‘Vermelho Russo’: Fluidez e frescor narrativo

Vermelho Russo. Foto: Divulgação

Vermelho Russo. Foto: Divulgação

Em março de 2009, a atriz e escritora Martha Nowill publicou na revista Piauí trechos do diário da viagem que ela empreendeu até Moscou, onde foi estudar interpretação teatral. O diário virou roteiro de cinema escrito por ela mesma (em parceria com Charly Braun), que por sua vez virou o longa-metragem “Vermelho Russo”, dirigido por Braun (o mesmo de “Além da Estrada”). Para viver no filme o papel principal de Martha Nowill, ninguém melhor que… Martha Nowill.

Esta interação entre realidade e invenção faz de “Vermelho Russo” uma bem-vinda mistura de documentário e ficção. O que de fato teria acontecido e o que foi inventado nesta trama sobre duas grandes amigas atrizes (a própria Marta e Manu, interpretada por Maria Manoella) que vão até o outro lado do mundo para fazer um curso sobre o método Stanislavski de atuação? Não importa. A proposta do filme não é a investigação desta suposta verdade, mas sim criar uma envolvente situação entre estas amigas que, distanciadas de suas zonas de conforto, exorcizarão seus medos, inseguranças, ódios, ciúmes e amores até então sufocados.

Funciona bem o recurso de roteiro de criar um paralelo entre o mundo real das protagonistas e a ficção representada pelas personagens da peça que ambas ensaiam durante o curso. Mesmo sendo um recurso distante da novidade (presente em “Carmen” de Saura ou no recente “Variações de Casanova”, só para citar dois exemplos), tal intersecção vida/palco se mostra eficiente no universo teatral proposto pelo filme.

Porém, o que mais chama a atenção em “Vermelho Russo” é sua fluidez, fruto de atuações das mais convincentes e espontâneas que resgatam um frescor perdido em algum lugar na história do cinema onde a técnica passou a sobrepujar o sentimento.

Coproduzido por Brasil e Rússia, “Vermelho Russo” venceu o prêmio de Melhor Roteiro no Festival do Rio, e estreou em circuito nesta quinta, 27 de abril.

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