Sandro Salvatore. Foto: Acervo Pessoal

Sandro Salvatore Giallanza

Economista formado pela Faculdades Integradas Bennett, pós-graduado em Mercado em Derivativos e pós-graduado em Gestão em Projetos, pela Universidade Cândido Mendes. Escritor de publicações sobre Empreendedorismo, Gestão em Projetos, Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. Consultor do Sistema Sebrae, das 3 maiores entidades municipalistas brasileiras e de dezenas de prefeituras brasileiras.

Raio X da riqueza mundial

Moedas em cofre no formato da Terra. Foto: Reprodução da Internet

Moedas em cofre no formato da Terra. Foto: Reprodução da Internet

O empresário Li Ka Shing de 90 anos é a 23ª pessoa mais rica do mundo, com patrimônio estimado em US$ 37,7 bilhões. Sua diversificada carteira de investimentos está em pleno acordo com um conceito amplamente conhecido nos ditames da economia, diversificar os investimentos. Vai do setor de transporte a empresas fornecedoras de energia e serviços financeiros.

O bilionário é, no entanto, apenas a ponta de um iceberg de riqueza no território autônomo chinês: de acordo com a última edição do World Ultra Wealth Report, um censo anual publicado pela empresa de consultoria financeira Wealth X, Hong Kong é a segunda cidade com mais bilionários, perdendo apenas para Nova York. A potência asiática é o lar hoje de 93 bilionários, 21 a mais do que em 2016.

O censo também descobriu que metade das dez cidades com as maiores populações de bilionários está localizada em países em desenvolvimento, onde são registradas as maiores desigualdades sociais do mundo. São Paulo aparece em 13º lugar na lista e nosso país está posicionado também na 13 posição no mundo.

A ascensão dos “bilionários emergentes” também contribuiu significativamente para o aumento do número de superfortunas no planeta: o censo registrou um recorde de 2.754 indivíduos com fortunas de US$ 1 bilhão ou mais em 2017.

A riqueza total deles soma US$ 9,2 trilhões –mais do que os PIBs da Alemanha e do Japão juntos.

O crescimento da população de bilionários divide a opinião de especialistas em relação a seus efeitos sociais.

Uma parte destaca as questões éticas e morais desencadeadas pela ampliação das diferenças de renda, algo exemplificado pelos relatórios anuais da ONG Oxfam sobre pobreza e seus apelos por uma taxação e regulamentação maior para os super-ricos.

A outra parte enxerga os bilionários como agentes de mudança positiva. Pelo menos alguns deles.

Em 2016, a economista do Banco Mundial Caroline Freund defendeu essa visão no livro “Rich People, Poor Countries: The Rise of Emerging-Market Tycoons and Their Mega Firms” (Gente Rica, Países Pobres: A ascensão dos magnatas dos mercados emergentes e de suas megacorporações”, em tradução livre).

Há uma tendência de difamar e de identificar os ricos como aproveitadores e atribuir-lhes responsabilidades que em muitos casos são infundadas, esta diferenciação é latente, muitas riquezas foram formadas na especulação e outras com muito suor, luta e trabalho aliás a maior parte. Por isso eles não são iguais as características são diferenciadas.

As fortunas podem ser construídas de maneiras diferentes, então, seu impacto na sociedade dependerá muito do tipo de riqueza.

Forte argumentação de que os bilionários que fizeram fortuna por conta própria e são fundadores de empresas que não são baseadas em recursos nem em ativos estatais privatizados tendem a ser mais benéficos com seus “vizinhos”.

A revista americana de negócios Forbes diz que os bilionários estão espalhados agora por 72 países. A China, a Índia e Hong Kong (que, por seu status de território autônomo figura tanto na lista de cidades quanto na de países) registraram um crescimento de dois dígitos em seus números.

O clube de bilionários na Ásia saltou para 784 indivíduos, ultrapassando a população de bilionários americanos (727) pela primeira vez na história.

Na China continental, o 1% mais rico da população era dono de um terço da riqueza do país em 2016, de acordo com um estudo da Universidade de Pequim. Os 25% mais pobres, apenas 1%.

