Tudo azul com Lulu

Lulu Santos. Foto - Wadson Ferreira

Lulu Santos. Foto – Wadson Ferreira

Eu vejo tanta beleza nas viradas, nas coragens, nas mudanças macias ou abruptas.
Eu vejo beleza em se quebrar estereótipo, sair da caixa, desdizer, provar o contrário, ser exceção ou ter peito de ser a regra.
Ouvia mãe e tias me contarem sobre as mais diversas regras com jeito de regras “universais”: “mulher mais velha deve ter cabelo curto, acima de determinada idade tem que abolir o biquine, já estamos velhas pra mudar, ridículo pra alguém da minha idade, muita diferença de idade”, enfim, sempre tive muitas caixas e rótulos pra romper internamente.

E de repente vem mais uma boa nova para ajudar no processo de livramento de caixas: alguém um dia desses nos disse que era bobagem essa mania de fingir negando a intenção. Esse certo alguém mudou de direção. Saiu definitivamente do armário. Leve. Flanando. Voando literalmente. Certo de sua felicidade. Afinal somos muitos sangrando pelo sonho de viver. Ele não está sozinho.

Pra quem ainda não “leu” o que eu disse, falo de LuLu Santos que aos 65 anos se assume gay, apaixonado por um piloto bahiano, 39 anos mais jovem que ele.
Quantas caixinhas são abondonadas, quantos botões enfim desabrocham, quantos preconceitos morrem. Tudo junto e misturado. Como deve ser.

Não há limites. Sempre é tempo. Sempre dá tempo. Sem marcações. Sem réguas.

Ser feliz sem ligar. Ser o último romântico. Tomar o mundo feito Coca-Cola (gelada).

Sim, eu vejo cores e sinto alento em ver felicidade em meio há tantos moralismos, ódios e julgamentos alheios.

Lulu está certo. Que tolice viver a vida sem aventura.

Dá tempo. Corre. Façamos o que nos faz feliz. Porque o tempo que dá tempo voa e escorre pelas mãos. E não volta. Vamos nos permitir sem aquela hipocrisia que insiste em nos rodear.

Graças a atitudes de beleza e coragem como a do Lulu, eu consigo ver por cima de um muro, um novo começo de era. Tomara.

Obrigada, Lulu por nos encher de vontade e ilustrar uma de suas mais significativas e verdadeiras linhas poéticas: “Consideramos justa toda a forma de amor.”

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