Cheryl Berno. Foto: Acervo pessoal

Cheryl Berno

Advogada, Consultora, Palestrante e Professora. Especialista em direito empresarial, tributário, compliance e Sistema S. Sócia da Berno Sociedade de Advocacia. Mestre em Direito Econômico e Social pela PUCPR, Pós-Graduada em Direito Tributário e Processual Tributário e em Direito Comunitário e do Mercosul, Professora de Pós-Graduação em Direito e Negócios da FGV e da A Vez do Mestre Cândido Mendes. Conselheira da Associação Comercial do Estado do Rio de Janeiro.

Então quase 50

Nenhum aniversário preocupou, até hoje. Mas, como disse a médica, na lata: “vai ter muita coisa que você nunca teve”. Vale também para o bem. A experiência nos dá mais paz, mais compreensão, sobre os fatos e as pessoas. É mesmo um tempo de reflexão, este meio século. É de se pensar na vida toda que já foi e o que ainda se quer viver. Mais maduros e mais conscientes de que felicidade é um momento, como dizia Al Paccino, no clássico filme Perfume de Mulher: “em um momento se vive uma vida”. É hora de realizar os sonhos, de renovar os planos e de curtir mais a vida. É claro que vai depender muito do que você já fez, mas de qualquer forma esta virada vai mexer com você. Acho muito legal aquelas pessoas que dizem que não se arrependeram de nada. Eu me arrependi: deveria ter passado mais protetor solar, comido menos besteiras e feito mais exercícios, deveria ter curtido mais, a vida real, nestes tempos de tudo virtual é bom explicar. Ah, esta tecnologia também pesa. As crianças pegam os celulares e saem fazendo de tudo e a gente se bate às vezes para fazer o básico. Certa vez um destes motivadores pessoais ao ser perguntando de que época ele era respondeu: “sou do aqui e agora”. Verdade o meu tempo é este, mas tem sim um tempo que já se foi e deixa saudades, das emoções, dos que já se foram, dos amigos que nem vemos mais. O Facebook, o Instagran e outras redes sociais permitem muitas lembranças, mas é claro que viver a vida real, ter relações humanas, é bem mais divertido, e a gente espera que os nossos filhos tenham esta oportunidade, de viver mais a vida real que a virtual. Porque quando começa a chegar os 50 a gente sabe que não são os “posts” na rede social que ficam na lembrança, mas o que se viu e viveu, ao vivo e a cores. Pintei o rosto de preto e fui para a rua pelo fim da corrupção para tirar o Collor da Presidência e ele voltou senador da República, pelo voto do povo, quem diria? História que nossos filhos vão aprender contatada nos livros, fomos testemunhas, o que é bem diferente.  Vi o fim dos governos militares que a tudo calavam, vi a democracia nascer no Brasil e ela é bem jovem, 30 anos apenas, assim como eu ainda me sinto. Meu corpo pode não saber, mas a minha mente ainda pensa e luta como a de uma jovem. Aliás, ter filhos é algo que renova, e eu os tive. Filho é algo divino, faz parte do ciclo da vida. É um capítulo à parte. Uns pequenos que vão nos permitindo viver de novo sob outros pontos de vista. Eles nos mostram o mundo de uma outra forma e a gente se renova, queira ou não, até porque vai tem que chutar bola, correr, nem que seja para levar para o banho. Mas, são tão valiosos que você só pode se arrepender de não ter tido mais e antes. Um conselho: não deixe para ter filhos muito tarde. É, porque a gente sabe que não vai ficar para semente, mas quer deixar sementes. Essa é uma etapa da vida que liga um alerta que a existência tem limites e acaba sendo um novo desafio. Muitas mudanças, mas de um jeito diferente, mais sereno, mais confiante de que o tempo passa mesmo, assim é bom aproveitar cada fase e o “agora” mais do que nunca. Gosto de lembrar do saudoso Mario Lago: “Fiz um acordo com o tempo, nem ele me persegue e nem eu fujo dele, qualquer dia a gente se encontra e dessa forma, vou vivendo intensamente cada momento”. Assim, que venham os 50, 60, 70, 80, mas com muita saúde, por favor, que se tem uma coisa que nessa fase a gente aprendeu a dar valor é à saúde. Então vamos brindar: à nova idade, sempre nova!

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