Claudio Francioni. Foto: Nicolas Renato Photography

Claudio Francioni

Carioca, apaixonado por música. Em relação ao assunto, estuda, pesquisa e bisbilhota tudo que está ao seu alcance. Foi professor da Oficina de Ritmos do Núcleo de Cultura Popular da UERJ, diretor de bateria e é músico amador, já tendo participado de diversas bandas tocando contrabaixo, percussão ou cantando.

Crítica: Phil Collins no Maracanã

Que noite! Após 41 anos, o velho Phil enfim deu as caras. Nesse período se lançou em carreira solo, saiu do Genesis, voltou pro Genesis, casou, descasou, foi pai, se aposentou e enfim se desaposentou, pra felicidade de milhões de fãs brasileiros que nem tinham mais esperanças em vê-lo ao vivo.

Pontualmente às 21h30min surge um senhorzinho com sua bengala caminhando lentamente em direção à sua cadeira. Phil tem se apresentado sentado em todos os shows, ainda sequela de uma cirurgia para corrigir uma vértebra cervical realizada há três anos. Como vem acontecendo em todos os shows da turnê “Not Dead Yet”, o cantor agradece a presença do público e o piano introduz “Against All Odds”…ok, “Take a Look At Me Now”. Assim, de primeira, sem sequer dar uma ideiazinha antes, sem preliminares, sem um jantarzinho. Quanta ousadia! O povão, já entregue, reagiu aos primeiros acordes com um longo suspiro. Quando abriu a boca, a voz impressionou. Obviamente sem o mesmo alcance ou potência, mas que timbre! Que limpeza! E daí que alguns tons precisaram ser baixados?

“Another Day in Paradise” veio a seguir, ainda respeitando o setlist do ano passado, mas parou por aí. Diferente do que vinha fazendo, Phil fez apenas um set direto, sem intervalo. Algumas mudanças no repertório, como a inclusão de “Throwing It All Away”, do Genesis.

Falando em Genesis, o grande momento da noite rolou em “Follow You Follow Me”, com o telão mostrando cenas de todas as épocas de Phil na banda em clipes ou shows. Lágrimas de quarentões, cinquentões, sessentões e até setentões em todos os cantos do Maracanã.

No palco, catorze músicos da mais alta qualidade, ensaiadíssimos, a serviço da fantástica obra do britânico. A maioria deles acompanha o cantor há muitos anos. A exceção é o baterista Nic Collins, de 16 anos, filho de Phil. O moleque, que anda matando aula pra seguir o pai/espelho pelo mundo, deu muita conta do recado. O som foi um capítulo à parte. Ouvia-se tudo com extrema delicadeza, dando a impressão de estarmos curtindo um disco na sala de casa.

Com Phil sentado, o dinamismo do show fica por conta dos cantores apoio e pelo quarteto da metaleira, que dançam e se movimentam pelo palco em todas as músicas mais agitadinhas. Bridget Bryant encarou um dueto com o titio em “Separate Lives” enquanto Arnold McCuller e Amy Keys fizeram as vezes de Phillip Bailey em “Easy Lover”, outra porradaça da noite. O final apoteótico em “Sussudio”, com chuva de papel picado e visual colorido nos telões deixou um enorme gosto de quero muito mais. A tradicional “Take me Home” no bis fechou uma noite que ainda vai durar muitos anos na cabeça de 40 mil pessoas. Tudo foi lindo, mas pelo tempo que demorou a nos visitar, o velhote nos deve mais algumas horas de lágrimas e arrepios.

Banda: Nicholas Collins (bateria), Leland Sklar (baixo), Daryl Stuermer e Ronnie Caryl (guitarras), Brad Cole (teclados), Arnold McCuller, Amy Keys, Bridget Bryant e Lamont van Hook (backings), Luis Conte (percussão), Harry Kim e Dan Fornero (trumpetes), George Shelby (sax) e Luis Bonilla (trumpete).

Setlist

  1. Against All Odds (Take a Look at me Now)
  2. Another Day in Paradise
  3. I Missed Again
  4. Hang in Long Enough
  5. Wake Up Call
  6. Throwing It All Away
  7. Follow You Follow Me
  8. Only You Know and I Know
  9. Separate Lives
  10. Something Happened on the Way to Heaven
  11. In the Air Tonight
  12. You Can’t Hurry Love
  13. Dance Into the Light
  14. Invisible Touch
  15. Easy Lover
  16. Sussudio
  17. Take me Home

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