Luz do dia ilumina desfile da Rosas de Ouro no encerramento do Especial

“Convivium. Sente-se à mesa e saboreie”. Com este enredo, a Sociedade Rosas de Ouro encerrou os desfiles do Grupo Especial paulistano em 2017, já na manhã deste domingo (26), no Sambódromo do Anhembi.

Carnaval para dar a volta por cima após a pior colocação da história gloriosa da entidade: um amargo décimo primeiro lugar no ano passado, ponto fora da curva ao longo das mais de quatro décadas daquela que coleciona sete campeonatos nos concursos da cidade. Clique aqui para ver as fotos do desfile.

O primeiro setor trouxe a comissão de frente do estreante, na agremiação, Oyama Queiroz.

O coreógrafo abriu a exibição trazendo o “Deus da Vida”, Osíris, e o banquete que teria sido oferecido por seu irmão e acabou culminando em sua morte.

Foram utilizados sete figurinos diferentes, representando cada um dos envolvidos neste evento. O tripé, que serviu de apoio para a coreografia, mostrou bom acabamento e a primeira marca do estilo André Machado.

Após a estreia em 2016, mais maturidade e segurança

Logo após a comissão de frente, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marquinhos e Isabel.

A dupla não teve de enfrentar o peso da estreia, como aconteceu em 2016, e estava mais confortável para encarar os jurados que, no ano passado, descontaram um décimo no quesito.

Os dois seguiram a linha temática da comissão, incorporados de Osíris e Ísis, os anfitriões do banquete, recebendo os convidados para a festa prometida pelo enredo.

O andamento e o samba

O ano que marcou a volta do sabiá para o reencontro com a flor, após 23 anos, foi desafiador.

A categoria e a experiência de Royce do Cavaco foram colocadas à prova na condução do samba assinado por Aquiles da Vila, Guiga Oliveira, Fabiano Sorriso, JC Castilho, Marcus Boldrini, Salgado Luz, Rapha SP e Vaguinho.

Uma composição com um andamento mais para trás que o usado nos desfiles atuais mereceu também o empenho do competente time de canto da roseira para encontrar o ponto certo, impondo a sustentação necessária para a evolução do conjunto.

Algumas quebras métricas ao longo da estrutura da obra elevaram o grau de dificuldade para que a ala musical pudesse atingir o melhor resultado possível. Um dos exemplos da complexidade do samba estava em seu refrão intermediário:

“Aráayé…a je nbo
Olubajé…a je nbo
E uma porção de fé…fé
Não importa a religião
Salve Cosme e Damião”

Identidade do mestre

Vestidos de mestre-cuca, ainda no setor inicial, os ritmistas da azul e rosa vieram com a missão de reverter as notas baixas recebidas no concurso do último ano: foram dois décimos perdidos, dois descartados e apenas um dez.

A bateria de mestre Rafa, sempre iluminada pelo brilho da rainha Ellen Roche, incrementado com a simpatia da rainha do Carnaval de São Paulo 2017, Fernanda Catanoce, mostrou sua identidade e estilo próprio, apresentando um variado cardápio de convenções e bossas, bastante complexas ao acompanhar o desenho da melodia do samba.

O Carnaval de André Machado

André Machado fez sua estreia na Sociedade Rosas de Ouro. Segundo ele, a realização de um sonho.

O artista desembarcou na Freguesia do Ó para o momento mais importante de sua trajetória no Carnaval da cidade, e para apagar os resultados obtidos por seu antecessor e xará, André Cezari.

O décimo primeiro lugar em 2016 se deve muito ao desempenho ruim nos quesitos diretamente ligados ao trabalho do carnavalesco: foram oito décimos perdidos na soma dos quesitos enredo, fantasia e alegoria. O desabafo de André, no último ensaio técnico da Rosas de Ouro, sugeriu, entre outras ponderações, que todos tomariam um susto ao ver a escola na Avenida.

Sua proposta começou a ser desenvolvida mostrando um banquete egípcio, com o primeiro setor retratando os costumes alimentares dos impérios deste período. A abertura foi seguida da Idade Média e dos banquetes originários das religiões, servidos em oferenda aos Deuses e Orixás.

Foi nesse momento que viu-se uma das alas mais comentadas dos desfiles deste ano, a de baianas, com um figurino de extremo bom gosto e muito bem executado, tendo como temática as filhas de santo dos rituais afro-brasileiros. Num momento mais contemporâneo do enredo, as festas mais tradicionais do calendário foram retratadas: aniversários, bailes de debutantes, festejos juninos, Natal, Réveillon, churrascos e até guloseimas.

O fechamento, no setor cinco, marcou um viés mais político, pedindo conscientização diante da miséria de grande parte da população, clamando por mais amor e solidariedade entre os povos e as sociedades.

Harmonia e boa evolução seguram desfile da roseira

Se a plástica não foi primorosa, tanto nas alegorias, quanto nas fantasias, ambas apontando problemas de acabamento, concepção e execução, muita coisa foi  funcional no desfile. Entre elas, a harmonia do canto com o ritmo e a boa evolução ao longo de toda a Avenida.

Alas com pequenos espaçamentos e variações de andamento atravessaram a pista com constância e de forma compacta, garantindo que todo o conjunto conseguisse desfilar com tranquilidade, mesmo chegando ao final da faixa amarela da dispersão no limite do tempo permitido pelo regulamento, já sob sol forte na capital paulista.

De olho no relógio!

A Rosas de Ouro encerrou seu desfile com 1h05

Confira no gráfico as classificações da escola nos últimos dez Carnavais

Prêmio SRzd Carnaval SP 2017

Na noite desta segunda-feira (27), na página da editoria de Carnaval do SRzd em São Paulo, será divulgado o resultado oficial desta edição do prêmio. A votação estará disponível após o encerramento do desfile da última escola do Grupo Especial.

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A apuração das notas atribuídas pelos jurados da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo acontece nesta terça-feira (28), com transmissão ao vivo da Rádio SRzd.

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