Ney Matogrosso: ‘Que gay o caralho. Eu sou um ser humano’

Ney Matogrosso. Foto: Divulgação

Ney Matogrosso. Foto: Divulgação

O cantor Ney Matogrosso, em entrevista à “Folha” divulgada nesta quarta-feira (19), falou, entre outros assuntos, sobre política e sexualidade.

Ao ser perguntado sobre se em algum momento da carreira se sentiu representante de uma minoria, Ney respondeu: “Eu não. Nunca peguei essa bandeira, não me interessa. Acho que eu sou útil assim, falando, conversando. Teve um encontro internacional gay no Rio, queriam que eu fosse presidir. Eu disse que não, não penso assim. Aí foi o Renato [Russo]. Tá certo, ele é quem tinha de ir, a cabeça dele era assim. Eu não defendo gay apenas, defendo índios, fiz um vídeo recentemente pedindo a demarcação de terras. Defendo os negros, que estão na mesma situação que viviam nas senzalas, estão presos aos guetos. Me enquadrar como “o gay” seria muito confortável para o sistema. Que gay o caralho. Eu sou um ser humano, uma pessoa. O que eu faço com a minha sexualidade não é a coisa mais importante na minha vida. Isso é um aspecto, de terceiro lugar”, disse.

Não acho que existe esquerda e direita, a meta é a mesma para ambos os lados: a chave de cofre e o poder.

Ney Matogrosso falou ainda sobre política e opinou que não quer Bolsonaro presidente. “Ele não será presidente nunca. Não acredito que o Brasil dê esse passo”. O cantor revelou que não se alinha nem à esquerda e nem à direita. “Não tenho essa coisa partidária, estou mais preocupado com o ser humano. Se quiser me definir, diga que eu sou um humanista. Primeiro, não acho que existe esquerda e direita, a meta é a mesma para ambos os lados: a chave de cofre e o poder. Não tenho mais ilusões. Antigamente eu te diria que era de esquerda. Até que, quando eu achei que a esquerda iria me compreender, porque eu estava tentando cariar a ditadura, a esquerda me descia o cacete. Não entenderam que eu podia ser útil”. Ao ser questionado como desceram “o cacete”, o cantor explicou: “Por preconceito, não é isso? A esquerda não é machista pra caralho?”.

Ser uma pessoa afetuosa, amorosa. Isso é mais importante do que com quem eu trepo.

O artista revelou também seu voto e o que achou do impeachment de Dilma Rousseff. “Eu achava que estava muito mal. Ela fez um péssimo governo, que acabou nessa história. O Lula a colocou para manter aquecida a cadeira dele. Eu votei nele várias vezes, contra o Collor, contra o Fernando Henrique, só não votei no segundo mandato. Porque no primeiro estourou o Mensalão. E eu não podia acreditar que ele não soubesse de nada. Aí te confesso que me decepcionou. Foi a última vez que acreditei em alguém. Desde então, anulo meu voto com a maior tranquilidade”.

Na entrevista, Ney falou ainda sobre o que é mais importante em sua vida. “Ter caráter, ser uma pessoa honesta, de princípios, que trata bem as outras. Ser uma pessoa afetuosa, amorosa. Isso é mais importante do que com quem eu trepo. Sou benquisto e recebo isso nas ruas, das pessoas”.

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