Sítio do Picapau Amarelo – O Musical no OI Casa Grande

Foto: Divulgação

Com direção de Roberto Talma, o espetáculo Sítio do Picapau Amarelo – O Musical estreou no Teatro Procópio Ferreira dia 12 de outubro de 2008. A história de Monteiro Lobato – que embalou a infância de várias gerações, desde a primeira versão na TV Tupi até a mais recente na TV Globo – chega ao teatro com 18 atores no elenco (encabeçados por Mariana Elisabetsky no papel de Emília e Bibba Chuqui como a Tia Nastácia) e a proposta de encantar e surpreender crianças e adultos, principalmente nas cenas em que os personagens voam.

 

Nos bastidores está um time de renome: Flavio de Souza (adaptação), André Abujamra e Ronnie Kneblewski (direção musical), Fernanda Chamma (coreografia),  João Irênio (cenografia), Maneco Quinderé (luz), Rick Ramos (projeções em 3D), Fernando Fortes (som) e Helena Araújo e Djalma Brilhante (figurino). No total, são 70 pessoas envolvidas na produção, que conta com cenários de grandes dimensões, projeções em 3D, efeitos de luz e som, e voos aéreos.

 

O musical infantil tem a adaptação da obra de Monteiro Lobato por Flavio de Souza.  No palco, Emília (Mariana Elisabetsky), Dona Benta (Suzanah Borges), Narizinho (Ana Paula Grande), Pedrinho (João Maia), Visconde de Sabugosa (Tony Germano) e Tia Nastácia (Bibba Chuqui) recebem a companhia de Peter Pan, Pinóquio, Aladdin, Cinderela, Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho e da Dona Carochinha além dos bonecos: Quindim, Rabicó, Cuca e Burro Falante. Narizinho descobre o Reino das Águas Claras e a boneca Emília se torna uma tagarela depois de tomar uma pílula falante. Para o seu casamento com o Marquês de Rabicó, Emília pede que convidem todos os personagens da carochinha. Mas a Cuca e os piratas comandados pelo Capitão Gancho vão também estar lá para “esquentar” a festa.

 

A montagem vem valorizar, divulgar a cultura e a arte nacionais, homenageando um dos maiores autores brasileiros e também sua obra, que influenciou várias gerações. O espetáculo leva adultos e crianças a mergulhar no universo de Monteiro Lobato e reviver as aventuras deste Sítio, onde tudo é possível e a única regra é saber brincar, num mundo encantador e repleto de fantasias.

 

Sobre a adaptação

Na encenação, as histórias do Sítio se misturam às dos clássicos contos de fadas e à biografia do próprio Lobato. Convidado para fazer a adaptação, Flavio de Souza conta que essa mescla existe em vários livros de Lobato. “No Brasil, com certeza, ele foi o primeiro que fez isso, misturou personagens de contos de fada e também de cinema americano da época com os personagens dele, sem a menor cerimônia e com resultado maravilhoso.”

 

Em livros e peças de teatro de sua autoria, o próprio Flavio já havia usado essa receita, inclusive em “Chapeuzinho Adormecida no País das Maravilhas” (prêmio Jabuti 2006 de livro infanto-juvenil). “Quando escrevi a peça, não tinha noção de que estava fazendo o que Monteiro Lobato fez, mas com certeza isso ficou na minha cabeça desde que li pela primeira vez os livros dele, quando tinha 8 anos”, conta. “Foi delicioso fazer essa adaptação, mas difícil pela responsabilidade. A obra de Monteiro Lobato ainda é a mais importante para crianças e jovens, são os primeiros livros lidos por muitas pessoas. Estou orgulhoso de participar de um projeto com a obra mais interessante da literatura para crianças de todas as idades. Reli todos os livros antes de escrever o texto, e me deliciei como se estivesse lendo pela primeira vez”, completa Flavio de Souza.

 

Sobre a direção

Roberto Talma foi o responsável pelo núcleo que dirigiu a primeira versão do Sítio para a TV, na Rede Globo. Em sua direção, ele privilegia principalmente a alegria e a magia das histórias de Lobato. “A narrativa é bastante linear, sem truques para enganar crianças. As músicas são quase todas conhecidas e as novas composições de André Abujamra e Flavio de Souza são lindas e fáceis de aprender. O meu prazer em fazer o espetáculo é grande, e todos que fazem parte da produção sabem do valor das histórias do Sítio do Picapau Amarelo de Monteiro Lobato”, declara ele.

 

Sobre as músicas

Das 13 músicas do espetáculo, sete são originais das melhores temporadas do Sítio do Picapau Amarelo na TV Globo (incluindo sucessos como “Sítio do Picapau Amarelo”, mais conhecida como “Marmelada de Goiaba”, de Gilberto Gil). As outras seis foram compostas especialmente por André Abujamra, com letras de Flavio de Souza. Entre as inéditas, estão a salsa-mambo “Cuca ca”, uma canção clássica dance para a entrada da Cinderela; a canção-tema de Dona Carochinha (que Abujamra define como “música búlgara pop com orégano”), e “Moia o Sitio”, “música para chamar chuva, que o Talma falou pra ser em russo, tipo Índios Russos”, explica o diretor musical André Abujamra.

