Trio da série ‘Onde nascem os fortes’ participa de mesa sobre dramaturgia durante festival de cinema, na Cidade de Goiás

George Moura, José Luiz Villamarin e Walter Carvalho. Foto: Eraldo Peres

George Moura, José Luiz Villamarin e Walter Carvalho. Foto: Eraldo Peres

Durante a 20ª Edição do FICA – Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental -, na Cidade de Goiás, terra de Cora Coralina e patrimônio mundial pela UNESCO, que acontece até este domingo (10), o diretor de fotografia Walter Carvalho recebeu, na manhã deste sábado (9), o diretor José Luiz Villamarin e o roteirista George Moura, os três integrantes da equipe da série “Onde nascem os fortes”, exibida pela TV Globo, para uma conversa sobre dramaturgia.

Walter, que já esteve em outras edições do FICA e é um amigo do Festival, iniciou o bate-papo perguntando a George Moura como é seu processo criativo, como o autor transforma em histórias uma tela em branco do computador. “É um desafio grande a ideia da tela em branco, não só no cinema, como na televisão também. Nossa série tem 53 capítulos, o equivalente a 1.500 páginas. É sempre bom a gente pensar que assunto queremos tratar. E a gente queria muito falar sobre um ‘Brasil não cordial’, o Brasil que estamos vivendo hoje, da violência, intransigência”, comparou George. “A lacuna entre o que sou e o que gostaria de ser é esse espaço para a construção de um personagem”, complementou.

Provocado por Walter, Villamarin falou sobre como é seu processo de convocação de elenco. “Existem atores com quem eu gostaria sempre de trabalhar, como Irandhir Santos e Tony Ramos. Sempre procuro atores que dominem a técnica, mas que ‘cruzem a linha’ e se emocionem”. Outro critério básico é a questão do ofício. Gosto de atores que tenham respeito a seu ofício. Na minissérie ‘O Canto da Sereia’, baseada no livro do Nelson Motta, eu fiz questão de colocar a Isis Valverde para viver a protagonista. Ela não tem uma formação teatral, mas é uma figura que surpreende no set. Mais recentemente, em ‘Onde nascem os fortes’, mudamos a atriz que viveria a personagem Maria poucos dias antes de começar a gravar. Trouxemos a Alice Wegman e deu super certo”, apontou Villamarin.

George Moura destacou como funciona a parceria e o processo criativo do trio. “Temos um processo de trabalho muito particular. Eu escrevo as cenas e o Zé e o Walter vão filmar. Quando dá uma brecha nas gravações, eles me chamam pra ver, mas eu sempre me esqueço do que escrevi”, confidenciou, provocando gargalhadas na plateia. “Não adianta simplesmente repetir uma palavra atrás da outra”. Em seguida, para falar sobre a relação da linguagem com o roteiro, citou frases de duas grandes personalidades contemporâneas. De acordo com o poeta mexicano Otávio Paz, “quando uma sociedade se corrompe, a primeira coisa que se decompõe é a linguagem”. E falando sobre a prática do roteiro, citou Woody Allen: “A grande diferença entre a vida e o roteiro é que o roteiro precisa fazer sentido”. O roteirista conclui sua participação no debate com uma frase reflexiva: “A vida não nos pertence. A vida é uma aventura muito arriscada”, concluiu.

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