Peruche mexe com o público, mas tropeça em alegoria e evolução

Segunda escola, da segunda noite de desfiles do Grupo Especial paulistano, a Unidos do Peruche trouxe para o Anhembi a capital da Bahia, Salvador, neste sábado (25).

“A Peruche no maior axé exalta Salvador, cidade da Bahia, caldeirão de raças, cultura, fé e alegria”, foi o título do enredo escolhido pela escola para falar da cultura local.

Dona de um dos mais tradicionais pavilhões da cidade, luta para se reencontrar com seus melhores momentos dentro dos concursos carnavalescos em São Paulo. Clique aqui para ver a galeria de fotos.

A proposta central do enredo marcou a abertura do desfile: a mistura cultural soteropolitana.

Sob o comando do experiente artista Régis Santos, que só agora fez sua estreia no comando de uma comissão, a apresentação foi marcante. Régis é diretor, coreógrafo, ator e produtor teatral. Coordena e dirige, há 12 anos, a Companhia Usina Paulistana de Artes, e há 8 temporadas, traz a famosa ala “Samba-Cênico”, uma das mais esperadas dos desfiles, integrando o conjunto da coirmã Rosas de Ouro.

Sue trupe veio dividida em blocos, onde os bailarinos valeram-se de um enorme elemento alegórico, representando um gigantesco caldeirão cultural.

Os dois atos do número encenaram o naufrágio do navio de Diogo Alvares, sua chegada na orla baiana e o encontro com os índios Tupinambás, em seguida, ícones da cultura local; Jorge Amado, Glauber Rocha, Caetano, Gil, Bethânia, Gal, Rui Barbosa, Castro Alves, Raul Seixas e Dorival Caymi, além das figuras de irmã Dulce, do Senhor do Bonfim e de alguns Orixás, foram interpretadas.

Querendo esquecer 2016

Após perder sete décimos no quesito no concurso do ano passado, o primeiro casal perucheano, Fabiano Dourado e Thaís Paraguassú, veio em busca de um novo momento na disputa.

A dupla representou Diogo Alvares e Catarina do Brasil, que casou-se com Diogo, formando a primeira família brasileira. Thaís mostrou algum desconforto na condução do primeiro pavilhão, e talvez pelo peso da belíssima fantasia, foi contida em seus giros ao longo de toda a travessia pela Avenida.

A arma estava no samba, considerado um dos melhores da safra

Levado pelo intérprete oficial Toninho Penteado e time de canto, que contou com Bernardete, histórica cantora do Carnaval da cidade, o samba dos compositores D’Xangô, Douglas Chocolate, Leo Reis, Juliano, Celsinho Mody, Guga Pacheco, Tio Do, Paulinho Sorriso e Marcio Zanato, chegou com a segurança de ser um dos mais elogiados da safra.

Internamente, venceu uma disputa acirrada na quadra, e teve que ser incorporado como o hino de 2017 pelos que preferiam outros concorrentes.

Cheio de bons e novos elementos em sua construção, foi alterado antes da gravação do CD oficial da Liga Independente das Escolas de Samba, segundo alguns, para pior. Na Avenida, teve seu ponto alto nas linhas finais da segunda parte, chamando para o refrão:

“…Eu sou Peruche
Berço território africano
Sou comunidade atrás do trio eu vou
É Salvador…”

‘Rolo Compressor’, em busca da batida perfeita

Liderada por mestre Call, a batucada veio engasgada com o julgamento do ano anterior, quando não recebeu nenhuma nota dez.

A “Rolo Compressor” foi precisa nas convenções, com bom repertório de bossas, já mostrado na fase de preparação, tanto no Anhembi, quanto na quadra, e levantou o público por onde passou.

Dupla de carnavalescos e o desafio de mostrar uma nova leitura

Salvador e a rica cultura da capital do estado da Bahia, já não são novidades nos desfiles de escola de samba.

Murilo Lobo e Sérgio Caputo Gall, enfrentaram o desafio de mostrar uma nova cara para uma história bastante explorada, tanto no Carnaval do Rio, quanto no de São Paulo. Além disso, a missão de reverter as baixas notas, obtidas em 2016, em quesitos diretamente ligados ao trabalho dos carnavalescos. Foram importantes 2,6 pontos perdidos em alegoria, fantasia e enredo, somados.

Na abertura um cortejo de cavalos marinhos, sereias, a Índia Moema, a lua e a visão dos portugueses sobre o paraíso tropical; as matas, os índios e os pássaros, foram tema do abre-alas. O que se viu em seguida, foram, outra vez, índios, negros e portugueses, responsáveis pela formação do povo local.

A fé e a religiosidade, vieram na sequência, retratando o sincretismo baiano em suas diversas formas de crença. A culinária, as praias e a música, integraram o setor quatro. O fechamento foi dedicado ao Carnaval da Bahia, com “Filhos de Gandhi”, “Ilê Ayê”, “Olodum”, “Timbalada”, entre outros, até o encontro com o quinto carro, representando o trio elétrico, marca da folia local.

Ao optar pelo caminho de limitar-se mais aos aspectos culturais da cidade-tema, os carnavalescos foram felizes e conseguiram trazer novos elementos. Tanto as alegorias, quanto as fantasias, foram concebidas e executadas sob um novo olhar.

Problemas com alegorias comprometem a evolução

As alegorias, de grandes proporções em suas formas, foram uma aposta para elevar a posição da agremiação dentro do concurso. Talvez, por não estar preparada para este salto, encontrou o seu maior problema. Desde o abre-alas, formado por três chassis acoplados, conduzido com dificuldade por toda a travessia, pelo menos outros dois carros apresentaram problemas; o segundo, em sua iluminação, e o terceiro, em acabamentos de suas esculturas. Nas alas, também foram registradas ocorrências nos figurinos, tendo inclusive, uma ala inteira passado sem chapéu.

Empolgados ao longo de toda a pista os componentes enfrentaram as adversidades, cantaram e brincaram durante quase uma hora de Carnaval. O nervosismo pelo danos em alguns carros alegóricos, contribuiu para desestruturar também, a evolução do desfile, em diferentes momentos, afetando o andamento constante indicado para o cortejo, concluído, mesmo diante das ocorrências, com folga e dentro do tempo permitido pelo regulamento.

De olho no relógio!

A Unidos do Peruche encerrou seu desfile com 1h03

Assista as entrevistas gravadas após o desfile

Confira no gráfico as classificações da escola nos últimos dez Carnavais

Prêmio SRzd Carnaval SP 2017

Na noite desta segunda-feira (27), na página da editoria de Carnaval do SRzd em São Paulo, será divulgado o resultado oficial desta edição do prêmio. A votação estará disponível após o encerramento do desfile da última escola do Grupo Especial.

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A apuração das notas atribuídas pelos jurados da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo acontece nesta terça-feira (28), com transmissão ao vivo da Rádio SRzd.

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