 

Os atores cantam as músicas ao vivo sobre uma base musical em playback. O preparador vocal e diretor musical Ronnie Kneblewski levou sua experiência de trabalho – ele assina a preparação vocal do musical Os Produtores, entre outros – para afinar o coro de 18 atores. “O importante para um coro soar bem é ter unidade tímbrica. Para isso mostro ao elenco algumas estratégias da técnica vocal com que trabalho, as mesmas usadas por Liza Minelli, Prince, Chistina Aguilera, Michael Bolton e Stevie Wonder”, afirma.

 

No comando do som está Fernando Fortes. Engenheiro elétrico com curso de sound design e operação de sistemas sem fio, ambos na Broadway, trabalhou em produções como Aida, West Side Story e O Avarento, além de montagens aqui e no Exterior, como Eva – El Gran Musical Argentino, Miss Saigon, O Fantasma da Épera, Chicago, Sweet Charity, José e seu Manto Technicolor e O Beijo da Mulher Aranha.

 

Sobre o cenário

Montado em estruturas metálicas, e.v.a, madeira, isopor, poliuretano e espuma, o cenário é feito em volume e grandes proporções. As árvores chegam a 5 metros de altura e, à direita do palco, o que “rouba a cena” é o casarão da fazenda. A casa tem 5 metros de comprimento, 3 de largura e 4 de altura, e é montada sobre um sistema giratório. Em suas paredes, guarda uma surpresa: como num “passe de mágica”, de uma cena para outra, a casa se transforma no Reino das Águas Claras.

 

“Fazer esse trabalho é mexer e remexer com a nossa memória, nossa infância e colocar todas as experiências de vida à tona”, conta o cenógrafo. João Irênio é filho do diretor de arte Irênio Maia, que assinou a cenografia do Sítio na versão dos anos 80 para a TV, dirigida por Geraldo Casé. “Naquela época eu tinha dez anos, imagina só: agora, 28 anos depois, estou aqui fazendo esta ?re-leitura? fantástica”, declara João. Em seu currículo, constam a cenografia para as minisséries A Pedra do Reino e Hoje é dia de Maria (I e II), do diretor Luiz Fernando Carvalho, além dos cenários para os programas Altas Horas, Programa do Jô e Toma Lá Dá Cá.

 

Sobre os efeitos

O desenho de luz é de Maneco Quinderé. Para o Sítio, ele adianta que usa uma luz colorida, animada, com muitos efeitos especiais para gerar encantamento nas crianças.

 

Preparação corporal

A cargo da coreógrafa Fernanda Chamma ficou o desafio de construir uma cena plástica e cenicamente correta, com os tons que o teatro musical pede. “A peça tem trocas de cenário, gente com cabeça de bicho, gente que voa (como a Cuca, que chega voando, desce e sapateia). Tenho de cuidar da energia da cena. Porque não adianta os atores dançarem bem e não conseguirem cantar, deixando o personagem de lado por causa da coreografia. Preciso desenhar a cena de uma maneira que não prejudique, só acrescente”, afirma ela.

 

A coreógrafa preparou “uma coreografia mais estilizada, com linhas modernas, mesclando dança-teatro, com entradas e saídas pelo palco, por cima, sapateados, inventando cenas e situações de dança o tempo inteiro”. Ela ainda revela: “O Sítio apareceu numa fase em que estou amando coreografar. É a primeira coisa que estou fazendo em 2 anos fora do trabalho na Escola do Wolf Maia”.

 

Sobre o elenco

Mariana Elisabetsky encarna a personagem Emília. No palco, a atriz se dobra e desdobra como uma boneca de pano de verdade, graças ao condicionamento que obtém combinando ioga, dança e corrida. A voz que Mariana empresta a Emília também chama a atenção. “Encontrei um timbre que, na minha opinião, traz a ela um universo fantástico e a diferencia de uma menina normal, como a Narizinho. Acho que o fato de fazer aulas de canto há 16 anos me possibilita fazer isso sem que me machuque”, revela a atriz, que  estreou no palco aos 13 anos em O Violinista no Telhado. Já trabalhou em The Wiz, Grease, Na Cama com Tarantino, O Mágico de Oz, Pinocchio e A Flauta Mágica.

