‘Pesadelo’; sem contrato assinado com a prefeitura, presidente revela cenário dramático para as escolas de samba

As dificuldades das escolas de samba por todo o país não são exatamente uma novidade.

Desde o ano passado, o cenário econômico desfavorável nos diversos setores, também afetou o Carnaval. Alguns desfiles foram cancelados em diferentes regiões, sobretudo, pelo corte integral da subvenção do poder público para a realização da festa. Recurso que, na maior parte dos casos, representava a fatia mais importante de investimentos para a produção do espetáculo.

No Rio, uma sequência de notícias negativas. Além da redução da verba municipal, o cancelamento dos ensaios técnicos gerais na Sapucaí e, na última semana, a interdição da Cidade do Samba pelo Ministério do Trabalho, ação que paralisa a execução dos projetos das agremiações do Grupo Especial carioca.

Na cidade de São Paulo, incerteza vinda com o pronunciamento do prefeito João Doria, do PSDB, logo depois de sua eleição, dizendo que seriam revistos os investimentos da municipalidade na folia, em entrevista exclusiva ao programa “No Mundo do Samba”, veiculado pela Rádio Trianon AM 740 e retransmitido pelo portal SRzd, em outubro de 2016, relembre:

Passado o impacto da primeira declaração do tucano, em reportagem do jornal O Estado de São Paulo, em junho, Doria confirmou o mesmo montante para os desfiles, porém, com redução da participação da Prefeitura, afirmando buscar apoio da iniciativa privada para complementar o investimento:

“Não podemos gastar mais do que aquilo que se arrecada. Não podemos ter uma atitude irresponsável fiscalmente para atender este ou aquele setor. No caso de São Paulo, o carnaval é tão importante como no Rio de Janeiro. E aqui vamos fazer um trabalho ainda mais intenso com o setor privado. Vamos suplementar os recursos que a Prefeitura tiver a necessidade de reduzir com investimento privado. Às escolas de samba e à Liga não faltará o recurso estimado e previsto. Pode mudar o carimbo: ao invés de ser público, será privado. Mas o recurso não vai faltar”, garantiu.

“Tivemos uma reunião hoje para tratar desse assunto aqui na Prefeitura. O que haverá é uma redução do investimento público e um aumento do investimento privado, para equalizar e garantir a realização do Carnaval”, disse naquela oportunidade.

Nessa onda de incertezas, as manifestações dos sambistas inundaram as redes sociais, e o SRzd ouviu uma série de personagens importantes do Carnaval para que comentassem o tema. Um deles, foi o vice-presidente da Sociedade Rosas de Ouro, Osmar Costa. Taxativo, argumentou: “O Carnaval de São Paulo dá lucro”, assista:

Uma aparente tranquilidade veio apenas em julho, durante o sorteio da ordem de desfiles para 2018 em evento realizado em um bar na Zona Norte da cidade, quando o presidente da Câmara dos Vereadores, Milton Leite, do DEM, garantiu a manutenção dos recursos, num pronunciamento positivo para os dirigentes. Na época, destacou  inclusive uma antecipação no fluxo de caixa para dar tranquilidade ao desenvolvimento dos projetos das escolas de samba:

Na mesma ocasião, o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, Paulo Sérgio Ferreira, o Serginho, mostrou otimismo nas relações e na parceria da gestão peessedebista com o Carnaval do Anhembi:

Porém, os meses que se seguiram destes acontecimentos, mostraram um contexto diferente.

O que se ouvia nos bastidores, em conversas informais com os dirigentes, tornou-se público pela voz do presidente da Imperador do Ipiranga, Eduardo de Lukas, neste sábado (21). Contexto que ele classificou como “Pesadelo”. Eduardo afirmou que o contrato de Carnaval sequer foi assinado, o que significa, que as escolas de samba paulistanas não receberam nenhum centavo da subvenção até o momento, faltando menos de quatro meses para o desfile:

“Faltando pouco tempo para o nosso Carnaval e ainda não temos o contrato assinado pelo prefeito. Inúmeras pessoas ficam me perguntado como está o andamento do barracão e das fantasias, e a resposta é a pior possível. Estamos engatinhando e com a falta de apoio, pior ainda, fica difícil de imaginar daqui para frente”, revelou fazendo um desabafo:

“O tempo passa e logo teremos o dinheiro, mas não teremos tempo. O Carnaval traz um retorno muito alto aos cofres públicos mas não valorizam a nossa cultura”. Finalmente aproveitou para justificar uma realidade interna, mas que se reproduz em outra coirmãs, segundo contou para a reportagem do SRzd: “Este é o motivo de tanto atraso de pagamento aos profissionais e aquela correria”.

Procurada pela equipe do portal na tarde deste sábado (21) a assessoria do prefeito João Doria ainda não retornou o contato para comentar o caso, até o fechamento desta nota.

Carnaval 2018

Está previsto para o dia 5 de janeiro o início dos ensaios técnicos gerais no sambódromo do Anhembi, com o treino da Mocidade Camisa Verde e Branco. O calendário se estende até 2 de fevereiro, com a passagem da Vai-Vai encerrando a temporada de preparação para os desfiles, programados para acontecerem a partir do dia 9 do mesmo mês.

+ Confira o calendário de ensaios técnicos gerais

+ Veja a programação completa dos desfiles 2018

A Uesp, União das Escolas de Samba Paulistanas, responsável pelos desfiles dos Grupos 1, 2, 3, 4 e Blocos Especiais, não divulgou calendário de ensaios gerais, feitos apenas, até então, pelas doze entidades que integram o Grupo 1.

+ Conheça a ordem completa de desfiles das escolas de samba da Uesp

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