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Carnaval 2017: sinta a cadência do samba com as mãos

Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência. Foto: Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência

A profissão de jornalista nos leva a conhecer horizontes, ampliar o pensamento, falar, ver e sobretudo ouvir.

São inúmeros seminários, palestras, debates e discussões que reúnem comunicadores para olhar o mundo e suas nuances. Há três meses estive em um congresso, ao lado de uma amiga, também jornalista, Ivone Rocha, que promoveu mesas redondas com o tema: “Estudos sobre a Deficiência”. Oportunidade onde conhecemos um pouco da vivência dos participantes e dos gestores de Comunicação pelo Direito de Expressão.

Aprendemos, dentre tantas informações, que existe uma série de nomenclaturas ultrapassadas: “paralítico, especial, deficiente, portador de deficiência e de necessidades especiais”. Os termos aceitos são “cego, surdo, cadeirante (informal) e pessoa com deficiência”. É importante usar as preposições.

Segundo a Convenção da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: “Pessoas com deficiência são, antes de mais nada, pessoas. Pessoas como quaisquer outras, com protagonismos, peculiaridades, contradições e singularidades. Pessoas que lutam por seus direitos, que valorizam o respeito pela dignidade, pela autonomia individual, pela plena e efetiva participação e inclusão na sociedade e pela igualdade de oportunidades, evidenciando, portanto, que a deficiência é apenas mais uma característica da condição humana”.

Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência. Foto: Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência
Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência. Foto: Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência

Frequentemente comento nos grupos de trabalho ou pessoais, o quanto não tratamos do assunto quando não há uma pessoa com deficiência entre nós. Claro que a docência contribuiu para que minha ótica fosse mais ampla a respeito do assunto. Tanto é que durante uma assessoria de Carnaval, presenciei um grupo de cegos para ouvir a bateria de uma escola de samba. O intuito da visita era o preparo para o julgamento do quesito em agremiações menores. Foi incrível participar daquele momento.

Faz menos de duas semanas que conheci Mônica Mantecón, profissional que atua na Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPED). Conversamos e trocamos mensagens sobre o projeto “Samba com as Mãos”, criado em 2016, para incluir surdos e pessoas com deficiência auditiva no Carnaval de São Paulo.

Enquanto eles viam, do camarote, o colorido na passarela do samba e a movimentação dos foliões, as letras dos sambas de enredo ficavam disponíveis nos televisores instalados no mesmo ambiente, além da acessibilidade, havia intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) que descreviam as letras. O grupo visitou quadras das escolas de samba, traduziu os sambas e fez vistorias técnicas ao sambódromo.

E este ano tem mais. As 14 agremiações do Grupo Especial tiveram seus sambas de enredo traduzidos pela equipe da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, que coordena o projeto “Samba com as Mãos”.

Caro leitor, reflita sobre essa questão: nas redes sociais, quantas vezes nos atentamos a descrição da imagem? O que é isso? Trata-se de uma narrativa detalhada da imagem para que os cegos consigam saber o que tem retratado na foto, ou na ilustração. É a famosa #PraCegoVer, lançada pela deputada Mara Gabrili. Ao usarmos uma simples legenda: “Mundo lindo”. [Sic].

Quantos cegos entendem que esse texto retrata o internauta sorridente, na praia, com um sol brilhante, ao lado de amigos e tais? A era digital é muito bacana e possibilita conhecermos e reencontrarmos uma infinidade de pessoas. Sugiro olharmos com mais humanização para outros perfis. A ideia aqui não era fazer um “textão”, mas despertar a inclusão social dentro de cada leitor. Para mim, não é um aspecto elegante, e sim obrigação de todos os cidadãos. Durante e depois do Carnaval observe com mais atenção as pessoas com deficiência. Elas brindam à vida!

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