Meu espanto com as notas de samba-enredo

Questionar as notas dos jurados logo em seguida à abertura dos envelopes na apuração dos desfiles de escola de samba é algo recorrente. Torcedores e crítica especializada batem com firmeza naquilo que julgam como equívocos. Lembram de 2014, quando no grupo da Série A, o samba “Os sertões”, um dos nossos clássicos, reeditado pela Em Cima da Hora, levou somente uma nota 10?

Os exemplos são muitos e 2017 não é diferente. Um desfile conturbado com acidentes e tristes acontecimentos traz também a inconformidade com certas notas dos julgadores, como no caso do quesito samba-enredo, objeto deste texto. Ainda não temos as justificativas que explicam a retirada de pontos nos sambas que perderam a nota 10, mas uma análise inicial já pode ser realizada, especialmente se adotarmos o critério comparativo entre os sambas e os números dados pelos jurados.

No geral, somente a Mangueira recebeu nota máxima em samba-enredo, ou seja, quatro notas 10. Um excelente samba o da Estação Primeira, mas particularmente considero que outros sambas mereciam a mesma avaliação: Vila Isabel, Beija-Flor de Nilópolis, União da Ilha, Mocidade e Portela.

Se levarmos em consideração os descartes das menores notas, as seguintes escolas somaram trinta pontos: Grande Rio, Vila Isabel, Mocidade, Portela e Mangueira. Ao meu ver, tem uma estranha neste ninho, a Grande Rio. A escola possuía um samba correto, mas simples em sua construção poética e melódica. Seu desempenho com três notas dez e um 9,8 é motivo de estranhamento, especialmente se o comparamos com outros sambas do grupo e suas notas.

Também não posso concordar com as notas dadas a dois excelentes sambas, Beija-Flor e União da Ilha do Governador. O samba da Beija-Flor é um primor, ganhador de prêmios da crítica, letra muito bem construída e melodia belíssima. O samba da Ilha, outro exemplo de excelente letra e melodia. Pois dois jurados deram 9,9 para a escola de Nilópolis e, no caso da Ilha, o samba recebeu somente um 10 e três 9,8 .

Vamos aguardar as justificativas para tecer comentários com base mais sólida. No entanto, ainda no calor da festa, ficam registrados meu espanto e minha discordância com algumas das avaliações realizadas pelo corpo de jurados.

Parabéns à Portela! Um título incontestável.

Ô sorte!
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