Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Belo Monte – Um Mundo Onde Tudo é Possível’: linguagem de TV

Hidrelétrica de Belo Monte: terceira maior barragem do mundo (Foto: Divulgação).

Responsável por danos ambientais em larga escala, envolta em escândalos de corrupção e impedida de funcionar pela justiça desde a última quinta-feira, dia 06, a hidrelétrica de Belo Monte se tornou protagonista de mais um documentário: “Belo Monte – Um Mundo Onde Tudo é Possível” (2017). Produzido, roteirizado e dirigido por Alexandre Bouchet, o longa é uma das estreias desta quinta-feira, dia 13.

 

Situada no norte do Pará, mais precisamente na Bacia do Rio Xingu, próxima à cidade de Altamira, a usina foi utilizada como uma promessa de melhoria de qualidade de vida e oportunidades de empregos para a população. Ou seja, como progresso numa região pobre do país. O problema é que ao invés do progresso, a hidrelétrica instaurou o caos na região, aumentando problemas sociais, como prostituição, violência e tráfico de drogas. Não bastasse isso, é uma ameaça real a um ecossistema complexo e aos ribeirinhos que têm neste afluente do Rio Amazonas sua principal fonte de subsistência.

 

“Belo Monte – Um Mundo Onde Tudo é Possível” é um documentário que tenta explorar todos os problemas criados pela construção da hidrelétrica e sua inauguração em 05 de maio de 2016, mostrando ao espectador que o seu impacto será ainda maior ao longo dos anos. Isto se deve ao fato de a água do rio estar contaminada e, consequentemente, causando todo tipo de doenças à população que a utiliza para beber, cozinhar e banhar-se.

 

Tentando oferecer à plateia uma visão abrangente do problema, o documentário também concede um pouco de seu tempo para os responsáveis pela usina e alguns de seus funcionários. O mesmo ocorre em relação ao grupo “Xingu Vivo”, liderado por Antônia Melo. Visando salvar o rio e o seu ecossistema de uma “ocupação predatória”, como é classificado no longa, o grupo não mede esforços para impedir o funcionamento da usina, contando com o apoio dos índios que acreditam que “o Xingu é o rio dos mitos, da origem dos homens e mulheres na Terra, o rio dos heróis culturais”.

 

Mesmo sem aprofundar os problemas que se propõe a discutir, “Belo Monte – Um Mundo Onde Tudo é Possível” funciona por escancarar a grave situação imposta à população e ao meio ambiente. No entanto, este longa funciona melhor na telinha porque tem uma linguagem assumidamente televisiva, pois foi concebido como uma reportagem jornalística que em muito nos remete aos programas exibidos na Globo News, uma de suas produtoras.

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