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Você conhece o ritual de batismo de uma escola de samba?

Batismo. Foto: Ilustrativa

Ednei Mariano traz novo texto em sua coluna no portal SRzd.

As publicações são semanais, sempre às sextas-feiras, na página principal da editoria do Carnaval de São Paulo. Leia, comente e compartilhe!

Você conhece o ritual de batismo de uma escola de samba?

Nas minhas andanças em aprendizado no samba, me despertou a curiosidade em saber o amago de um ritual de batismo de uma escola de samba.

Durante minha vida de sambista sempre procurei estar perto dos “Cardeais do Samba”, e explorar deles, os aspectos que construíram nossa história.

E um deles me levou até esta fonte de elementos ricos, um belo aprendizado.

Numa noite de outono me chamou para assistir este ritual. Conseguira uma permissão especial para isso. Lá estava no terreiro uma senhora de corpo robusto, toda de branco, com um belo dorso afro, em sua frente, um grande alguidar (bacia de barro).

Chegaram dois moços, também de branco, e derramaram água no recipiente. A iluminação no terreno de terra batida era fraca, mas haviam lindos raios de luz.

As águas se espalhavam calmamente no grande recipiente, em seguida, a senhora manuseava e colocava diversas ervas, e pronunciava palavras que eu não conseguia entender, por mais que me esforçasse.

Dentre as ervas reconheci o manjericão, a arruda e a guiné. O aroma era forte, mas me fazia sentir em um ambiente de paz.

Depois de um tempo, com um sinal dela, os moços vieram e carregaram a bacia e a depositaram debaixo de uma grande arvore.

O sambista me disse que o preparado ficaria ali pela noite a dentro. Sai de lá e o combinado era estar na quadra da escola de samba que nasceria e se integraria as demais na noite seguinte, na realização do batizado. Assim era o costume naquele tempo.

Na noite seguinte, cheguei no horário marcado pelo sambista de vanguarda e com ele vi mulheres com trajes de baianas adentrarem ao recinto em cantoria.

Com galhos pequenos nas mãos e com as águas preparadas na noite anterior, espalhavam pingos dela no local, como num benzimento. A casa estava fechada para o público, ainda, e ele me levou ao centro do salão.

Lá estava uma mesa com vários elementos, e ele me explicou. A escola será batizada através de seu pavilhão, que é o elemento que identificará a agremiação.

Esta roseta com o símbolo representa a madrinha, que ficara por toda existência na ponta do pavilhão da afilhada. Este rolo, parecido com um papiro, é o batistério, aí está tudo escrito; a data deste ritual será guardada como um documento.

Mostrou também outros elementos. A champagne, simbolizando caminhos abertos, a água, a purificação. Estava feliz por tantas informações e agradecido por este momento. Logo os diretores de harmonia da escola abriram as portas do salão e os convivas entraram alegres naquele ambiente que irradiava positivismo e esperança de sucesso para mais uma escola nascia em favor da nossa cultura.

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