O 20º desfile do século; Mocidade e Vai-Vai defendem hegemonia de títulos

Sambódromo do Anhembi. Foto: Reprodução

“O tempo passa cada vez mais depressa”.

Esta expressão tornou-se comum nas reflexões sobre a vida, principalmente num bate-papo entre amigos. A chegada de um “mundo novo”, com o advento da Internet e as transformações tecnológicas, impôs ao ser humano um outro ritmo, muito mais acelerado, dentro de um contexto que exige rapidez, agilidade e resultados, de todos.

No samba, também é assim. Caminhamos para assistir ao vigésimo desfile de escolas de samba deste século em São Paulo. Nestas duas décadas, muita coisa mudou. Os tempos nostálgicos, onde o concurso era parte da brincadeira, ficaram definitivamente para trás.

Hoje, o concurso é o centro dos esforços de sambistas e profissionais envolvidos na produção do espetáculo. Nesse turbilhão de transformações, muitas escolas ainda procuram entender para onde foi, o que se tornou e o que é atualmente o Carnaval paulistano, ainda que sejam eles os organizadores da festa.

Duas, em especial, parecem ter dado largos passos na frente das demais coirmãs, ao menos, é o que indicam, de forma implacável, os números. O gráfico mostra o número de conquistas, por escola, neste século:

A Vai-Vai, dentre as mais tradicionais da cidade, parece ter sido a única a não sentir o golpe da modernidade. Seguiu mantendo aspectos importantes de sua essência e o povo ao seu lado. Ainda com uma comunidade numerosa e fiel a lhe seguir pelas ruas do Bixiga, continuou faturando títulos.

Do outro lado, a Mocidade Alegre. Um caso completamente diferente da rival alvinegra. A escola reinventou-se neste século, investiu em estrutura, gestão de pessoas e consolidou-se como potência. Juntas, levaram mais da metade dos campeonatos deste período:

*proporção de títulos do Grupo Especial no período (de 2000 até 2018)

Os vigésimo desfile deste século em São Paulo, programado para março de 2019, testa novamente a vitalidade das oponentes destes dois pavilhões. A Mocidade, aposta na cultura indígena, e o Vai-Vai, na negritude.

Para encarar as duas gigantes, bandeiras tradicionais do samba paulistano correm atrás do tempo perdido para alcançar, no mínimo, competitividade dentro da disputa.

Somam-se a elas nessa concorrência jovens forças, que organizaram-se e preparam seus projetos de desfile absolutamente concentradas nos manuais de julgamento e no regulamento. Mas todas elas, sem exceção, se espelham na organização e disciplina da Mocidade, e na resistência popular da Vai-Vai. Encontrar esse equilíbrio, é o desafio.

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