Ticiana Farinchon

Formada em Jornalismo pela Facha, com pós-graduação em Mídias Digitais. Apaixonada por tecnologia e cultura, tem nos seriados de TV seu maior vício, acompanhando em tempo real tudo o que acontece neste fascinante universo.

Westworld: entre nesse jogo

“Desde antes de Lost sou uma entusiasta do trabalho de J J Abrams. Sim, eu sou órfã de Alias. Um dos filmes mais geniais que vi foi A Origem, roteiro de Jonathan Nolan. Top 5 sem a menor sombra de dúvida.
Então, nem precisa dizer o estado que fiquei quando soube que JJ, Jonathan e sua esposa Lisa Joy estavam com o projeto de uma série, ainda mais na HBO.
Minha angústia enfim acabou. Estreou Westworld.”

Esta introdução foi escrita em 2016, logo após assistir ao piloto da série, e ficou até hoje parada no meu rascunho. O motivo? Eu não podia ser rasa ao escrever sobre Westworld. Teria que degustar lentamente os episódios, pra absorver todas as suas nuances. Cá estou, quase um ano depois, escrevendo o post e pensando: “Será que eu já estou preparada pra isso?”

Vamos tentar. Falando de uma maneira simples, Westworld é um parque temático, estilo country, onde andróides recepcionam e conduzem os humanos por histórias com roteiros pré estabelecidos, que tem o objetivo claro de propiciar aos visitantes experiências repletas de violência, aventura e sexo. Ou seja, trata-se de um universo restrito, voltado a satisfazer os mais primitivos desejos humanos, sem pudor, sem censura, sem julgamentos. No comando, dr Ford (Anthony Hopkins), um dos criadores do parque temático, e que é responsável por programar os andróides para que eles ajam como e acreditem serem humanos.

Logo no início da série percebemos que algo está acontecendo, algum bug que acaba “perturbando” os anfitriões, e é a partir dai que a narrativa segue, enchendo nossa cabeça de perguntas. Será que a inteligência artificial dos robôs é capaz de se retroalimentar, fazendo com que acabem por entender sua condição e se libertar dela? Será que os visitantes conseguem realmente separar o real do imaginário, uma vez que os robôs são esteticamente tão reais? Onde nossos instintos vão acabar nos levando?

Com a tecnologia avançando a passos largos, Westworld me trouxe à tona as mesmas sensações que tive ao assistir ao “Show de Truman”. Se àquela época a inquietude girava em torno da questão de ser observado, hoje o papo é beeeem mais profundo. Em quanto tempo estaremos convivendo com androides na vida real, sem termos ciência de sua condição? É claro que este papo esbarra em questões éticas, mas sua relevância não pode ser ignorada. Estaremos nós, daqui alguns anos, tão evoluídos que os seres humanos serão obsoletos?

Voltando à série, a cada episódio que se passava a linha de raciocínio de Nolan ficava mais confusa, e mais perturbadoramente deliciosa. Não posso falar muito pra não estragar a surpresa de quem ainda não assistiu, mas uma coisa garanto: ao chegar ao fim você vai querer assistir de novo, pra rever aquilo que era tão claro mas que sua mente se negava a compreender. Mais ou menos a mesma coisa dos primeiros anos de Lost – inclusive os fóruns para debater as teorias voltaram com tudo à internet, o que mostra a relevância de Westworld para a TV mundial.

As atuações são outro ponto a ser destacado na série. Dolores, a personagem interpretada brilhantemente por Rachel Ewan Woods, e Maeve, de Thandie Newton, são só exemplos de que é possível ter atuações magistrais mesmo numa série de TV. Isso sem falar em Anthony Hopkins e Ed Harris, né? Nosso Rodrigo Santoro também fez bonito neste quesito, com seu Hector. Outro ponto interessantíssimo de Westworld é a trilha sonora. O piano do cabaret toca, ao invés de músicas antigas, versões de sucessos pop e rock, como Radiohead.

Se você está procurando uma série que não somente te divirta, mas que te faça pensar – e te dê assunto para conversas com os amigos – Westworld é a melhor pedida do momento. Sua primeira temporada conta com dez episódios, e a segunda está prevista para 2018.

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