Hélio Rodrigues. Foto: Nicolas Renato Photography

Hélio Rodrigues

Jornalista, foi repórter de MMA do portal SRzd. Já cobriu diversos UFCs, além de importantes eventos do cenário nacional, como o Shooto e o Bitetti Combat.

Sonnen e Ortiz: a decadência de um falastrão e a boa forma de um aposentado

Chael Sonnen. Foto: Divulgação

Chael Sonnen. Foto: Divulgação

Chael Sonnen sempre foi inteligente. Ótimo promotor de lutas, o American Gangster nunca mediu as palavras para alfinetar os adversários e atiçar ainda mais os ânimos, dos rivais e do público. Ele sempre teve certa habilidade, sobretudo no wrestling, praia dele. Embora dedicado, Sonnen nunca foi além: pecava por ser fraquíssimo no jogo em pé e vulnerável quando o jogo do adversário contava com jiu jítsu básico. Notabilizou-se por sua participação no UFC, onde, além de treinador do reality show The Ultimate Fighter, venceu seis lutas (contra Dan Miller, Yushin Okami, Nate Marquardt, Brian Stann, Michael Bisping e Mauricio Shogun, respectivamente) e perdeu cinco (Demian Maia, Anderson Silva, duas vezes, Jon Jones e Rashd Evans), um aproveitamento de 54%.

Em 2016, Sonnen passou por um grave drama pessoal, quando perdeu a filha recém-nascida morreu devido a complicações causadas por uma bactéria. Entristecido e já decadente, ele pensou em abandonar a carreira.

Mudou de ideia, porém. E, após um convite do Bellator, aceitou o desafio para enfrentar Tito Ortiz, lutador icônico que havia sido campeão na entidade e nos áureos tempos de UFC.

Sonnen voltou a ser o personagem provocador, vendedor. Atacou o oponente com as tradicionais ofensas e atraiu a atenção do público para uma luta entre dois veteranos do ramo.

Um pouco fora de forma, Sonnen, de 39 anos, entrou com uma postura séria e concentrada, enquanto Ortiz, com 42, parecia o lutador do auge de carreira. Em tão pouco tempo, o duelo foi levado para o chão, por iniciativa de Sonnen, que não via maneiras de derrotar um striker nato. O tiro do Gângster Americano saiu pela culatra. Ortiz foi às costas de Sonnen, recém-graduado faixa roxa em jiu jítsu, e tentou aplicar um mata-leão. Não conseguiu, mas mesmo assim fez Sonnen – que não queria nem parecia poder se desgastar – bater.

Ortiz, como de costume, enterrou o falastrão – de quem eu ainda sou fã – ainda no cage. Sonnen, por outro lado, fez questão de confirmar com o próprio vencedor que o golpe sequer havia entrado e que em alguns poucos movimentos conseguiria a liberdade.

Fim de papo. Aposentadoria para Ortiz – um ícone histórico eternizado com a Calçada da Fama do UFC – e provavelmente para Sonnen – que mostra já estar há muito ultrapassado do MMA.

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