Sucessão presidencial: Luciano Huck não está fora do jogo como muitos pensam

Luciano Huck. Foto: Divulgação

Luciano Huck. Foto: Divulgação

A ansiedade dos políticos brasileiros secos por poder terá que ser contida até o dia 24 de janeiro, quando o destino do principal candidato, Lula, será decidido no TRF-4, em Porto Alegre. Mais uma vez os destinos do país passam por Lula.

Já dá para antecipar que a candidatura tucana de Geraldo Alckmin nasceu morta. O “picolé de chuchu” não tem carisma, seu nome não decola e o eleitor já percebeu as forças que ele representa. E isto é um problema “com” ou “sem Lula” na disputa. Alckmin é um peso que a cada dia tirará o sono da elite paulista.

De agora até o dia 6 de abril, será o período perfeito para as galinhas ciscarem e escolherem o local onde botarão seus ovos. Jair Bolsonaro com seus votos radicais de direita a cada dia mais fidelizados dirá por qual partido concorrerá à cadeira no Planalto. Henrique Meirelles terá que sair do ministério da Fazenda se realmente quiser se expor ao cargo executivo, seu sonho de sempre (mais dele do que de qualquer eleitor!). Lembre-se que, para isso, o ideal para ele é que os números da economia sejam incríveis nos próximos 3 meses. Tarefa de Hércules.

Ciro Gomes está com suas cartas na mesa há anos, mas não com baralho todo. Mais um de olho em Lula e nos togados. Marina Silva, a “santa”, age como Deminguise (uma espécie de macaco que fica invisível quando quer). No caso dela, a cada 3 anos e meio.

João Doria, Joaquim Barbosa e Luciano Huck estão aí como corujas de olho grande no que vai acontecer. Ou, se preferirem, de olho na estrada para ver se aparece um cavalo pronto para eles subirem. Você pode ter achado meio estranho a inclusão do nome de Luciano Huck novamente na lista de presidenciáveis. Mas não é, não.

Tá bom que em novembro do ano passado, Huck citando Odisseia, de Homero, tirou onda de estadista e desenhou uma explicação para ajudar o país de outro jeito: “O momento de total frustração com a classe política e com as opções que se apresentam no panorama sucessório levou o meu nome a um lugar central na discussão sobre a cadeira mais importante na condução do país. (…) Mas tenho hoje uma convicção ainda mais vívida e forte de que serei muito mais útil e potente para ajudar meu país e o nosso povo a se mover para um lugar mais digno, ocupando outras posições no front nacional”, disse Huck.

Para quem acreditou no animador de auditório pode soar “esquisito” o mesmo Luciano Huck ter pedido a Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, para manter o seu nome na cartela de consulta submetida aos eleitores avisados da lista atualizada de presidenciáveis.

Huck faz um “jogo duplo” típico de raposas da política que tanto mal fazem ao país, e não o da “transparência” que ajudaria a oxigenar os dutos entupidos da democracia.

Na última edição do seu programa, o “Caldeirão do Huck”, da Globo, exibido neste sábado (30), ele saiu-se com essa: “Eu queria falar uma coisa importante, inclusive para vocês [da equipe de produção do ‘Caldeirão’] e para quem está em casa: que eu gosto muito do que eu faço, que eu tenho muito prazer em fazer essa televisão [na qual] eu acredito. Que eu vou continuar fazendo televisão, vocês vão ter que me aguentar por muitos e muitos anos aqui na TV Globo”, discursou.

Já no ano passado, analistas experimentados alertavam  que enquanto os outros candidatos estavam sendo atacados e devorados, Huck se escondia numa pele de cordeiro. Pelo fato de Huck ter citado Homero no seu anúncio de “renúncia da disputa”, o jornalista Maicon Tenfen chegou a elaborar a ideia de que o que apresentador quer, de fato, é concorrer.  “O que mais deseja, assim que furar o olho de Polifemo, é chegar à praia — se possível sem ferimentos — e berrar para quem quiser ouvir:

— Como Ulisses, o rei de Ítaca, sou Luciano, o bom moço, e aceito a missão que o povo me confiou.

Anotem aí: teremos um presente de grego em 2018″.

A possibilidade da volta do projeto Huck está novamente posta. Mesmo que o apresentador tenha dito que oferecerá seu “banco de dados” para Joaquim Barbosa utilizá-lo na campanha, caso o juiz do Mensalão entre na corrida presidencial.

Acreditam os que apostam nesta “solução” que basta Lula ficar fora da disputa; o PSDB se convencer da “roubada” do projeto Alckmin; e João Doria optar pelo governo de São Paulo, que tudo estará pavimentado para Luciano Huck se assenhorar com o apoio da Globo, da sua popularidade e de sua “esperteza” ao fingir-se de morto, que tudo cairá no seu colo com extrema facilidade. Não é bem assim. Se for este, de fato, o movimento dele, veremos a destruição de uma reputação que não caberá em nenhum sábado da TV brasileira. Luciano verá que não terá valido a pena meter o nariz onde não foi chamado.

Mas quem decidirá isso será o eleitor. A ver.

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