Viva o samba de Juiz de Fora!

(Foto: Cezira Toschi/ Arquivo Pessoal)

“Juiz de Fora é assim, quem não conhece venha ver”, diz um samba de Armando Aguiar, o querido Mamão, e parceiros. A cidade mineira, localizada a 160 km do Rio de Janeiro e a 250 km de Belo Horizonte, distâncias reveladoras de seu perfil, já foi descrita pelo poeta Murilo Mendes como um trecho de terra cercado de pianos por todos os lados.

Ao pesquisar a história de Juiz de Fora, especialmente no tempo da virada do século XIX para o XX e suas décadas iniciais, pude verificar a importância que o carnaval assumiu na paisagem e na sensibilidade da cidade. Assim, peço licença a Murilo Mendes e acrescento tambores e pandeiros aos pianos que cercavam Juiz de Fora naquele tempo. Instrumentos que continuam ecoando com persistência.

São fartas as notícias e notas publicadas em um dos principais jornais de Juiz de Fora, O Pharol, que me permitem afirmar a relevância da festa momesca para a cidade, cunhada por Manuel Bandeira como o primeiro sorriso de Minas. Um sorriso mestiço de várias etnias que marcam lindamente seu povo.

O carnaval foi tomando as ruas de Juiz de Fora com as brincadeiras do entrudo, com a presença dos Zé Pereira, com os desfiles das Grandes Sociedades, dos Ranchos, dos Blocos, dos Cordões e das Escolas de Samba.

Em 1934, a partir do bloco Feito com Má Vontade, amigos e integrantes da família Toschi, de origem italiana, fundaram a Turunas do Riachuelo, primeira escola de samba de Minas Gerais, uma das mais antigas do país, em plena atividade. Destacaram-se nesta época os irmãos Toschi, Alfredo e Armando, este último conhecido como Ministrinho que se tornou um dos principais sambistas de Juiz de Fora.

Vídeo – Assista Ministrinho, ao cavaco, interpretando “Sorri”, samba de seu irmão Alfredo Toschi, composto em 1938 e considerado o primeiro samba cantado por uma agremiação carnavalesca em Juiz de Fora. Na voz principal está Luizinho, seu fiel escudeiro durante décadas. Ao violão, Roberto Barroso:

 

Em 2014, quando completaria 100 anos de idade, Ministrinho, falecido em 1996, foi homenageado por artistas e pelo poder público municipal. Ganhou praça em seu nome, canções, exposição e um belo documentário, dirigido por Marcos Pimentel.

 

Vídeo – Assista o teaser de Ministrinho Voou, documentário dirigido por Marcos Pimentel:

 

Hoje, três anos depois, Ministrinho continua emanando suas vibrações e move sambistas de Juiz de Fora a fazerem do seu aniversário época de reflexão e vivência do samba, do carnaval. É o caso de Márcio Gomes, pesquisador e sambista, capitão das homenagens a Ministrinho, mentor das atividades que teremos esta semana na cidade.

Em parceria com o SESC – Juiz de Fora, Márcio Gomes semeou quatro eventos. O primeiro deles ocorrerá na quinta-feira, dia 4, às 19 horas, na sede do SESC-JF, uma roda de conversa sobre o carnaval da cidade. O objetivo é promover a análise sobre o passado da festa que tomou conta de ruas, praças, salões e avenidas. E incrementar a boa discussão sobre seu presente e seu futuro, em especial, sobre o desfile das escolas de samba juiz-foranas.

O segundo evento, o show “O samba de Juiz de Fora e seus compositores”, acontecerá na sexta-feira, dia 5, às 19 horas, também na sede do SESC-JF. Será um rico passeio musical pela história do samba da cidade e seus principais personagens.

Inaugurada na última quarta-feira, no SESC-JF, o terceiro evento é a exposição “Ministrinho e o samba de Juiz de Fora”. Uma reunião de fotos, recortes de jornais e outras fontes sobre o samba da cidade e um de seus principais expoentes, Armando Toschi, o Ministrinho.

 

Vídeo: Ouça “Cem Anos de um Menestrel”, de autoria de Carlos Fernando Cunha, Jansen Narciso e Fabrício Nogueira. Música do 4º Concurso de Marchinhas Carnavalescas de Juiz de Fora, Prêmio Armando Toschi Ministrinho, realizado em 14 de fevereiro de 2014:

 

E para finalizar bem a semana, ou melhor, para iniciar a próxima, no domingo, dia 7, a partir do meio-dia, vários sambistas de Juiz de Fora farão uma grande roda de samba na Praça Ministrinho (Bairro Jardim Glória), o Samba do Ministro, evento que vem se tornando uma tradição na cidade e que possui uma regra fundamental, qual seja, a exclusividade de seu repertório ser composto por sambas produzidos em Juiz de Fora.

Vídeo: Ouça “Nosso ídolo”, de Ministrinho e e Biné, interpretado por Coração no Samba do Ministro realizado em 2014:

 

 

Serviço (Todos os eventos são gratuitos):

– Dia 4/5 – Quinta-Feira – 19 horas – Roda de conversa no SESC – Vamos conversar sobre o carnaval de Juiz de Fora? – Com Márcio Gomes, Roger Resende, Carlos Henrique Araújo, Carlos Fernando Cunha e Cadija Costa – Teatro Clara Nunes (SESC – Av. Rio Branco, 3090).

– Dia 5/5 – Sexta-Feira – 19 horas – Sesc no Tom – Show O samba de Juiz de Fora e seus compositores – Com Roger Resende, Coração, Carlos Fernando Cunha e banda – Teatro Clara Nunes (SESC – Av. Rio Branco, 3090).

– Dia 7/05 – Domingo – 12 horas – Samba do Ministro – Roda de samba com sambistas de Juiz de Fora em homenagem aos 103 anos de Ministrinho – Praça Ministrinho – Jardim Glória.

– Até 31/5 – Exposição “Ministrinho e o samba de Juiz de Fora” – (SESC – Av. Rio Branco, 3090).

 

Venham todos! Venham comigo!

Axé!

Ô sorte!

 

Facebook: @carlosfernandocunhajf

Twitter: @CarlosFCunha

Instagram: carlosfernandocunha

Site: www.carlosfernandocunha.com.br

 

Comentários

 




    gl