Um Sorriso de Selminha no Ninho da Portela

Selminha Sorriso na Portela / Divulgação

Linda, afável, doce, sorridente. Um colosso de porta-bandeira, rainha-mestra de seu ofício. Grife do segmento, a maravilhosa Selminha Sorriso, defensora do pavilhão da Beija-Flor, virou tema de uma linda exposição. O mais interessante: a honra lhe foi concedida na quadra de uma escola coirmã, a Portela. Um trabalho concebido por uma equipe de alunos de um curso de carnaval promovido pela própria escola em parceria com o CIETH (Centro Integrado de Estudos em Turismo e Hotelaria).

Selminha Sorriso na Portela / Divulgação

O Departamento Cultural da Portela só faz confirmar, numa iniciativa como esta, a seriedade e eficiência da gestão da escola. Só o fato de a quadra da Portela ter destinado um espaço exclusivo para ações desse tipo (exposições, instalações, debates, encontros), estabelecendo parcerias com outras instituições para difundir conhecinento do samba fora das quatro paredes do seu lugar, já acena para a consciência da diretoria da escola de que legados precisam ser preservados numa visão de extensão, além de seu próprio ninho.

Presidente portelense Luís Carlos Magalhães e Selminha Sorriso / Divulgação

Não se trata, aqui, de incensar gratuitamente a iniciativa da escola. Não é um apontamento parcial. Sabidamente as escolas de samba passam por uma crise institucional seríssima neste milênio: o samba perdeu espaço para o colonialismo cultural que, dia após dia, o tirou não apenas dos espaços midiáticos, mas até mesmo dos lugares de origem, como o morro e a favela. A vinheta dos sambas na emissora que patrocina a festa é um exemplo de como essa cultura foi subjugada e reduzida até por quem a compra pra divulgar!

Marlon Lamar, Selminha Sorriso e Lucinha Nobre / Divulgação

Promover o conhecimento, despertar a juventude para cursos ligados à fábrica e à memória das escolas de samba são iniciativas que cabem, de fato, a esses departamentos culturais. Que têm pouco ou nenhum recurso para tocarem seus trabalhos. Mas podem, como nessas iniciativas da Portela, abrir caminhos através de parcerias não necessariamente governamentais, mas com instituições parceiras, buscando a soma de recursos já existentes para a efetivação de projetos novos. O departamento cultural da Portela já anuncia, através de seu diretor Rogerio Rodrigues, uma nova exposição celebrando o campeonato de 2017, mas fazendo elos fundamentais com outras conquistas antigas da Majestade do Samba, mostrando que um presente vitorioso não está distanciado de um passado de glórias. É desse virtuoso encontro entre passado e presente que saem as melhores receitas para a consolidação dos pavilhões numa perspectiva futura.

Hélio Rainho e curadores da exposição / Divulgação

Chegar à quadra da Portela e ver uma exposição sobre Selminha Sorriso deveria ser entendido como um grito. Um grito pela essência das escolas de samba que sempre se chamaram “coirmãs” vivendo, de fato, a singeleza da unidade. Um grito em defesa de iniciativas que mobilizam gente de dentro e de fora das escolas de samba para perpetuarem legados que precisam ser postergados a gerações futuras. Um grito de resistência e esperança de que as escolas de samba, a exemplo dessa Portela que hoje vemos, podem estar abertas a iniciativas do poder público, mas dele independem para caminharem em direção a seus objetivos e às suas obrigações.

Acima de tudo – acima do grito – ali nessa exposição prevalece…um sorriso!

O doce sorriso da Selminha que, bailando a sorrir, trouxe para seu próprio nome a insígnia do samba em sintonia com a alegria de viver!

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