Tom Maior sofre com problemas em alegorias e evolução, e se complica na disputa

Desfile 2017 da Tom Maior. Foto: SRzd

A Tom Maior abriu a primeira noite do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo em 2017 nesta sexta-feira (24), no sambódromo do Anhembi. E foi com tempo seco! Depois de um final de tarde e começo de noite marcados por chuva bastante intensa, atingindo diversas regiões da cidade, o clima estava perfeito para o início da festa.

Atual vice-campeã do Acesso, a vermelha e amarela apresentou enredo em homenagem à cantora paraibana Elba Ramalho com o tema: “Elba Ramalho canta em oração o folclore do Nordeste. Toque sanfoneiro forró, frevo e xaxado”. Clique aqui para conferir a galeria de fotos.

Contando com a presença ilustre da homenageada, na última alegoria, a escola sofreu com inúmeros problemas de evolução e em seus carros, que comprometeram o desempenho geral da exibição.

Presidida por Luciana Silva, que fez discurso emocionado à sua comunidade, a escola do bairro do Sumaré promoveu duas expressivas mudanças em seu elenco para a disputa na elite.

Uma delas, na comissão de frente: Robson Bernardino, um dos nomes mais respeitados do segmento em São Paulo, chegou para recuperar os três décimos perdidos no quesito em 2016.

Bernardino e sua trupe apresentaram coreografia recheada de bom humor, leveza e elementos de dança, com o apoio de estrutura alegórica, que sofreu pequenos danos em sua forração, ocasionados pela chuva. Na execução da performance, o tripé serviu para a troca dos personagens representados pelo elenco, que incorporaram diversas figuras da cultura nordestina.

Bailado clássico na condução do primeiro pavilhão

Nota 40 no último concurso, Jairo Silva e Simone Gomes, colocaram na pista a cumplicidade acumulada há mais de duas décadas.

Casados na dança, casados na vida, e juntos há vinte e três Carnavais. Jairo riscou o chão, mas com suavidade e talento ao cortejar sua dama, que executou giros conscientes e dentro do eixo. A  dupla veio na cabeceira do conjunto, em frente ao primeiro carro, trajando figurino luxuoso na condução do pavilhão vermelho e amarelo.

Carro de som, dentro do ‘Tom’

A outra novidade no time da Tom estava no carro de som, bem qualificado musicalmente, sob o comando do intérprete oficial Bruno Ribas. Consagrado em terras cariocas, desembarcou na Zona Oeste substituindo Rene Sobral. Ribas conduziu o samba assinado pelos compositores Maradona, Turko, Ricardo Neto, Paulinho Miranda, Rafa do Cavaco, Celsinho Mody e Léo Reis.

Composição com melodia bastante adequada ao tema, e que já na série de ensaios gerais, mostrava ser uma das armas para a disputa. Bem dançante, a obra teve seu ponto alto ao estabelecer boa comunicação com os foliões em seu refrão principal:

“Esse forró tá gostoso, arretado demais
Puxa o folê sanfoneiro arrasta o pé rapaz
Elba Ramalho é a flor do Nordeste
Sou Tom Maior em oração
Sou cabra da peste”

Em busca do décimo perdido

A bateria “Tom 30”, de mestre Carlão, uma das mais respeitadas da cidade, veio para recuperar o décimo descontado pelos jurados no Acesso em 2016.

Contando com o brilho de sua rainha, Pâmella Gomes, que mesmo com um problema no pé esquerdo mostrou toda a sua garra e amor ao pavilhão, a batucada foi ousada e deliciou o público com seu cardápio variado cheio de paradinhas e bossas.

Homenagem pelo segundo ano consecutivo

Elba Ramalho, a estrela do enredo, teve sua primeira experiência musical em 1968, tocando bateria no conjunto feminino “As Brasas”. O grupo migrou para o teatro, mas Elba continuou cantando em participações de festivais pelo Nordeste do país. No final da década de setenta, lançou seu primeiro álbum: “Ave de Prata”. A partir daí, tornou-se um dos principais nomes da música popular brasileira e está prestes a completar 40 anos de carreira.

Desfile 2017 da Tom Maior. Foto: SRzd

O reconhecimento também chegou em forma de troféus. Venceu, por duas vezes, o Grammy Latino com os álbuns: “Qual o assunto que mais lhe interessa” e “Balaio de Amor”. Ao longo dessa trajetória de sucesso, vendeu mais de 10 milhões de discos.

Elba é a segunda personalidade escolhida como tema, de forma consecutiva, pela Tom, com o desenvolvimento do carnavalesco Claudio Cebola. Em 2016, o formato garantiu vaga no Especial ao cantar Milton Nascimento.

Nas alegorias, o que se viu foi uma grande viagem por essa trajetória, pelo universo criativo e emocional da artista. As origens nordestinas, suas referências e influências musicais, como a figura do cantor Luiz Gonzaga, destaque central do abre-alas, as festas e os ritmos locais, foram estampadas nos carros alegóricos. Boa parte de seus sucessos completaram os elementos utilizados por Cebola.

Colorido, com muitos efeitos de iluminação e materiais refinados, o conjunto alegórico foi um dos pontos altos do desfile. Grandes e de boa leitura, cumpriram seu papel estético e de tradução do enredo proposto. Ainda no módulo visual, onde a escola perdeu sete décimos no ano passado, no quesito fantasia, destaque para o ótimo conjunto dos figurinos, estampando colorido e uniformidade nas suas dimensões, e agradável jogo cromático.

Problemas com alegorias comprometeram a evolução 

Um problema na segunda alegoria, no momento da entrada na Avenida, comprometeu a abertura da exibição. Por alguns minutos, diretores de harmonia, e até o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, Paulo Sérgio Ferreira, lutaram para colocar o carro na direção certa e avançar pela pista.

Esse problema, desencadeou outros. Após a entrada da bateria no recuo, um enorme espaço se abriu, entre a comissão de frente e o carro-abre alas, outra alegoria que também foi levada com dificuldade pelos merendeiros ao longo da Avenida. Nesta altura, o andamento das alas já estava bastante comprometido, mas sem interferir na organização da distribuição dos integrantes de cada setor.

Uma nova ocorrência apareceu no carro de número quatro, onde uma de suas esculturas, a de um cavalo, estava com a cabeça danificada. A sequência de erros acabou tensionando os componentes, sobretudo dos primeiros setores do conjunto. Após a primeira metade do desfile, diante de um cenário mais calmo e controlado, os foliões foram se soltando e evoluindo com mais desenvoltura, cruzando a faixa amarela no limite do tempo permitido pelo regulamento. Clique aqui para ver a galeria de fotos.

De olho no relógio!

A Tom Maior encerrou seu desfile com 1h04

Assista aos comentários de representantes da escola após o desfile

Confira no gráfico as classificações da escola nos últimos dez Carnavais

Prêmio SRzd Carnaval SP 2017

Na noite desta segunda-feira (27), na página da editoria de Carnaval do SRzd em São Paulo, será divulgado o resultado oficial desta edição do prêmio. A votação estará disponível após o encerramento do desfile da última escola do Grupo Especial.

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A apuração das notas atribuídas pelos jurados da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo acontece nesta terça-feira (28), com transmissão ao vivo da Rádio SRzd.

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