‘Além da Ilusão’, aquém da ideia

Além da Ilusão. Foto: Divulgação

Ilusões. Sonhos. Acreditar apenas naquilo em que se quer acreditar é a grande força propulsora do cinema. E da eterna aspiração humana de se comunicar com os mortos. Quando ambos os mundos se encontram – o dos filmes e o dos espíritos – o resultado resvala inevitavelmente no místico e no mágico e – por que não? – no engodo. Enxergar o que não se vê é a base do pensamento espiritual. E cinematográfico.

Com direção de Rebecca Zlotowski (a mesma de “Grand Central”) e roteiro dela própria e Robin Campillo (de “Entre os Muros da Escola”), “Além da Ilusão” busca a intersecção destes universos através de André (Emmanuel Salinger), cineasta francês que fica obcecado em filmar aparições espirituais, após participar de uma sessão espírita realizada por duas irmãs norte-americanas: Laura (Natalie Portman) e Kate (Lily-Rose Depp, filha de Vanessa Paradis e Johnny Depp).

A ambientação na Paris dos anos 1930 e a produção caprichada contribuem bastante para dar ao filme um clima de luxo e sofisticação, mas o roteiro desconjuntado emperra a fluidez do que poderia ter sido uma ideia no mínimo intrigante. A diretora opta por um estranhamento que acaba provocando mais desinteresse pelos personagens que propriamente a curiosidade e o suspense que o tema poderia oferecer.

A estreia é nesta quinta, 27 de abril.