Unidos de Padre Miguel: porta-bandeira leva tombo, mas escola é aclamada e forte candidata a campeonato

As palavras emoção, êxtase e luxo resumem o brilhante desfile da Unidos de Padre Miguel, na madrugada deste domingo (26): quinta a se apresentar na segunda noite da Série A, a escola da Vila Vintém contou o enredo “Ossain – O poder da cura”, louvação ao orixá que curaria através de folhas medicinais, trabalho desenvolvido de forma bastante clara pelo carnavalesco Edson Pereira.

Foto: Juliana Dias

Foi a melhor plástica apresentada até agora: alegorias gigantes e com bastantes movimentos, acabamento primoroso e iluminação adequada foram os pontos altos. Indiscutivelmente um desfile digno de encher as medidas.

Foto: Juliana Dias

Tombo da primeira porta-bandeira

Exclusivo: porta-bandeira da UPM conta ao SRzd o que aconteceu na Avenida

A UPM evoluía de forma impecável até que na altura do segundo módulo de jurados, a primeira porta-bandeira Jéssica Ferreira, em sua apresentação com seu companheiro Vinícius Antunes, torceu o joelho e caiu. O fato causou grande impacto do público que acompanhava naquele trecho. Ela precisou ser amparada. Ali foi atendida por uma equipe de emergência e, segundo informações enviadas ao SRzd, foi levada para o Hospital Municipal Souza Aguiar. Por volta das 5h40 da manhã deste domingo, a equipe foi informada que Jéssica já estaria a caminho de casa.

Foto: Eduardo Succo

A tensão tomou conta dos diretores de harmonia e evolução: o primeiro motivo é que nesta segunda cabine havia dois jurados do mesmo quesito e o tombo da porta-bandeira teria dois resultados ruins. O segundo motivo foi a necessidade da segunda porta-bandeira, Cássia Maria, substituir a outra e tentar alcançar uma pontuação satisfatória no quarto e último módulo. Foi o que aconteceu: rapidamente, houve a substituição.

O auxílio de um mestre

Outra informação emocionante e que vale ser registrada é que Mestre Manoel Dionísio, comentarista do SRzd, foi uma das pessoas que de imediato ajudaram Cássia a se recompor e tentar terminar o trabalho: houve comoção total e o público ovacionou a Unidos de Padre Miguel.

Foto: Juliana Dias

A bravura do primeiro mestre-sala

Diante da situação de queda e retirada de Jéssica da Passarela do Samba, o primeiro mestre-sala Vinícius Antunes, não perdeu controle e mostrou total equilíbrio emocional, assim como gingado até que Cássia Maria, que ocupa o segundo posto, chegasse para continuar a apresentação: este momento também foi sucedido de aplausos, choro e emoção.

Comissão de frente cheia de efeitos especiais

A comissão de frente, coreografada por David Lima, cumpriu com maestria o dever de abrir o desfile e apresentar a UPM. Quinze componentes representaram “O Guardião das Selvas”, dando abertura ao setor denominado “Encantarias e Encantados do Âmago da Floresta”.

David Lima. Foto: Juliana Dias

A apresentação, com direito a tripé e efeitos especiais, até mesmo com “fogo”, já dava o recado de como estava vindo a agremiação.

Foto: Juliana Dias

Plástica sem igual até agora. Vai ser difícil atribuir outra nota a não ser 10

Um abre-alas gigante com acoplamento, com nome “Pórtico Selvagem”, trouxe uma enorme floresta, com pássaros, matas e um boneco em movimento, o que seria o “Senhor das Jinsabas”, que no candomblé banto significa Senhor das Folhas. A riqueza de detalhes e o capricho impressionaram a equipe do SRzd. Vieram neste setor outros seres encantados, através de fantasias volumosas ao extremo.

Foto: Juliana Dias

No segundo setor, a UPM tratou “Os Clamores pela Cura” e outras entidades foram apresentadas para dar sentido ao tema proposto pelo carnavalesco. O segundo carro sintetizou as buscas da ciência pela cura e também teve como destaque os saberes populares como pretos-velhos e caboclos.

Foto: Juliana Dias

O terceiro setor foi responsável por uma das lendas que envolvem Ossain: a distribuição de suas folhas sagradas e medicinais a outros orixás, tendo como conotação a diversificação do poder da cura. O terceiro carro representou exatamente este aspecto. Personalidades como Xangô, Oxum e Iemanjá também foram lembradas.

Foto: Juliana Dias

O quarto setor trouxe a consagração de Ossain. A última alegoria, em tom prata, mostrou a força do poder da cura através desta crença.

Foto: Juliana Dias

Samba e bateria: quesitos fortes e que também podem gabaritar

O samba e a bateria tiveram uma evolução perfeita no desfile da UPM. Houve resposta positiva do público ao longo da Marquês de Sapucaí. O carro de som, liderado pelo intérprete Pixulé, mostrou sintonia total com os ritmistas de mestre Dinho. Bruno Moraes, comentarista do SRzd, resumiu suas impressões:

Foto: Juliana Dias

“Mestre Dinho fez uma bossa em que todos os instrumentos paravam. Levantou a Avenida. Foi sensacional. Minha opinião é que a bateria passou muito bem, com grandes chances de tirar os 40 pontos”.

O músico e comentarista Carlos Fernando Cunha exaltou o samba e disse mais: “Foi maravilhoso. O carro de som, a harmonia, o canto da comunidade, tudo muito forte. Não tenho mais nada a declarar. Que a UPM seja muito feliz. Tem muitos méritos”, concluiu.

A UPM terminou seu desfile com 53 minutos, dentro do máximo de 55 estabelecido pela Lierj, entidade que rege os desfies da Série A.

Foto: Juliana Dias

Escola foi premiada duas vezes seguidas pelo SRzd Carnaval

Não é de hoje que a plástica e o desfile, num todo, da Unidos de Padre Miguel, surpreendem a equipe do SRzd, dada a categoria em que se encontra a vermelha e branca e os entraves que implicam uma estadia na Série A. Fato é que a UPM arrebatou do portal o prêmio de melhor escola neste grupo em duas vezes seguidas: 2015, com a homenagem a Ariano Suassuna; e ano passado, com o enredo “O Quinto dos Infernos”.

Outro fato é que, mais uma vez, a UPM está na briga pelos olhares do júri do SRzd e ainda pelo corpo oficial de julgadores da Lierj. Concorrerá com os desfiles de outras escolas, que também fizeram bonito na Passarela do Samba, tanto na sexta-feira quanto neste sábado. Aguardemos os resultados.

 

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