Mestre-sala detalha intercâmbio cultural do samba de SP com Japão e Dubai

João Carlos. Foto: Divulgação

João Carlos Camargo é reconhecidamente um dos principais mestres-sala do Carmaval paulistano.

Atualmente defendendo o glorioso pavilhão da Águia de Ouro, ao lado de Ana Reis, o que muitos não sabem, é que seu talento está levando a cultura do samba nacional para distantes fronteiras.

Há quatro temporadas João tornou-se uma espécie de embaixador desta arte popular no Japão, numa relação iniciada devido a aproximação da escola da Pompeia com aquele país, fortalecida, sobretudo, após o enredo; “Brasil e Japão: 120 anos de união”, apresentado pela azul e branco no ano de 2015.

Logo depois de ter voltado de mais uma experiência no Oriente, João compartilha com os leitores do SRzd detalhes desta rica troca cultural, confira:

“O intercâmbio se seu início de 2014 no território de Tokyo, através do convite do mestre-sala e naturalizado japonês Tsubasa Myoshi, quando na ocasião, o Águia de Ouro participava da abertura do maior Carnaval fora do Brasil, em Asakusa, no Japão. Assim, tenho realizado, durante estes últimos quatro anos, aulas voltadas para os segmentos; mestre-sala e porta-bandeira, passistas masculino e feminino, rainhas e destaques, e samba de roda.

João Carlos. Foto: Divulgação

Tenho adaptado de forma auto-explicativa todas as aulas com a responsabilidade de representar a cultura brasileira de forma correta e a história do Carnaval paulistano e do Brasil. Durante este período estamos aperfeiçoando o contato e estreitando laços mas, o melhor disso, tem sido compreender o interesse pela nossa cultura, seja na prática ou na retórica. A durabilidade é de quinze dias de aulas intensivas, durante o período noturno”.

João Carlos. Foto: Divulgação
João Carlos. Foto: Divulgação

SRzd Carnaval SP: Como os estrangeiros percebem a manifestação cultural mais importante do Brasil?

“Eles tem uma visão bem clínica do Brasil, principalmente pela alegria e natureza. Quanto ao Carnaval, entendem a importância e a cultura brasileira na Ásia, por isso, a cada ano, procuram se aperfeiçoar e fazer um grande desfile com alegria e muita folia, até porque, a vida no Japão é muito intensa no campo profissional das pessoas e, de certa forma, se torna um momento de descontração em meio ao estresse cotidiano”.

SRzd Carnaval SP: Quais as diferenças das apresentações feitas aqui e no exterior?

“A diferença é grande, claro. De fato, igual ao Brasil, dificilmente algum país consiga elevar nossa cultura, porque também se trata de uma questão de energia, DNA, e isso temos de sobra. Mas existem nove escolas de samba no Grupo Especial, seis no Acesso e alguns Blocos. A média de componentes varia de 250 a 400 componentes e, no caso, para substituir a grandiosidade de nossas alegorias eles fazem um adaptado bem menor, como se fossem aquelas alegorias pequenas das comissões de frente. Mas o legal é notar que eles preferem fazer a representação do samba em português e cantam assim como o letreiro do abre alas”.

SRzd Carnaval SP: Que experiências absorvidas no exterior podem influenciar/contribuir com o Carnaval de São Paulo?

“De uma forma a organização geral do Carnaval é incrível mesmo sendo bem menor. O fator pontualidade se torna essencial nos desfiles. Outro aspecto é aprender a desenvolver técnicas com materiais alternativos assim como o trabalho voluntário dos componentes, porque não existe verba pública, nem patrocinadores. E por fim e não menos importante, a união entre eles, sem rivalidade ou falta de respeito”.

SRzd Carnaval SP: Fique a vontade para adicionar outros elementos sobre essa vivência:

“Fora este processo todo me considero um grande representante paulistano em solo asiático com o objetivo de contribuir com o crescimento do Carnaval, mas de forma correta. Hoje me mantenho no marco histórico de quatro temporadas ministrando workshops e promovendo esse intercâmbio cultural. Nenhum brasileiro se manteve em destaque por tanto tempo nessa função.

Logo em seguida viajei para Dubai, em férias, a convite de um grande amigo, Cássio Leandro, que mora fora do Brasil há cerca de vinte anos e hoje se instala definitivamente em Dubai com outros brasileiros que, inclusive, desfilam no Carnaval do Rio, como a rainha de bateria do Arranco do Engenho de Dentro, Kamila Reis, que também será destaque na União da Ilha e tem se destacado no Oriente Médio por sua beleza e composição corporal. Juntos estamos traçando um projeto exclusivo para Dubai, de workshops, para ampliar nossa cultura por lá”.

João Carlos. Foto: Divulgação

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