Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Antes que Eu Vá’: trama carente de emoção

Zoey Deutch vive a protagonista Samantha Kingston (Foto: Divulgação).

Baseado no best-seller homônimo de Lauren Oliver, “Antes que Eu Vá” (Before I Fall – 2017) chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 18, prometendo mais do que pode cumprir.

 

Com direção de Ry Russo-Young, o filme leva para as telas o último dia de vida de Samantha Kingston (Zoey Deutch), adolescente popular no colégio, cobiçada pelos garotos e namorada de sua “versão masculina”, o galã do colegial Rob Cokran (Kian Lawley). Após farra e confusão ao lado de seus três amigas inseparáveis, um acidente numa noite chuvosa interrompe seus sonhos no intuito de lhe ensinar uma lição, obrigando-a a reviver o mesmo dia diversas vezes.

 

Espécie de “Feitiço do Tempo” (Groundhog Day – 1993) teen, “Antes que Eu Vá” apresenta todo o tipo de clichês do ensino médio americano através de personagens exaustivamente explorados ao longo dos anos: a garota popular em más companhias, a vilã com trauma de infância, a excluída, o galã e por aí vai. O problema é como abordar tudo isso com o mínimo de originalidade e qualidade. Para isso, o humor batido cede lugar ao drama, mas o resultado é o mais do mesmo.

 

Clichê: a vilã e a excluída numa festa regada a bebida e “pegação” (Foto: Divulgação).

 

Isto se deve ao roteiro superficial e mal desenvolvido de Maria Maggenti, que é bastante familiarizada com o universo adolescente, pois produziu episódios do seriado “90210” (Idem – 2008 – 2013), spin-off de “Barrados no Baile” (Beverly Hills 90210 – 1990 – 2000). Na verdade, trata-se de um filme carente de emoção, o que impede o envolvimento do espectador com o que é mostrado na tela.

 

Outro equívoco é a escalação do elenco, não apenas pela falta de carisma da insossa protagonista e de suas fiéis escudeiras, como também pelo fator idade. As atrizes têm mais de 20 anos e não convencem como adolescentes, exceto a única adolescente de fato, Elena Kampouris, que se destaca como Juliet Sykes, garota cuja introspecção é causada pelo bullying que sofre há muitos anos. É de longe a melhor atuação deste longa, por vezes remetendo o espectador a um de seus trabalhos anteriores, a igualmente introspectiva Allison Doss de “Homens, Mulheres e Filhos” (Men, Women & Children – 2014).

 

Apesar dos problemas que prejudicaram bastante o seu resultado final, “Antes que Eu Vá” tem como objetivo transmitir a mensagem de que “o que você faz hoje importa”, mostrando que o bem precisa ser cultivado e que é necessário corrigir seus erros e injustiças para se tornar uma pessoa melhor, digna do afeto e respeito de seus familiares e amigos. É uma história que critica a futilidade e a insensibilidade numa tentativa de valorização da essência do indivíduo.

 

Assista ao trailer oficial:

Comentários

 




    gl