Ozzy dá um ‘adeus provisório’ ao Rio de Janeiro em show excelente

Nem ele sabe se acabou. Apesar da turnê levar o nome de “No More Tours 2”, o príncipe das trevas diz que ainda vai fazer shows, mas longas jornadas, não mais. Vale lembrar que ele já disse isso algumas vezes. Por via das dúvidas, o povo praticamente lotou a Jeunesse Arena na noite desse domingo (20) para dar um adeus, mesmo que fake, ao velhote.

Pontualmente às 20:30h, ao som de “O Fortuna” – tema de Carl Orff para Carmina Burana – o telão começou a mostrar imagens de várias fases do cantor. Três minutos depois, surgem a banda de apoio, Ozzy e a introdução de “Bark at the Moon”, sucesso da época em que o britânico deu às caras pela primeira vez por aqui, no Rock in Rio original. Som alto, pesado e vigoroso, sustentado pela cozinha de Tommy Clufetos (bateria) e Rob “Blasko” Nicholson (baixo) e adornado pelas guitarras do monstruoso Zakk Wylde – de volta ao colo do titio Ozzy – e pelos teclados do filho de Rick, Adam Wakeman.

Apesar dos 69 anos e de todas as sequelas impostas por uma vida pra lá de desregrada, Ozzy estava animadão! Caricato como de costume, caminhou pelo palco com aquele andar peculiar, bateu palmas quando conseguia acertar as mãos e disparou uma série de “I love you all!”. Durante “Suicide Solution”, Ozzy jogou um balde cheio d’água na rapaziada que ocupava a frente da pista vip, inutilizando uma penca de celulares daqueles incautos que passam o show inteiro com as mãos pra cima atrapalhando a visão de quem está atrás, somente pelo prazer de fazer filmagens horrorosas que não servem pra nada. Sim, tô velho.

O visual do palco era composto essencialmente pelas caixas de Zakk Wylde e Rob Nicholson – que ganharam um contorno de led e participavam da iluminação em alguns momentos – e por uma enorme cruz suspensa, que ora servia para projeções, ora apenas dividia em dois o gigantesco telão de fundo inteiro.

O set list foi praticamente o mesmo das outras apresentações da turnê. A única variação foi “Flying High Again”, que às vezes rola, outras não. Ontem foi dia de não. De resto, seus grandes clássicos como “Mr. Crowley”, “No More Tears” e alguns hinos do Sabbath. Ao fim de um deles, “War Pigs”, Wylde desce pra galera e executa um solo interminável, emendado por um medley instrumental com riffs de “Miracle Man”, “Crazy Babies”, “Desire” e “Perry Mason” e por outro solo, agora do presepeiro porém competente Clufetos. Tempo o suficiente pro cantor respirar no camarim. No retorno, apenas a reta final do show com “Shot in the Dark”, “I Don’t Want to Change the World” e “Crazy Train”. Quando caminhava para sair do palco, Ozzy dá uma trava e resolve quebrar o protocolo. Olha pro povo e puxa ele mesmo um coro de “one more song, one more song”, encurtando o processo de saída e retorno para o bis. “Mama, I’m Coming Home” e “Paranoid” fecham exatos 90 minutos de um show sem a menor pinta de despedida. O público diz adeus, finge que acredita, e promete voltar no próximo.

Setlist

  • Bark at the Moon
  • Mr. Crowley
  • I Don’t Know
  • Fairies Wear Boots
  • Suicide Solution
  • No More Tears
  • Road to Nowhere
  • War Pigs
  • Miracle Man/Crazy Babies/Desire/Perry Mason
  • Shot in the Dark
  • I Don’t Want to Change the World
  • Crazy Train

Bis

  • Mama, I’m Coming Home
  • Paranoid

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