Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Paris 8’ entra em cartaz nesta quinta-feira

Protagonizado por Andranic Manet, “Paris 8” entra em cartaz nesta quinta-feira, dia 17 (Foto: Divulgação).

Exibido na Mostra Panorama da última edição do Festival de Berlim, realizada em fevereiro deste ano, o drama francês “Paris 8” (Mes Provinciales – 2018) chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 17.

 

Dirigido e roteirizado por Jean-Paul Civeyrac, o filme mostra uma espécie de ritual de passagem da adolescência para a fase adulta, calcado no sonho de um jovem de Lyon em estudar cinema em Paris. Na capital francesa, Etienne (Andranic Manet) se depara com uma realidade completamente diferente, o que coloca seu relacionamento de seis anos em risco enquanto descobre novos amigos e mulheres.

 

Usando o amor pela sétima-arte como fio condutor de sua história, “Paris 8” aborda ainda a ideologia política de professores e alunos de cinema de uma faculdade francesa, por vezes expondo suas incoerências por meio de frases de efeito e repetidas citações literárias, mesmo em diálogos entre amigos. Isto acaba denunciando o vazio e a pretensão não apenas da trama, como também de personagens que se consideram intelectuais e revolucionários capazes de mudar o mundo. Isto pode ser observado, sobretudo, em Mathias (Corentin Fila) e Annabelle (Sophie Verbeeck).

 

Andranic Manet e Sophie Verbeeck vivem dois jovens idealistas no longa inspirado na história de seu diretor, Jean-Paul Civeyrac (Foto: Divulgação).

 

Jovem do interior da França, Mathias começa como um radical que não respeita nenhuma posição política que não seja a sua própria, falando em uma de suas primeiras cenas que cortou relações com a irmã porque ela se tornou uma “reaça”. Mas no decorrer do longa, abranda o radicalismo ao defender o cinema livre de mensagens políticas a menos que os filmes tenham algo realmente “honesto a dizer” porque o público “pode ser influenciado, agora ou depois, aqui ou em qualquer outro lugar”. E complementa num embate com Annabelle: “O problema é que filmes ativistas são como comerciais. Filmam o refugiado e o degelo como se fosse uma plataforma petrolífera”. Já Annabelle é uma ativista caricata e desprovida de conteúdo, que afirma não se importar com diploma. “Ainda estou na faculdade, mas quase não vou. Amo Sociologia, mas prefiro a ação, me sinto mais útil… Com a situação do mundo, é preciso agir”, diz a jovem que em outra sequência revela o fato de não gostar de trabalhar.

 

Desta forma, “Paris 8” leva às telas personagens superficiais e mal desenvolvidos, inclusive o protagonista, um jovem classificado como enigmático, construído por Andranic Manet baseado no olhar distante e na apatia, algo que impede a identificação da plateia, principalmente se considerarmos o tempo de duração do longa (2h17).

 

Com narrativa lenta e dividido em quatro capítulos, “Paris 8” é um filme sobre a devoção da juventude à busca por um sentido na vida. Busca esta repleta de discussões sobre cinema e literatura, mas sem nenhuma emoção ou situação minimamente convincente.

 

Assista ao trailer oficial legendado:

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