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A arte da dança desde o ventre

Ednei Mariano traz novo texto em sua coluna no portal SRzd.

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A arte da dança desde o ventre

Uma bela negra em gestação de seu quinto filho.

Maria, amante de boa música, frequentadora assídua dos salões, parceira do baiano Pedro Pedreiro. Juntos rodopiavam madrugada a dentro ao som das orquestras. Dentro da bolsa, o negrinho ia no embalo, sentido toda a vibração do casal dançante.

O pequeno cresce sob influência de vários ritmos, do bolero ao samba. Quando as pernas já não aguentavam mais os passos, lá estava Maria em companhia, se mexendo do tronco para cima no salão inundado de melodia. Agosto chegou e na segunda semana mais um leonino respirava o ar da Sampa.

Chegou magrinho que nem o experiente Pedro queria carregar, chegou cheio de marra pois nem o peito queria e, aos dois meses, já tomava água de arroz e fubá com leite em pó, mas ao escutar qualquer som, os olhinhos do pequeno incendiavam e os gambitos faziam malabarismo no ar.

Menino, cresce no meio de variados ritmos. Onde havia dança, lá estava ele. Foi acrescentando conhecimentos e aos 12 anos estava atrás do velho tio sambista, correndo e brincando nos Cordões em ensaios e nos dias de Carnaval. Mãe Maria ainda deu a luz a outros três. Mas não tinha mais tanta disposição para a dança. O casal via no garoto toda energia deles no campo musical.

A juventude foi de festinhas, equipe de bailes, equipe de dança, muito famosa nos anos 70, mas o samba sempre foi sua grande paixão.

Passista da escola que antes fora Cordão, mestre-sala na agremiação recém-formada pelo tio. Foi buscar aprendizado com o grande Delegado, na Estação Primeira de Mangueira. Subia o morro como um carioca nato e com a manha do bom malandro. O tempo o fez destacado na arte em terras tupiniquins.

Construiu família, cresceu, e a dança em suas veias. Junto de amigos escreveu sambas, fez pesquisas, montou musical, brincou de carnavalesco, mas a dança sempre lá.

Nos dias de Carnaval era com suas damas que se sentia feliz, protegendo o pavilhão, riscando e enchendo o chão de poesia.

Assim foi a vida inteira dedicada para esta arte. Hoje caminha tranquilo e na lembrança traz os doces momentos que a dança lhe deu. Com a doce lembrança da negra Maria e do Pedro Pedreiro, suas inspirações por tudo que conseguiu realizar, porque nasceu com a dança e a dança fez este homem feliz.

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