Nobres (?) casais

Imagem ilustrativa. Foto: Reprodução

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Não sou e nunca serei o dono da verdade (graças a Deus). Mas vou aproveitar que agora as pessoas falam TUDO o que pensam nas redes sociais sem pensar nas consequências e vou gastar um pouco do meu tempo pra fazer uns questionamentos. (Muito pensados, por sinal)

Neste ano, comecei a coordenar um projeto de mestre-sala e porta-bandeira. Sempre foi um sonho poder acompanhar e contribuir nem que seja um pouquinho pra história desses personagens tão importantes do Carnaval do Rio. E, nesse curto tempo, sabe o que tem sido mais difícil trabalhar? Condução? Não. Giros? Não. Cortejo? Um pouco, mas ainda não é isso.

O mais difícil de se trabalhar é o EGO. Simmm. Esse, sim, é o grande vilão dos casais. Não que EGO seja ruim. Muito pelo contrário. Faz parte da alma do artista. Mas o EGO sem propósito; descabido; esse sim… causa a ruína.

Sempre achei, vendo de fora, que essa classe era unida. Sempre achei lindo o encontro de pavilhões; o cruzar dos mastros; a troca de beijos entre agremiações. Mas hoje percebo que é um mundo de castas. Sim… CASTAS. Divididas em diversas categorias e que posso simplificar em 3: Os que querem ser bons e trabalham pra isso; os que se acham bons e baseiam sua trajetória na diminuição do outro; e os que são realmente bons.

Acredito que qualquer técnica pode ser ensinada. Uns pegam mais rápido; outros menos; mas TODOS com esforço e dedicação conseguem evoluir. MAS caráter… isso não se aprende. Não existe didática ou treino pra isso. Ou se tem ou não. Se é bom ou mau caráter, isso não se aprende na quadra de uma escola de samba. Se aprende em casa. Alguns são assim abertamente, espalhando opiniões preconceituosas; desmedidas; invejosas. Outros são velados (os piores), com sorrisos e homenagens pela frente… Mas, por trás… E num momento em que a cultura (porque não é só o Carnaval que sofre) está sendo massacrada pelo poder público, não seria o momento de União? O que se ganha com fofoca; escárnio e depreciação?

Qual casal nunca tomou um calote; que nunca ficou ansioso por uma roupa que não ficou a contento? Que não dançou em lugares insalubres por ordem da agremiação; que não teve seu cargo ameaçado ou perdido às vésperas de um Carnaval? Que já não adoeceu por conta dos ensaios da madrugada? Que teve que aproveitar roupa ou pedir emprestado por não ter condição de fazer uma nova? Que já desfilou com roupa larga demais ou apertada demais? Que não implorou por um novo pavilhão que nunca chegou? Então, amados, vocês são iguais. E, nas mazelas, isso se evidencia.

Que tal pensarmos um pouco mais nisso? Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, mas respeito é uma obrigação. Se não de sua índole, pelo menos do cargo que vocês ocupam.

Dedico esse texto a todos os casais com quem tive a honra de trabalhar; que ainda conseguem me fazer acreditar nessa nobre arte. Nesses nobres casais.

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