Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Festival do Rio 2017: ‘Brawl in Cell Block 99’

Vince Vaughn sai da zona de conforto das comédias e se entrega ao drama prisional que mostra toda a sua versatilidade como ator (Foto: Divulgação).

Grata surpresa da 19a edição do Festival do Rio, que chega ao fim neste domingo, dia 15, “Brawl in Cell Block 99” (Idem – 2017) chama a atenção por tirar seu protagonista, Vince Vaughn, da zona de conforto das comédias descompromissadas. Selecionado para a Mostra Midnight Movies, o longa ainda não tem data de lançamento definida nos cinemas brasileiros.

 

Na trama, Vaughn vive Bradley Thomas, ex-boxeador que perde o emprego numa oficina mecânica no mesmo dia em que descobre a traição da esposa. Desnorteado e em meio a um acesso de fúria, Thomas decide dar uma nova chance ao casamento e parte em busca de melhores condições de vida para o casal, o que significa aceitar o trabalho com o amigo e traficante Gil (Marc Blucas). Não demora muito e Thomas é preso. Na cadeia, é obrigado a fazer o jogo de um antigo desafeto, cometendo atos extremamente violentos em troca de algo muito valioso.

 

Com um roteiro simples e linear, apesar da pequena gafe cometida em sua primeira metade, “Brawl in Cell Block 99” é um filme que vai além do drama prisional para mostrar que por trás do criminoso há um homem que ainda tem algum senso moral, impulsionado pelo seu patriotismo. E é em nome desse amor à pátria que ele coloca tudo a perder em termos familiares. Isso é apresentado ao público por meio da relação de Thomas e Gil com traficantes mexicanos, evidenciando o preconceito de ambas as partes, bem como tecendo uma crítica ao sistema carcerário americano ao explorar o tratamento concedido aos detentos em diferentes penitenciárias do país.

 

Don Johnson vive Warden Tuggs, diretor da penitenciária de segurança máxima Redleaf que utiliza métodos de tortura (Foto: Divulgação).

 

No entanto, a doação de Vince Vaughn ao seu personagem é o verdadeiro alicerce desse filme. Equilibrando a frieza de um psicopata com a sensibilidade de um homem dedicado à família e que sonha em conhecer o rosto da filha prestes a nascer, Vaughn oferece um trabalho complexo cuja força explode na tela a cada cena, apresentando toda a sua versatilidade. Mais do que isso, mostra como o ator é subestimado pela indústria hollywoodiana, principalmente num ano em que também chamou a atenção como um sargento americano num drama de guerra baseado em fatos reais, “Até o Último Homem” (Hacksaw Ridge – 2016), de Mel Gibson.

 

“Brawl in Cell Block 99” cumpre a sua proposta ao levar às telas uma trama sobre transformação e vingança, sendo bastante eficiente enquanto drama, ação e suspense, sobretudo por evitar estereótipos e clichês. Contudo, não agradará a todos devido à quantidade de cenas de violência explícita, conduzidas com muita habilidade pelo diretor e roteirista S. Craig Zahler, de “Rastro da Maldade” (Bone Tomahawk – 2015).

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