Mea culpa: 2017 foi embora e não mudei muito minha forma de pensar

Sidney Rezende. Foto: Eliane Pinheiro

Sidney Rezende. Foto: Eliane Pinheiro

Este é o texto mais sem graça dos últimos 12 meses. Originalidade, zero. Tenho que escrever algo para fechar 2017 e não me vem nenhuma ideia na cabeça. Resolvi fazer uma pesquisa para saber se mudei muito a minha forma de pensar de um ano para o outro. E, acredite, continua a mesma ameba boba de antes.

Todo fim de ano, lemos, curiosos, as profecias de videntes para o ano seguinte. Raramente conferimos o número de acertos das previsões feitas pelos mesmos adivinhos no ano anterior. Os leitores deveriam conferir os erros e acertos desta turma, e, de lambuja, fazer o mesmo consultando os artigos dos seus jornalistas prediletos. Foi o que fiz comigo mesmo.

Por curiosidade, fui ver o que eu pensava no fim de 2016. Num vídeo, eu contava vantagem sobre os números da economia que nosso site cravou na mosca. Acertamos, acertamos. Mas gravar um vídeo para dizer isso é meio tosco. É como se precisasse dizer ao leitor que somos mais importantes do que somos. Neste mesmo vídeo, tinha algo legal, que penso igual hoje: a condenação ao comportamento violento das pessoas que resolvem fazer justiça com as próprias mãos. Sou legalista, defensor dos direitos humanos e radicalmente democrata.

Fiz dois outros textos sobre “o prejuízo causado pelo histerismo político” e as razões que nos levaram a viver “numa era em que a truculência ganha cada vez mais espaço. Eu dizia: “ainda dá tempo de reagirmos”. O título era um panfleto: “Um basta ao discurso de ódio”.

A televisão brasileira esbanjou da prática abjeta de manipulação ideológica com propósitos inconfessáveis até nos mais baixos bordéis da cidade.

Em abril, tratei de um tema que pretendo tornar recorrente em 2018: preconceito racial. O título do artigo trazia a afirmação: “A publicidade e o showbiz discriminam os negros brasileiros”. É uma verdade, não é? No mesmo mês – e no seguinte -, fiz palestras pelo país para tratar do mal que fazem notícias falsas, as fake news. Dois textos abordaram o assunto: “Pós-Verdade: Este é o tema que os novos jornalistas querem discutir” e “Fake News: Como não cair na armadilha das notícias falsas da mídia”.

Quem acompanha o meu trabalho sabe que fico aflito com a falta de isenção jornalística. Para mim,  é uma praga que precisa ser combatida. Luto com todas as minhas forças contra ela. Por isso, não aceitei a perseguição sofrida por Mino Carta, um dos mais brilhantes jornalistas e empreendedores da imprensa brasileira e o descaso frequente com os veteranos. Em defesa de Mino, gravei um vídeo. E sobre o descaso com os cabelos brancos, publiquei: “A morte de Paulo Nogueira e o desrespeito aos jornalistas mais experientes”.

Eu considero manipulação do conteúdo jornalístico um crime que deveria ser punido severamente. Não o aceito por ser injusto com a vítima. Mesmo que ela recorra à Justiça, o eventual reparo nunca será proporcional aos prejuízos. A televisão brasileira esbanjou da prática abjeta de manipulação ideológica com propósitos inconfessáveis até nos mais baixos bordéis da cidade.

Em julho, alertei para ficarmos atentos ao modus operandi da Justiça no julgamento de Lula no TRF de Porto Alegre. Em caso de condenação do ex-presidente, eu dizia que “a Justiça tem a obrigação de ser convincente para que suas decisões sejam compreendidas e assimiladas. Caso contrário, teremos mais quatro anos de crise”. E olha que o petista nem se apresentava com a vantagem que tem hoje sobre seus adversários na corrida presidencial.

Nem por isso, passei a mão na cabeça dos corruptos. Basta ler “Não se deixe enganar pelos profissionais da política”. Ali não havia nada demais, porém um outro artigo não teve réplica e enfiava a faca nos verdadeiros donos do poder. Ele foi publicado em 26 de junho: “Quando os bancos brasileiros serão investigados pela Operação Lava Jato?”

E, por fim, neste mês de dezembro, tratei da hipocrisia da classe média brasileira que não aceita o sucesso alheio. “Anitta está no limite perigoso do sucesso inaceitável”. Pois bem, 2018 está chegando e agora é que a onça vai beber água. Andamos meio de lado em 2017, mas no novo ano eu prometo dieta na primeira segunda-feira. Tudo será diferente.

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