 

Narizinho é vivida pela atriz brasiliense Ana Paula Grande, que estuda artes dramáticas desde os 10 anos. Em São Paulo desde 2005, participou de três montagens teatrais, entre elas, a peça “Preso na Rede”, dirigida por Zé Renato. Em cinema, participou de três médias e 12 curta-metragens, com destaque para “Primeira Vez”, eleito o Melhor Curta-Metragem Nacional na 30ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e ganhador do Prêmio Especial do júri no festival Gramado Cine e Vídeo 2007.

 

Aos 17 anos, o ator João Maia incorpora Pedrinho. Criado em Belo Horizonte, há três anos se mudou para São Paulo com o intuito de seguir a profissão de ator e estudar cinema. Entre os palcos e as aulas do colégio, João trabalha também com dublagem, locução e edição de vídeo e áudio. Em teatro, trabalhou em montagens de óperas e operetas infantis de Karen Acioly; entre elas a “Épera do Menino Maluquinho” e a opereta “Hans, o faz tudo”, na pele do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen.

 

Trajetória do Sítio

Com 23 volumes, a obra de Monteiro Lobato (1882-1948), escrita em 1920, recebeu várias versões para a televisão. A primeira adaptação do Sítio do Picapau Amarelo foi ao ar na TV Tupi, em 1952, numa criação de Júlio Gouvêa e sua mulher Tatiana Belinky, com direção de Maurício Sherman e produção de Lúcia Lambertini. Em 1964, o Sítio foi resgatado pela TV Cultura, numa nova produção comandada por Lúcia Lambertini, com parte do elenco da primeira versão. O Sítio voltaria ao ar, pela TV Bandeirantes, em 1967, novamente sob o comando de Júlio Gouveia e Tatiana Belinky. A quarta versão foi realizada entre 1977 e 1986, pela Globo em parceria com a TV Educativa. Na época, o elenco contou com Zilka Salaberry (Dona Benta), Dirce Migliaccio (Emília) e Rosana Garcia (Narizinho), com textos de Wilson Rocha, Marcos Rey e Benedito Ruy Barbosa, entre outros, e direção de Geraldo Casé. José Mayer e Maitê Proença fizeram participações na década de 80. A trilha era, então, assinada por Dorival Caymmi, e foi aí que surgiu a música de abertura composta por Gilberto Gil. Entre 2001 e 2007, também pela Globo, foi ao ar a quinta versão para a televisão. Nesta última montagem, Nicette Bruno, Suely Franco e Bete Mendes interpretaram Dona Benta. Cássio Scapin, Supla e Flávia Alessandra fizeram participação especial. A direção geral era de Cininha de Paula e Carlos Manga, no Núcleo de Roberto Talma.

 

A história 

A história do Sítio se confunde com a própria história de Lobato: ele perdeu os pais cedo e viveu com os avós numa chácara em Taubaté. Inspirado na “Chácara do Visconde” (como era chamada a moradia dos avós), o cenário da história é uma chácara dos tempos coloniais. Lá no Sitio do Pica-Pau Amarelo moram uma velha senhora, Dona Benta, e sua neta, Lúcia, a “Narizinho”. Também vivem no sítio o velho Tio Barnabé e seu ajudante Zé Carijó, responsáveis pela manutenção do local, e Tia Nastácia, uma negra que cozinha os melhores quitutes do mundo. Nas férias, eles recebem a visita de Pedrinho (primo de Narizinho), garoto inteligente que mora com sua mãe na cidade grande. O menino também tem um amigo de pano, feito com sabugo de milho pela tia Nastácia: o Visconde de Sabugosa. Entram na história também o Marquês de Rabicó, porquinho guloso que só pensa em comida; um sábio burro falante chamado Conselheiro; o doce rinoceronte Quindim; a bruxa Cuca e seu ajudante Saci. Assim como Lobato, Narizinho convive apenas com duas mulheres idosas (Dona Benta e Tia Nastácia), e acaba criando para si um mundo de fantasias, do qual a personagem principal é a sua boneca Emilia, feita por Tia Nastácia com restos de pano. Um certo dia, Narizinho conhece o Príncipe Escamado, que a convida para conhecer seu reino. Lá, Emília toma a pílula falante e desembesta a falar. A partir daí, mil ?reinações? vão dar forma a essa história onde a realidade se mistura a uma mágica fantasia.

Serviço

Sítio do Picapau Amarelo – O Musical
Oi Casa Grande (926 lugares) – 2511-0800

Rua Afrânio de Melo Franco 290 – Leblon

Bilheteria: 3ª, 4ª, 6ªf – 15h às 20h / 5ªf – 15h às 22h / sábado e domingo – 12h às 20h

Ingressos: R$ 80,00 (camarote); R$ 60,00 (platéia); R$ 50,00 (balcão / filas A até L); R$ 40,00 (balcão / filas M e N)

Temporada: de 06 de junho a 07 de setembro de 2009

Horários: Sábados às 15h30 e domingos, às 16 horas

Duração: 1h30 com 10 minutos de intervalo

Classificação indicativa: 03 anos

 

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