Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Egon Schiele – Morte e a Donzela’: fórmula tradicional de cinebiografias

“Egon Schiele – Morte e a Donzela” entra em cartaz nesta quinta-feira, dia 19 (Foto: Divulgação).

Lançado no mercado internacional em 2016, o drama austríaco “Egon Schiele – Morte e a Donzela” (Egon Schiele: Tod und Mädchen – 1026) entra em cartaz nas salas brasileiras nesta quinta-feira, dia 19. Dirigido por Dieter Berner, o longa é baseado na história real do pintor Egon Schiele (Noah Saavedra), vitimado pela gripe espanhola há 100 anos.

 

Roteirizado por Berner e Hilde Berger, o longa mostra os últimos anos de vida do artista que revolucionou a arte no início do século passado com obras provocativas que lhe renderam acusações de abuso sexual contra menores e 21 dias na prisão por expor crianças aos seus trabalhos. “Egon Schiele – Morte e a Donzela” começa mostrando o drama familiar de Schiele, causado pela morte de seu pai. Em seguida, mostra o pintor em 1918, em seu leito de morte, sem saber da morte de sua esposa grávida de seis meses, causada também pela gripe espanhola. A partir daí, a trajetória de Schiele é apresentada em flashbacks para que o espectador possa observar a importância e influência das mulheres em sua obra, principalmente de Wally Neuzil (Valerie Pachner), sua companheira durante muitos anos, até o casamento com Edith (Marie Jung).

 

Contando com um elenco integrado, “Egon Schiele – Morte e a Donzela” tem Noah Saavedra e Valerie Pachner como principais destaques. Em seu primeiro trabalho como protagonista, o ator constrói Schiele com amor incondicional às suas obras e insensibilidade para com as pessoas ao seu redor. É um trabalho de composição interessante que lhe rendeu dois prêmios de ator estreante, o New Faces Award, na Alemanha, e o Remy, na Áustria.

 

Noah Saavedra e Valerie Pachner em cena (Foto: Divulgação).

 

Assim como Saavedr, Pachner também recebeu dois prêmios, o Remy de melhor atriz estreante e o Austrian Film Award de melhor atriz por seu desempenho como uma mulher moderna e principal fonte de inspiração para as obras do pintor. Não são poucas as vezes que Pachner rouba a cena, inclusive do protagonista, oferecendo ao espectador o trabalho mais apaixonado deste longa.

 

Retratando Egon Schiele com superficialidade, “Egon Schiele – Morte e a Donzela” acaba por se tornar um objeto de adoração ao pintor, apresentando-o como um homem cuja paixão pela arte justificava atitudes moralmente questionáveis. Isto não apenas no que tange ao tratamento concedido às mulheres, utilizadas por ele de maneira descartável, como também às acusações de incesto e pedofilia que não foram devidamente exploradas pelo roteiro.

 

Artista indisciplinado e boêmio, Schiele ganhou uma biografia de fórmula convencional e ritmo narrativo lento, o que pode incomodar parte do público. Aliás, pode-se dizer que Dieter Berner optou desde o início pela tradição de cinebiografias para manter “Egon Schiele – Morte e a Donzela” numa zona de conforto segura e, portanto, ter uma margem de erro menor. Ou seja, faltou ao diretor e roteirista a coragem do retratado em fugir de convenções e do básico.

 

Assista ao trailer oficial legendado:

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