Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘A Bela e a Fera’ mantém o padrão Disney de qualidade

“A Bela e a Fera”: live-action mantém a roupagem pomposa da animação (Foto: Divulgação).

Primeira animação em longa-metragem a concorrer ao Oscar de melhor filme, “A Bela e a Fera” (Beauty and the Beast – 1991) é responsável pela recuperação do prestígio do padrão Disney de qualidade após um período complicado para o estúdio, que teve dificuldades de emplacar novos clássicos, sobretudo nas décadas de 1970 e 1980. Esta volta triunfal do departamento de animação do estúdio do Mickey Mouse originou verdadeiras pérolas desta vertente cinematográfica, como “Aladdin” (Idem – 1992) e “O Rei Leão” (The Lion King – 1994), inicialmente considerado pelos executivos da empresa como um projeto secundário e sem grandes chances junto ao público.

 

Esta animação dirigida por Gary Trousdale e Kirk Wise, arrebatou público e crítica, encantando-os com a elegância de seus traços e com a mensagem de que “a beleza está no interior das pessoas”. No meio da onda de adaptações de clássicos animados em live-action, a história sobre uma camponesa que se sacrifica em prol da liberdade de seu pai, oferecendo-se para ficar aprisionada na torre de um castelo cujo dono é um príncipe egoísta que fora amaldiçoado no passado ao sentir repulsa por uma senhora em busca de abrigo numa noite fria e chuvosa, volta às telas nesta quinta-feira, dia 16, tentando repetir o sucesso do original.

 

Cena clássica recriada com perfeição (Foto: Divulgação).

Com direção de Bill Condon, “A Bela e a Fera” (Beauty and the Beast – 2017) mantém a roupagem pomposa da animação, mas vai mais além ao aprofundar questões pouco exploradas, especialmente de cunho familiar, tanto sobre a Bela (Emma Watson) quanto sobre a Fera (Dan Stevens). Mais do que isso, demonstra grande coragem da Disney ao desafiar algumas convenções e tirar do campo da insinuação – no original – a homossexualidade de LeFou (Josh Gad), fiel e apaixonado escudeiro de Gaston (Luke Evans). Isto é apresentado em sequências bastante divertidas e conduzidas com naturalidade, permitindo que Gad brilhe em cena, inclusive tornando-se responsável pelos melhores momentos da performance musical de “Gaston” na taberna.

 

Com um breve momento de reverência ao clássico “A Noviça Rebelde” (The Sound of Music – 1965), este live-action mantém intacto não somente o padrão Disney de qualidade, mas também algumas situações, diálogos e canções da animação que o originou. Com direção de arte, figurino e efeitos visuais esplendorosos, “A Bela e a Fera” ainda chama a atenção pelo bom desenvolvimento de seu roteiro e pela atuação de seu elenco, completamente à vontade entre si e com seus respectivos personagens.

 

Neste ponto, é imprescindível destacar Emma Watson, Luke Evans e Josh Gad. Popularmente conhecida como Hermione Granger da saga “Harry Potter” (Idem – iniciada em 2001), a atriz assimila com bastante perspicácia as características desta que é uma das princesas mais queridas do mundo mágico de Walt Disney, equilibrando força, bondade e doçura. Enquanto Evans encarna com muita competência o egocêntrico Gaston, sempre apostando no humor, tal qual Gad, que esbanja carisma e é a surpresa desta produção.

 

Luke Evans e Josh Gad: química de sobra como Gaston e LeFou (Foto: Divulgação).

 

Contudo, o grande alicerce deste longa é o seu roteiro bem desenvolvido. Assinado por Stephen Chbosky e Evan Spiliotopoulos, o roteiro explora com muita eficiência drama, fantasia e romance, com pitadas certeiras de comicidade, permitindo que se completem com perfeição e, acima de tudo, fortaleçam sua mensagem.

 

“A Bela e a Fera” é uma produção sobre adequação gradativa às diferenças e sobre os desígnios do amor, um sentimento que por vezes aflige e machuca o coração, mas que acalenta a alma ao sair do campo da angústia para o da alegria para ser vivido em sua plenitude, transcendendo a barreira da aparência para valorizar o que realmente importa: a essência, a verdadeira beleza escondida dentro do indivíduo, algo cada vez mais desvalorizado em tempos vazios e de ofertas fáceis, para ambos os sexos. É sobre o conteúdo que se sobrepõe à embalagem, seja ela bonita ou feia, que inevitavelmente sucumbirá ao imbatível teste do tempo. Sem dúvida alguma, esta é a melhor adaptação em live-action de um clássico Disney.

 

Assista ao trailer oficial legendado:

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