Mestre-sala alerta sobre os rumos do Carnaval; ‘a fonte vai secar’

Jefferson Gomes. Foto: SRzd – Cláudio L. Costa

Personalidade.

Essa é uma das características de um dos mais importantes mestres-sala desta geração; Jefferson Gomes.

Além da conhecida e reconhecida categoria na arte da dança no Carnaval de São Paulo, Gomes também se destaca pela opinião. Não se furta a comentar os bastidores da folia, nem os mais espinhosos assuntos, algo raro entre os sambistas da cidade.

Desta vez, às vésperas de iniciar um novo ciclo em sua carreira, defendendo o primeiro pavilhão da tradicionalíssima Unidos do Peruche, Jefferson reivindicou.

Em texto postado na sua página pessoal, fez um alerta, cobrou e deixou o endereço de sua mensagem: os dirigentes. O tema, a base:

“Acho que passou da hora de dar aquela importância na categoria de base de todos os setores”.

Na longa postagem, sugeriu que as escolas de samba ofereçam uma espécie de “plano de carreira” para os artistas dos mais diferentes departamentos das agremiações:

Jefferson Gomes. Foto: SRzd – Cláudio L. Costa

“O trabalho interno tem que ser muito bem feito e começa com a formação; de casal, ritmista, cantores promissores, músicos de corda sendo incentivados desde pequeno, harmonia recebendo bom preparo intelectual e não ser somente um carregador de água, como acontece em diversos lugares”, alertou.

Preocupado com os rumos da maior manifestação popular do país, acredita que a falta de um olhar mais elaborado para uma das vocações e DNA das escolas de samba, o de formar novos sambistas, pode comprometer sensivelmente o futuro da festa:

“A competição fez com que se precisasse de material humano qualificado e pronto, mas se não começarmos a plantar novamente essas sementes a fonte vai secar, o espetáculo vai perder qualidade e o “produto” não será mais interessante para consumidor nenhum, seja ele sambista ou empreendedor”, aposta.

Ainda criticou a ausência de liderança nata daqueles que ocupam determinados cargos de mando: “Existem excelentes sambistas, de várias gerações, mas vejo poucos líderes e hoje o Carnaval pede liderança. Você dirigente, veja se aquela pessoa que é líder daquele departamento ou segmento é admirada pelo seus respectivos componentes, se é respeitada por eles, se a liderança dele está agregando algo para aquelas pessoas e para a agremiação”.

Finalmente, ressaltou a importância do trabalho, do pensamento e da ação coletiva, elementos que deveriam ser tônica na engrenagem do Carnaval:

“Ser bom individualmente traz um resultado imediato, as vezes, mas ser bom no coletivo traz resultado a longo prazo, gera frutos, agrega valores e cria um elo com a comunidade que dificilmente se quebrará“, registrou.

Jefferson terá como par em 2018 a porta-bandeira Thais Paraguassú desfilando pela “Filial do Samba” em homenagem ao cantor e compositor Martinho da Vila.

 

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