Dia do Passista: “Lugar de fala” e Texto de Índio da Mangueira

Passista Índio da Mangueira / Foto: arquivo pessoal

Ele é um de nossos mais longevos representantes da arte de ser passista. Há 48 anos a Mangueira o veste de verde-e-rosa como bandeira única de sua passagem. Quando passa, não se vê um menino veloz, saltitante, sambando com juventude na avenida. Vê-se um homem maduro, vivido, escolado no ofício de passista. Quem o conhece, sabe o lastro de experiência e virtude que acumulou em todos esses anos, inspirando gerações.

Hoje, dia 19 de janeiro, é o Dia do Passista.

Eu poderia escrever aqui, mais uma vez, algumas linhas sobre a grandeza e a nobreza dessa arte única, distinta, de um gênero de dança criado no Brasil, absolutamente nosso, com propriedades exclusivas e luz própria. Mas preferi ceder ao “lugar de fala” de um expoente como Indio da Mangueira. Em suas palavras há o registro de verdadeira emoção de quem, há quase um cinquentenário, defende e sofre, divulga e luta, samba e ama, promove e cultiva a grandeza do samba no pé dos passistas de escolas de samba!

Com vocês, as palavras mais que especiais de Índio da Mangueira sobre a arte do passista!

Salve o bamba, salve o samba, salve os passistas de escola de samba!!!

 

“Parabéns, Passistas” – Por Índio da Mangueira

Hoje é o dia do passista. “A arte existe porque só a vida não basta”. De onde vem tanta energia, cadência, malemolência dessa essência que vem do inconsciente nos meus, nos seus passos e contra passos. Um axé bem forte aos nossos ancestrais que nos permitem, através dos tempos, sentir o ecoar do batuque e expressar a Dança do Samba ao riscarmos o chão de poesias.

Continuarei reparando meu joelho e calos conquistados com o exercício do meu prazer de sambar. Não existe dor quando se ama; porque o sonho do passista é chegar à dispersão e encontrar fôlego para o cruzador ou fazer o pião; a minha marca registrada.

Parabéns, passistas, por cumprirem o seu papel com ou sem aplausos; pois, no auge da nossa evolução, jogamos fora nossas amarguras, nossas desilusões e problemas do dia-a-dia. O que seria de nós sem a nossa arte que envolve o Negro, o Branco e o Índio?

A nossa dança não tem cor de pele e a idade não importa.

“Quem samba uma vez, samba eternamente”.

 

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