Bruno Moraes. Foto: Acervo pessoal

Bruno Moraes

Comentarista de bateria do SRzd e diretor do Troféu Bateria. Facebook: Bruno Moraes

Carnaval de São Paulo na frente do Rio, por Bruno Moraes

Desfile 2018 da Acadêmicos do Tatuapé. Foto: SRzd – Wadson Ferreira

Quando falamos de bateria das escolas de samba, hoje já é possível afirmar que lá em São Paulo tudo está melhor do que aqui no Rio. Organização, estrutura, técnica, salários, profissionalismo, transparência. No Rio, o que fazem as baterias e o Carnaval resistirem é a tradição e a magia que ainda existe por aqui, porém, nos outros quesitos, em São Paulo a figura muda.

Enquanto no Rio nem ensaio técnico tivemos por questão de verba, em São Paulo, cada escola realiza três ensaios técnicos e são feitos com o som oficial utilizado no dia do desfile, com microfonação dos instrumentos, equalização já predefinida para os cantores e cordas, e que serão utilizadas no dia do desfile oficial. Com isso o trabalho fica muito mais profissional, e os erros vistos no som da Avenida aqui no Rio não acontecem por lá. A intocável Gabisom (empresa de som do Carnaval do RJ) perde feio para a sonorização de São Paulo. A Liga consegue ônibus para todas as escolas trazerem seus componentes para ensaios e ainda transmite com qualidade pela internet todos os ensaios técnicos.

Outro ponto muito distante é o julgamento das baterias, pois a Liga SP disponibiliza um gravador para cada julgador gravar a passagem das baterias, ficando assim mais claro a justificativa do erro, justificativa essa que sai na semana seguinte ao Carnaval. Já aqui no Rio, sai quase um mês depois. Cada julgador possui um terraço para que possa andar e tirar melhores conclusões sobre o que está sendo julgado e no box de bateria existe um julgador analisando ali todo aquele tempo parado.

Na semana que circulou no whatsapp áudios ao vivo do desfile do Rio de Janeiro feito por uma rádio, cerca de 7 minutos para cada escola, sem qualidade e extraoficial, a Liga SP divulga em seu site todos os áudios completos com mais de 1 hora, gravados diretamente da mesa de som e com qualidade absurda.

Grande diferença também encontramos na estrutura de concentração para cada bateria, no dia de desfile aqui no Rio o caminhão com os instrumentos precisa dar seu jeito para conseguir ficar perto da concentração, já em São Paulo, existem umas “baias” dentro da concentração onde ficam todos os instrumentos de todas as escolas, com seguranças e estimulando ainda a interação entre todas as baterias, já que os ritmistas vão todos para o mesmo local.

Algumas escolas do Rio sequer pagam salários para seus Mestres e Diretores. Lá em São Paulo, o profissionalismo e salários são superiores aos daqui no Rio.

Os Mestres, diretores e ritmistas de São Paulo sempre estão no Rio para acompanhar o que está sendo feito por aqui, e de um tempo para cá, isso está se invertendo.

Já não é de hoje que alguns profissionais do Rio estão indo para São Paulo, não só pelo dinheiro, mas também pela estrutura e dignidade que o profissional é tratado. Esse ano, vimos profissionais assinarem com o Carnaval de SP com exclusividade e mesmo recebendo proposta do Rio, estão recusando.

O Carnaval do Rio não compete com o Carnaval de São Paulo e sim jogam juntos pelo mesmo objetivo. Com isso, a Liesa pode tirar muitos exemplos da Liga SP para que sejam implementados no maior Carnaval do mundo.

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