Mancha Verde lança enredo; africanidade para buscar primeiro título no Especial

Lançamento do enredo 2019 da Mancha Verde. Foto: SRzd – Guilherme Queiroz

A Mancha Verde lançou seu enredo para o Carnaval 2019 na noite deste sábado (5), em sua sede social na Zona Oeste da cidade de São Paulo.

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O evento teve abertura feita pelo presidente Paulo Serdan, em rápido discurso, seguido de show da ala musical comandada por Fredy Vianna e bateria da escola, com a presença da rainha Viviane Araújo. Na sequência, representação teatral, marca registrada do novo carnavalesco da entidade, o carioca Jorge Freitas, num espetáculo de fôlego com quase uma hora de duração, que contou com efeitos de luzes e som, telões e o empenho de pessoas da comunidade na produção e interpretação dos números apresentados, outra característica de Freitas, dando protagonismo ao povo da casa.

Distribuídos pelas mesas espalhadas no terreiro verde, dirigentes do samba paulistano, patrocinadores e convidados conheceram o tema do próximo ano; “Oxalá, salve a princesa! A saga de uma guerreira negra”.

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Não é a primeira vez que a Mancha conta com a temática afro em seus desfiles.

Em 2012 fez um dos mais belos Carnavais de sua história com o tema: “Pelas mãos do mensageiro do axé a lição de Odu Obará: a humildade”, de autoria de Pedro Alexandre, o Magoo, Troy Oliveri, Thiago de Xangô e Paolo Bianchi.

A nova estreia do ‘Mago’

Um dos mais importantes nomes do Carnaval brasileiro, Jorge Freitas vai começar a escrever novo capítulo de sua trajetória. Agora, de verde e branco.

Freitas foi contratado pela diretoria da Mancha, num movimento claro da entidade em dar um passo a frente em busca do inédito título do Grupo Especial. Contratação que agitou o pós-Carnaval 2018, tanto pela representatividade do artista, quanto pelo fato de chegar para o lugar de Pedro Alexandre, o Magoo, justamente após a escola conquistar a melhor classificação de sua história.

Ele deixou a Império de Casa Verde após três temporadas e um campeonato, conquistado em 2016. Antes da passagem pelo “Tigre”, foi um dos símbolos, neste século, da Sociedade Rosas de Ouro. Por lá, foi protagonista do último campeonato da roseira, em 2010, contando a história do cacau, além de passar muito perto do primeiro lugar em três oportunidades, chegando ao vice nos anos de 2012, 2013 e 2014.

Em seu currículo contabiliza ainda três títulos pela Gaviões da Fiel, e uma passagem pela Pérola Negra, em 2007. No Rio de Janeiro, assinou desfiles da Unidos de Vila Isabel e Portela.

Mais que um carnavalesco, a Mancha contratou um profissional repleto de qualidades, que extravasam as fronteiras do barracão. Articulado, influente e bem relacionado, conhecedor dos regulamentos e critérios de julgamento, Jorge Freitas ainda é um motivador nato. A temporada vai mostrar como será sua adaptação no terreiro machista, e como a comunidade vai receber a nova liderança.

Mancha Verde pronta para disputar no topo

Cada vez mais técnicos, os desfiles de escola de samba merecem, além de todos os tradicionais elementos culturais da festa, muito planejamento e organização. Sim, as agremiações viraram produtoras de grandes espetáculos, gostem ou não os mais saudosistas.

Nesse cenário, quem imprime na sua entidade uma gestão cada vez mais profissional, enxerga o reflexo desse modelo no resultado dos concursos. A Mancha é um destes casos. Liderada pelo “estilo Serdan”, possui hoje uma das mais estruturadas quadras da cidade, além de ter ao seu lado patrocinadores que incrementam substancialmente as receitas na manutenção das atividades da escola e, evidentemente, na produção do desfile.

Lançamento do enredo 2019 da Mancha Verde. Foto: SRzd – Guilherme Queiroz

Dois deles, o casal Leila Pereira e José Roberto Lamacchia, proprietários de duas empresas parcerias da Mancha e também principais patrocinadoras da Sociedade Esportiva Palmeiras, marcaram presença nesta noite e receberam homenagem no palco.

Dona desses atributos, e agora reforçada por um dos mais representativos e vitoriosos carnavalescos da atualidade, a Mancha Verde se coloca no caminho do protagonismo. A estreia como escola de samba aconteceu no ano 2000, quando chegou ao vice-campeonato do Grupo 3 da Uesp, conquistando assim, uma vaga no Grupo 2. Oriunda da maior torcida organizada do Palmeiras, enfrentou, ao longo dos anos, uma série de dificuldades, tanto nos tempos de bloco, quanto após sua consolidação como escola.

Superou inúmeros desafios na busca de vencer preconceitos devido a associação de sua imagem com o mundo do futebol, aspecto que foi motivo de muita resistência por parte de alguns segmentos. Nesse processo, Paulo Serdan contou com o apoio e com os conselhos de Eduardo Basílio, eterno presidente da Sociedade Rosas de Ouro.

O momento mais crítico dessa jornada, se dá em 2005, quando a Mancha chega ao Especial. Por uma enorme coincidência, a Gaviões da Fiel é rebaixada no ano anterior, o que adia a discussão sobre a presença de duas escolas oriundas de torcidas organizadas num mesmo grupo. Com a volta da Gaviões em 2006, é criado o Grupo Especial das Escolas de Samba Desportivas, abrigando as duas entidades.

Uma liminar garante a permanência da preta e branca na divisão de elite, mas mantém a alviverde sozinha no inusitado “grupo”. Num raro momento de superação, realiza um desfile histórico com o enredo; “Bem aventurados sejam os perseguidos por causa da justiça dos homens…Porque deles é o reino dos céus”.

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O impasse se arrasta no ano seguinte e, somente em 2008, sua situação dentro da Liga das Escolas de Samba é equacionada, passando, definitivamente, a integrar o Grupo Especial sob as mesmas condições das demais coirmãs. Realizando belos Carnavais, alcança por três anos consecutivos, 2010, 2011 e 2012, a quarta colocação, ficando entre as campeãs. Um problema em sua comissão de frente, em 2013, acaba por contribuir para um inesperado rebaixamento ao Acesso.

Assimilando o golpe e tendo mais uma vez que dar a volta por cima, reedita em 2014 seu Carnaval de 2006, conquista o vice-campeonato e retoma, assim, o direito de integrar novamente a elite do samba de São Paulo. Cantou na Avenida, em 2015, a história centenária do clube que é a razão de sua existência. Com o enredo; “Quando surge o alviverde imponente…100 anos de lutas e glórias”, a Mancha acabou amargando o rebaixamento para o Acesso da Liga-SP.

Caiu, e voltou novamente, com outro tema original, falando sobre os “Zés” do Brasil. Este ano, uma homenagem ao grupo Fundo de Quintal, e o melhor resultado de sua caminhada, perdendo o título apenas por conta das imposições dos critérios de desempate. Conquistas, injustiças e dúvidas. Um misto de emoções nestes últimos dezoito anos. A Mancha quer estabilidade e mais; quer chegar ao topo.

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