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A ‘Tulipa Negra’; 28 anos da força de uma voz feminina no Carnaval

Tulipa Negra. Foto: Reprodução

Odirley Isidoro publica mais um texto em sua coluna no portal SRzd.

Natural de São Paulo, nasceu no bairro do Parque Peruche, na Zona Norte da cidade. Poeta, escritor, pesquisador e sambista. Ao longo de sua trajetória, foi ritmista das escolas de samba Unidos do Peruche e Morro da Casa Verde, além de ser um dos fundadores da Acadêmicos de São Paulo.

As publicações são semanais, sempre às terças-feiras, na página principal da editoria do Carnaval de São Paulo. Leia, comente e compartilhe!

A ‘Tulipa Negra’; 28 anos da força de uma voz feminina no Carnaval

Um suspiro preso e um olhar viajando dentro de si.

Em suas memórias, momentos no qual o universo permitiu que ela testemunhasse a história.

Hoje, ao completar vinte oito anos de carreira e quarenta e cinco como intérprete de samba-enredo, carrega no semblante a expressão e a serenidade daquela que desbravou o chão de terra vermelha e batida envolto de estruturas de metal, repleta de pessoas que esperavam um som; a sua voz!

Foi assim, com saudosismo, que Bernadete relembra de sua primeira vez como interprete oficial da Unidos do Peruche:

“Fui pega de surpresa quando recebi a informação de que seria a intérprete oficial. Lembro de todo o apreço e carinho com que me receberam, recordo de falar para minha mãe da sensação de medo por tamanha incumbência. Ao chegar na Avenida vi aquela multidão, respirei fundo e segui em frente. E vou seguindo, a cada novo Carnaval”.

Do início de carreira em Osasco, às luzes de neon do Carnaval paulistano.

Uma trajetória repleta de momentos pincelados por personalidades marcantes.

Com toda sua simplicidade se impôs junto de grandes nomes como Armando da Mangueira, Juscelino, Chuveiro, Royce do Cavaco e tantos outros.

De espécie rara e de humildade ímpar, fez do despetalar de sua jornada o brilho nos olhos de quem começava a despontar como intérprete. Hoje ela se enxerga em um novo momento, com a responsabilidade de ser porta voz de uma “jovem guarda” do samba, que mesmo depois de mais de trintas Carnavais, ainda é desconhecida pela maioria.

Nas lágrimas a lembrança de quem já se foi, no sorriso, a ansiedade de tudo que está por vir.

Esta sensibilidade imposta em cada palavra trocada, demonstra, assim como sua origem, que a essência não se modificou.

Ela, que fora escolhida no momento certo pelo olhar de uma criança, teve toda sua trajetória neste infinito universo marcada pelo carinho de todos aqueles que observam seu esplendido trabalho.

Participou da raiz fundadora do Império de Casa Verde e defendeu com garbo e valentia os primórdios desta grande escola. Tem ainda muito carinho pelo primoroso trabalho prestado à Faculdade do Samba Barroca da Zona Sul, além de levar no coração o amor pelo Império Lapeano.

Mãe, mulher, amiga, guerreira. Poderiam ser características de qualquer personalidade, mas para ela, é a transparência de sua alma o que a define.

Esta é Bernadete. Através da música “Farsa do amor” abriu caminhos para novos horizontes e no “Jogo da Vida”, hoje, aos 66 anos e mais de quarenta Carnavais depois, ainda deixa pelo caminho suas pétalas sem perder a sofisticação e elegância, consagrando-se como a “Tulipa Negra do Samba”.

“Salve o samba, salve a santa, salve ela…”.

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