Tatuapé faz desfile com credenciais para sonhar com título inédito
Vivendo os melhores anos de sua história de mais de seis décadas, a Acadêmicos do Tatuapé foi a quarta escola a desfilar na madrugada deste sábado (25), no sambódromo do Anhembi.
Melhores anos pela elogiada gestão de seu presidente, Eduardo dos Santos, e pelos resultados colhidos após bons desfiles nos últimos Carnavais.
A atual vice-campeã do Grupo Especial chegou cercada de expectativa por estes fatores, por trazer um dos sambas mais aclamados da safra e pelo desempenho arrebatador mostrado na série de ensaios técnicos gerais.
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Com o enredo: “Mãe África conta a sua história: Do berço sagrado da humanidade à abençoada terra do grande Zimbabwe”, entrou na briga para conquistar seu primeiro campeonato.
Mônica Oliveira foi a responsável por trazer as credenciais da azul e branca com uma comissão formada integralmente por homens.
O grupo simulou rituais africanos numa complexa e precisa coreografia, cheia de elementos corporais e que exigiu resistência física de cada um deles. A trupe representou o Orixá Exu, abrindo os caminhos para que a vida brotasse em solo africano, sem interagir com nenhum elemento alegórico, padrão na maioria dos desfiles das coirmãs.
Primeiro casal: a luta para manter a nota máxima
A comissão de frente foi seguida pelo primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diego e Jussara.
Mesmo sem estar entre os mais badalados da cidade, o casal está se consolidando, sem alarde. Há dezessete anos dançam juntos, e há seis temporadas, na azul e branca. A dupla reafirmou na pista estar em franca progressão e trajou figurino representando a África de todas as cores, de todas as raças.
Celsinho Mody confirma melhor fase da carreira
Comandando o carro de som, Celsinho Mody confirmou a grande fase.
Apenas em seu segundo ano na escola, o cantor esteve muito a vontade, parecendo estar há tempos por lá, e foi seguro ao interpretar o belo samba dos compositores Fabiano Tenor, Mike Candido e Luiz Fernando Ramos.
Mais do que isso, ao longo de toda a fase de preparação, já indicava um avanço técnico e vocal notáveis em suas performances. Qualidade do artista somada ao bom time de canto e ala musical, não poderiam render outro resultado.
Técnica apurada e uma obra ímpar nas mãos, a receita perfeita para o êxito. Obra recheada de excelentes momentos, bem construída e rica em melodia, qualidades destacadamente notadas no refrão principal:
“É de Arerê… Ilê, Ijexá
Essa Kizomba de um povo feliz
Eu sou a África…Derramo meu axé
Canta Tatuapé”
Qualidade mais que especial
A bateria de mestre Higor, formada por 216 ritmistas distribuídos em seis naipes: agogôs, tamborins, repiques, caixas, chocalhos e surdos, foi um dos destaque do desfile.
Tendo à sua frente um time de belas mulheres, comandadas pela Rainha Andrea Capitulino, e pelo Rei, Daniel Manzioni, em seu último desfile neste posto, conforme anunciou em entrevista ao SRzd, a batucada “Qualidade Especial” tocou o fino!
Foi correta nas diferentes convenções, bem equalizada e arrebatadora ao realizar um grande “paradão”. A precisão nas retomadas foi algo irrepreensível, e que já vinha sido observado na fase de pré-Carnaval, além da clareza na produção equilibrada do som dos diversos instrumentos.
Uma nova plástica…
Embora a saída do carnavalesco Mauro Xuxa, vice em 2016 com a escola, tenha sido desejo do artista, a mudança neste segmento foi algo que deu à escola uma novo conceito e padrão visual. Para quem luta no topo, perder dois décimos nos quesitos fantasia e alegoria, somados, o que aconteceu no concurso do ano passado, pode tirar qualquer chance de título.
Ao trazer Flávio Campello, ganhou outra feição, outra identidade na concepção e execução dos figurinos e carros.
Ao desenvolver o enredo sobre o Zimbabwe, Campello começou pela “matriz da vida”, o início do continente africano, selvagem, primitivo e apenas habitado por animais, suas tribos e guerreiros.
Os reinos da região, formaram o quadro do setor dois. Egito, Mali, Congo, Songhai, Benin e Marrocos. A fé nas diferentes formas, construiu o segmento posterior. A louvação aos Orixás, representando o Candomblé, o Cristianismo, o Hinduísmo e outras crenças, foram abordadas. Na quarta parte da montagem os aspectos culturais africanos surgiram, num novo momento do desenvolvimento da história, trazendo a música, o esporte, a dança e a literatura. Uma celebração ao país e pinceladas de sua história, foram as marcas dos elementos do encerramento do desfile.
A concepção das alegorias foi uniforme, com acoplamento duplo nos quatro carros, exceto o abre-alas, formado pela junção de três chassis. Carros executados com materiais mais simples, mas de extremo bom gosto, fácil leitura e ótimo acabamento.
Harmonia entre canto e ritmo e evolução correta
O que já tinha sido visto na temporada de ensaios gerais, se materializou no desfile oficial em termos de evolução e harmonia. No primeiro quesito, pequenas variações de andamento, mas sem comprometer o conjunto. Grandes, as fantasias dificultaram um pouco a desenvoltura dos componentes, que esbanjaram disposição ao cantar com força o samba-enredo ao longo de toda a Avenida.
Nas alas, organização, disciplina e um conjunto compacto. A opção por cores neutras, fortes e bem distribuídas pelos setores, formou um painel harmônico da “Kizomba” da Tatuapé, que fechou com absoluta tranquilidade seu cortejo, confiante e segura de que está na briga pelo seu primeiro campeonato.
De olho no relógio!
A Acadêmicos do Tatuapé encerrou seu desfile com 1h01
Confira entrevistas realizadas após o término do desfile
Confira no gráfico as classificações da escola nos últimos dez Carnavais
Prêmio SRzd Carnaval SP 2017
Na noite desta segunda-feira (27), na página da editoria de Carnaval do SRzd em São Paulo, será divulgado o resultado oficial desta edição do prêmio. A votação estará disponível após o encerramento do desfile da última escola do Grupo Especial.
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A apuração das notas atribuídas pelos jurados da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo acontece nesta terça-feira (28), com transmissão ao vivo da Rádio SRzd.
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