urgência de promover a representatividade de LGBTs na política, diversas organizações sociais ativistas – com o apoio de voluntários e da empresa de sorvete Ben & Jerry’s – decidiram criar o site www.merepresenta.org.br. A plataforma facilita a aproximação de eleitores e eleitoras com candidatos que possuem ideais semelhantes que os seus.

A ideia por traz do site é fazer um “match” entre o candidato e o usuário. Para isso, o eleitor precisa destacar pelo menos uma de suas causas sociais prioritárias: LGBTs, Gênero; Raça; Povos Tradicionais & Meio Ambiente; Trabalho, Saúde e Educação; Segurança e Direitos Humanos; Corrupção; Drogas e Migrantes.

“Por mais que o foco dessas eleições esteja no nome que ocupará a Presidência da República, a população precisa avaliar bem quais políticos lutarão pelos seus desejos, isto é, quem a representará de verdade no Legislativo”, explica a Ana Carolina Lourenço. A cientista social lembra que, apesar de o Brasil ser o país que mais mata LGBTs no mundo, essa violência ainda não conta com uma legislação penal própria.

No Congresso Nacional, já existem pelo menos três Projetos de Lei para tornar crime a violência praticada exclusivamente pela intolerância à diversidade de gênero e à orientação sexual da vítima: os PL 134/2018, PL 515/2017 e 7582/2014. Mas essas proposições seguem engavetadas aguardando um quórum de parlamentares que compreendam a urgência de criar essa legislação.

A Criminalização da LGBTfobia, ao lado da Educação para a Diversidade, são pautas consideradas prioritárias para os novos mandatos, de acordo com uma pesquisa realizada com internautas e participantes da Parada do Orgulho LGBTI+ em São Paulo deste ano. Na ocasião, o estudo se preocupou em ouvir a população LGBT e os simpatizantes.

A pesquisa contou com o apoio da Ben & Jerry’s, que desde sua chegada ao Brasil, em 2014, vem defendendo a bandeira LGBT.

Até o momento, a plataforma #MeRepresenta recebeu propostas de 840 candidaturas de todos os Estados relativas aos temas de direitos humanos. O site foi financiado pela Alianza Latinoamericana para la Tecnología Cívica e contou com a ajuda de quase mil voluntários em todo País. A meta é contribuir para a visibilidade de candidatos e candidatas comprometidas com os direitos humanos.

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