Fernando Mac Dowell, um apaixonado por soluções para melhorar o transporte nas cidades

Fernando Mac Dowell. Foto: Reprodução

Quando conheci Fernando Mac Dowell, vice-prefeito do Rio de Janeiro, lá se vão mais de 30 anos, ele era um jovem professor, um engenheiro que falava fácil e tinha ideias criativas para melhorar o tráfego no Rio. Fui um dos primeiros a apostar nele durante a programação de entrevistas que fazia na Rádio Jornal do Brasil. Eram longos papos que rendiam boa audiência, e, logo depois que iam ao ar, as autoridades procuravam entender melhor como aplicar as propostas. Elas me ligavam pedindo mais detalhes.

Ele era vivaz e de raciocínio rápido, contrastava com o homem que os mais jovens conheceram nos últimos meses. Atualmente, ele se deslocava lentamente, falava baixo, tropeçava nas palavras como em busca da melhor ideia.

No nosso último encontro, notei que as suas mãos estavam mais trêmulas que das últimas vezes. Algo mais comum em pessoas acima dos 70 anos. O tempo foi desgastando-o, como a vida faz com todos nós. Mas sua dedicação à engenharia, paixão de sempre, estava ali, intocada naquele cérebro luminoso.

Mas sua maior reclamação era com o modelo de contrato firmado pelo poder público com as empresas de ônibus.

Nas conversas que tivemos, ele listou inúmeras obras, na sua visão, realizadas no Rio de maneira equivocada: viadutos, passarelas e reformas apressadas. Isto o incomodava. Ele era um homem de projetos, na essência da palavra. Obras previamente pensadas e calculadas.

Mas sua maior reclamação era com o modelo de contrato firmado pelo poder público com as empresas de ônibus. Ele me mostrou um documento técnico que desmontava argumentos defendidos pelos donos das empresas de ônibus, sempre tratados com cerimônia pelos governantes. Um segmento que oferece um serviço abaixo da crítica. Mac Dowell procurava ver o lado do usuário, mais do que os dos donos da bola.

Fernando Mac Dowell morreu neste domingo, 20, no Rio de Janeiro, sua maior paixão.