Vasco, 120 anos: Parabéns?

Vasco. Foto: Divulgação

Agosto é o mês de aniversário do Club de Regatas Vasco da Gama, fundado por 62 desportistas às 14h30m de um domingo, 21 de agosto de 1898, na região da Gamboa, próximo ao Centro do Rio. Outrora vitorioso no futebol, remo, basquete, futsal, esportes aquáticos, beach soccer, modalidades paralímpicas e outros esportes, além de respeitado por ter enfrentado o racismo e os preconceitos sociais que prevaleciam no esporte nacional nas primeiras décadas do século 20, o clube está bem perto dos 120 anos. Normalmente estaria de parabéns. Mas como cumprimentar a agremiação, seus torcedores e sócios, levando em conta sua atual situação?

E, antes que acusem esta coluna de ser anti-Vasco, seu autor – embora respeite todos os clubes, por ser jornalista esportivo – é vascaíno, filho e neto de vascaínos, por partes materna e paterna. Mas, como dar parabéns a esta associação, diante do quadro abaixo?

*Três vezes rebaixado para a Série B do Brasileirão, desde 2008;

*Sem título nacional desde a Copa do Brasil-2011;

*Sem título de nível sul-americano desde a Mercosul-2000;

*Em crise política e moral desde 2001;

*Vitima de sucessivas diretorias incompetentes desde 2001;

*Vem perdendo o protagonismo no futebol brasileiro e carioca há 18 anos;

*Sem patrocinador master;

*Com dividas altas que é incapaz de pagar;

*Deixou de ser um dos cino clubes que recebiam as maiores cotas de TV;

*Vive do adiantamento de cotas da própria TV, o que lhe tira a capacidade de negociar melhores contratos televisivos;

*Detém o menor percentual de torcedores entre crianças e jovens no Rio;

* Sua torcida não vem tendo renovação;

*Torcida humilhada, acostumada a perder e que dá gracas a Deus quando o time empata ou perde de pouco para um adversário forte;

*Contrata jogadores que são, na maioria, refugos de times nacionais e do exterior;

*Quadro social teve sua vontade violentada e desrespeitada na última eleição;

*Não está sendo destruído pelos adversários externos. Mas pelas brigas internas entre os líderes de seus poderes administrativos e facções de torcida;

*Seu estatuto parece ter sido redigido no século 19;

*Tradicionalmente tem péssimo relacionamento com a imprensa e não tem criatividade nem ousadia no marketing;

*Contenta-se com migalhas, como títulos ou vices em Estaduais, Taça Guanabara e Taça Rio;

*Não conta com grandes ídolos no futebol nem em outros esportes;

*Vende suas revelações para equipes médias da Europa, e a preços abaixo do mercado;

*Atrasa salários frequentemente;

*Não tem competência para divulgar sua história realmente popular e de lutas contra preconceitos raciais e sociais no começo do século passado

*Não dispõe de um museu moderno, com orientadores poliglotas treinados para receber os visitantes, nem com sistema interativo de pesquisa;

*Tem um estádio próprio, construído exclusivamente por seus sócios e torcedores – sem um centavo do governo – em 1926 para 1927. Mas, passados 91 anos, não aceita a ideia de reformar e modernizar São Januário, demolindo parte dele, mantendo apenas a fachada em estilo colonial português. Ao invés disso, tenta fazer adaptações e puxadinhos;

*O antigo gigante é hoje um ex-grande;

*O apequenamento vascaíno é péssimo para todo esporte nacional;

*O clube se recusa terminantemente a entrar no Século 21, como se fosse possível fazer o tempo parar no começo do século passado.

*Parabéns por quê?