A África, continente que tem 19 países ocupando as 20 últimas posições do ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), conta atualmente com 44 bilionários –que, juntos, têm uma fortuna líquida estimada em US$ 93 bilhões.

Hipoteticamente, se esses indivíduos formassem uma nação, teriam o 8º maior PIB entre os 54 países da África. Sua renda per capita? “Meros” US$ 2,11 bilhões.

O PIB nominal médio per capita na África em 2017 foi de US$ 1.825, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Mas poucos lugares tiveram um aumento tão rápido no número de pessoas ultrarricas do que a Índia. Em meados dos anos 1990, apenas dois indianos figuravam na famosa lista dos mais ricos da Forbes. Em 2016, a Índia tinha 84 nomes.

Os dados mais recentes do Banco Mundial (2016) estimam que pelo menos 280 milhões de indianos vivem abaixo da linha da pobreza.

“A ascensão de uma classe de indivíduos extremamente ricos em países menos favorecidos pode ser ofensiva para aqueles que trabalham duro por uma recompensa menor. Mas o surgimento de pessoas ricas e empresas ricas em países pobres é um reflexo de uma economia saudável. Os ganhos de produtividade são a principal fonte de melhoria nos padrões de vida.

Uma análise do Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA, estimou que o crescimento de grandes empresas no setor de manufatura na China levou à triplicação do salário médio dos trabalhadores entre 2009 e 2013.

A pesquisa mostra que companhias fundadas por empreendedores em mercados emergentes empregam mais gente, uma média de 80 mil funcionários –significativamente mais do que empresas de bilionários que herdaram fortunas ou compraram ativos estatais.

“A ascensão de uma categoria super-rica de pessoas nesses mercados é natural e inevitável, mas pode ter efeitos positivos, incluindo a concorrência com empresas de países desenvolvidos.

A empresa de consultoria McKinsey prevê que em 2025 os mercados emergentes devem abrigar 45% das empresas da lista da Fortune 500 e 50% dos bilionários do mundo.

A Oxfam traz, no entanto, outros números para o debate. De acordo com especialistas da ONG, o aumento da desigualdade entre 1990-2010 evitou que centenas de milhões de pessoas em todo o mundo escapassem da pobreza extrema, apesar da impressionante redução da taxa global nesses 20 anos.

“Com muita frequência, o crescimento acelerado das economias emergentes potencializou os saldos bancários dos super-ricos, ao mesmo tempo em que ajudou pouco os mais pobres da sociedade. Em países como a Nigéria, que apresenta forte crescimento e gerou o homem mais rico da África, a pobreza absoluta aumentou “, diz Rebecca Gowland, chefe de Desigualdade da Oxfam, à BBC.

Em um estudo de 2015, os acadêmicos americanos Sutirtha Bagchi, da Universidade de Villanova, e Jan Svejnar, da Universidade de Columbia, argumentaram que o nível de desigualdade importava menos do que a razão pela qual a desigualdade existe.

Ao estudar dados de bilionários de 23 países no período de 1987-2002, os pesquisadores descobriram que quando eles obtêm sua fortuna por conta de conexões políticas, isso tende a criar um “efeito de arrasto” na economia –riqueza e poder concentrados nas mãos de poucos podem levar a uma influência mais forte na política do governo, em detrimento de interesses mais amplos.

Outra questão controversa na discussão sobre bilionários é a das superfortunas herdadas. Especialistas como o economista francês Thomas Piketty acreditam que elas são um obstáculo à mobilidade social, já que os ricos transmitem seu patrimônio aos filhos.

E enquanto o censo da Wealth X descobriu que a maioria das superfortunas do mundo poderia ser classificada como conquistada por conta própria em 2017 (56,8%), o percentual de riqueza puramente herdada aumentou 13,2%, acima dos 11,7% em 2016.

“Nesse sentido, é muito importante discutir a taxação, incluindo políticas para os ricos. Especialmente no caso de heranças. É importante encorajar o surgimento do empreendedorismo.

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