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Documento Carlos Alberto Tobias, o comandante – parte 1

Trevo. Foto: Reprodução

Odirley Isidoro publica mais um texto em sua coluna no portal SRzd.

Natural de São Paulo, nasceu no bairro do Parque Peruche, na Zona Norte da cidade. Poeta, escritor, pesquisador e sambista. Ao longo de sua trajetória, foi ritmista das escolas de samba Unidos do Peruche e Morro da Casa Verde, além de ser um dos fundadores da Acadêmicos de São Paulo.

As publicações são semanais, sempre às terças-feiras, na página principal da editoria do Carnaval de São Paulo. Leia, comente e compartilhe!

Documento Carlos Alberto Tobias, o comandante – parte 1

“… Raiou, o astro rei, saber não sei o que será o dia novo…”
(Camisa Verde e Branco, 1980)

A voz de Ataíde rompia a madrugada cantarolando mais um samba de Ideval Anselmo e eu observava da janela o brilho das estrelas.

Entre cada estrela eu via refletir a imensidão de baluartes que nosso Carnaval possuía, e tinha a sensação de que muitas histórias ainda poderiam ser contatadas.

Carlos Alberto Tobias, o comandante

Como João Cândido, o nosso “Almirante Negro”, Carlos Alberto Tobias, ou simplesmente comandante Tobias, era filho de seo Inocêncio Tobias e de Cacilda Costa, mais conhecida como Dona Sinhá.

Não libertou seu povo das batalhas.

Mas após a perda de seu pai, herda e lidera um dos pavilhões mais pesados da cidade de São Paulo. Pesado não pelo fardo, mas pela quantidade de conquistas e importância definitiva para a cultura popular.

O ano é 1980, e a entidade acumulava, entre o período de cordão e escola de samba, oito títulos.

Ele que fora criado entre bambas, tem a responsabilidade de levar em frente um enorme legado. Nessa jornada, recebe o fiel apoio de Dona Sinhá e de sua esposa, Magali dos Santos. Ali, a chance de navegar no infinito mar da folia e defender o último campeonato conquistado pelas mãos do pai.

Ele assume o “Trevo da Barra Funda” e escreve novas, e não menos gloriosas páginas no livro verde e branco.

“… Ôôôô, amor sublime amor. Ôôôô, é obra do criador…”
(Camisa Verde e Branco, 1981)

Fernando Bom Cabelo fora um dos compositores deste samba, ao lado de Diguê. Ele conviveu um certo período na Barra Funda, e relatou:

“Conheci o Tobias na época dos bailes. Ele sempre ao lado de Hélio Bagunça, Jorginho Guerreiro e do Zelão. Ele era doido! Porém, após a morte do seo Inocêncio Mulata ele assumiu a escola com o objetivo de fazê-la novamente campeã, e não media esforços. Para alguns, ele não tinha escrúpulos, mas para mim ele e Walter Guariglio foram verdadeiros guerreiros na defesa de seus pavilhões”.

“… Ele é capitão, ele é general, poderia ser tantas coisas dentro da vida real…”
(Camisa Verde e Branco, 1982)

Logo, refleti sobre a dimensão da liderança do “comandante” a frente de sua escola.

Fui conversar, então, com o radialista Moisés da Rocha. Ele recordou a importância do “Tuba” para o Carnaval:

“Ele formou um time fantástico. Formamos várias parcerias em favor, não só do Carnaval, mas também dos grupos de samba, o São Paulo Chic, a Rua do Samba”, relembra; “Foi uma troca de conhecimento e aprendizado”.

Um homem que se formou entre as poeiras das peles dos surdos e nas reuniões dos Cordões, despertava a habilidade de administrador de uma agremiação, sempre lutando pela sua comunidade.

“… Xângo virou terra, Iansã foi com ele morar…”
(Camisa Verde e Branco, 1984)

E como todo grande navegador, é preciso um porto seguro para se ancorar. Ele tinha esse conforto nos braços de sua esposa, Magali, que confidenciou impressões da personalidade de Tobias.

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Personalidade Forte, posicionamento firme e mentalidade administrativa. Tentar mapear Carlos Alberto Tobias é impossível, tentar entender a sua visão é um detalhe.

Nos encontramos no próximo Capítulo!

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