Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Vermelho Russo’ estreia nesta quinta-feira

“Vermelho Russo” é inspirado em fatos reais (Foto: Divulgação).

Uma agradável surpresa do cinema nacional entra em cartaz nesta quinta-feira, dia 27: “Vermelho Russo” (2016), de Charly Braun. Baseado em fatos reais, o longa tem em sua bagagem o Troféu Redentor de melhor roteiro do Festival do Rio 2016.

 

Adaptação do diário da atriz e escritora Martha Nowill, publicado na Revista Piauí em março de 2009, o filme mostra como Martha e sua amiga, a também atriz Maria Manoella tiveram a amizade testada durante o período em que estiveram em Moscou (Rússia) para que pudessem reciclar suas carreiras e estudar a técnica Stanislavski de interpretação. Tudo isso a quilômetros de casa e enfrentando não apenas o inverno rigoroso, mas o choque cultural e a barreira da língua.

 

“Tive que desapegar de muita coisa para o filme. Me distanciar para poder ouvir o Charly e todos os outros envolvidos. Não era mais a minha vida, era um filme. Sempre chamei minha personagem de Marta sem H, para saber que era uma outra Marta que estava ali. O essencial não mudou. Duas amigas que quase se perdem uma da outra. Duas atrizes e a dificuldade de se encontrar na profissão. Mudou o entorno, o lugar, a época, alguns personagens. Mas as duas experiências foram únicas e inéditas”, pontua a atriz e roteirista Martha Nowill.

 

Sua companheira tanto na viagem quanto em cena, Maria Manoella, afirma que “Vermelho Russo” não é uma produção apenas sobre a amizade, mas sobre as dificuldades impostas pela profissão, permitindo que o público se identifique com o que é mostrado na tela. Mas a atriz ressalta que levar esta história para a tela grande foi um desafio.

 

“Acho que essa experiência da metalinguagem é muito radical. Mesmo que estejamos brincando de sermos nós mesmas, mesmo que estejamos fazendo ficção, somos nós contando uma parte ou uma versão da nossa própria história. A Maria do filme sou eu em algum tempo/espaço, num recorte preciso. A Maria do filme e a Maria Manoella atravessaram o mesmo percurso, venceram, e ambas se modificaram. Uma alimentou a outra. Sinto que as duas amadureceram radicalmente depois de ‘Vermelho Russo’”, afirma Maria Manoella.

 

Com cenas rodadas em Moscou, o longa chama a atenção por ter qualidade superior à que o cinema nacional costuma oferecer ao seu público – da estética ao roteiro, passando pela fotografia e atuação de todo o elenco, principalmente da dupla protagonista. No entanto, seu processo de produção não foi muito fácil, principalmente em termos de burocracia.

 

“Quando fomos fazer a viagem de pré-produção, no auge do inverno moscovita, me dei conta da dimensão e das particularidades destas dificuldades. A começar pela barreira do idioma (poucas pessoas falam inglês e o russo é impossível para nós), mas principalmente pelas diferenças culturais. Ao definirmos o produtor local, entendemos que a Rússia, assim como o Brasil, tem uma enorme burocracia para tudo. Em muitos lugares nós filmamos escondidos, sem pedir autorização formal, pois seria impossível consegui-la num prazo e a um custo mais ou menos razoável”, lembra a produtora Eliane Ferreira.

 

Conduzido com muita competência Charly Braun, “Vermelho Russo” é um filme emocionante e divertido que demonstra coragem ao se aventurar bem longe da zona de conforto do cinema brasileiro, imposta pelas lucrativas e apelativas comédias, mostrando as transformações impostas a cada indivíduo pela pressão e cobrança em obter bons resultados e atingir seus objetivos.

 

Assista ao trailer oficial:

Comentários

 




    gl