Samba não acontece, Leandro corre no final e compromete reedição

O segundo de desfile do Grupo de Acesso paulistano trouxe ao Anhembi um dos maiores clássicos do Carnaval da cidade, “Babalotim”, na noite deste domingo (26), em São Paulo.

O enredo, originalmente apresentando em 1989, foi reeditado pela Leandro de Itaquera na disputa deste ano. Clique aqui para ver a galeria de fotos do desfile.

A abertura do treino trouxe a comissão de frente com coreografia impactante pela fidelidade dos movimentos e interpretação de Exu, Orixá conhecido por abrir os caminhos. Ele é quem deve receber as oferendas, em primeiro lugar, para assegurar que tudo corra bem e que se garanta sua função de mensageiro com Orun, que representa o céu. Além da encenação, o figurino bem concebido também foi destaque.

Após três décadas, o pavilhão vermelho e branco em novas mãos

A maior novidade da Leandro neste Carnaval esteve em seu primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira.

Diego Motta e Sara Araújo, uma dupla que se reencontrou depois de alguns anos. Foram alunos do projeto para a formação de casais organizado e dirigido por Karin Darling, a menina que pediu ao pai uma escola de samba, e deste pedido, nasceu a Leandro de Itaquera. Karin ostentou o primeiro pavilhão por 30 anos, e agora, é vice-presidente da entidade.

Os novos guardiões do manto itaquerense vieram representando a “A grande Deusa da fartura, riqueza e fertilidade e sua corte real”.

Intérprete encarou a missão de repetir o sucesso do samba na Avenida

A escola presidida por Leandro Alves Martins, o seo Leandro, passou pela pista embalada pelos belos versos conduzidos pelo intérprete Daniel Collete, que encarou o desafio de repetir o sucesso do Carnaval da Leandro naquela oportunidade, depois de quase três décadas.

Concebida há 27 anos por Clarice, Thiago Lee, Sandrinha e pelo Grupo Relíquia, a composição ganhou outros elementos rítmicos e um novo andamento, processo natural para ter de serviu ao desfile que se dá em outro moldes na comparação com o que acontecia na Avenida nos anos oitenta. Diferente de 89, o samba não levantou o público nas arquibancadas como naquela oportunidade.

Determinação para alcançar boas notas

Os jurados da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo avaliaram negativamente o trabalho da bateria da Leandro em 2016.

No total, meio ponto foi perdido no quesito, o que certamente mexeu com dos brios de mestre Pelé. Fantasiados de “Os grandes Alabês”, os ritmistas da “Batucada do Leão” ainda tiveram a missão de, em conjunto com a ala musical, imprimir o novo andamento para um desfile histórico da agremiação.

A face moderna de ‘Babalotim’

Rodrigo Cadete enfrento dois grandes desafios em sua jornada neste Carnaval.

O primeiro: reverter um cenário muito desfavorável no concurso. Em 2016, a escola perdeu um ponto em alegoria, meio em enredo e nove décimos em fantasia.

O segundo, contar uma história que já passou pela Avenida, uma prova para a criatividade de qualquer carnavalesco que desenvolve uma reedição. O novo “Babalotim” partiu ao som dos tambores ancestrais africanos, iniciando o cortejo carnavalesco da Zona Leste. A cultural do continente, tão presente no Brasil, foi retratada.

As nações africanas divinizadas em Deuses do Afoxé de Ilexá, vieram na sequência. A essência através das nações Iorubás, o culto aos Orixás e ancestrais, traçaram o caminho exemplificando o nascimento da tradição dos Afoxés. No momento três do enredo, a chegada de toda essa bagagem cultural ao Brasil e a influência na cultura através de dança, música, religião e festejos.

O encerramento foi dedicado à história dos Afoxés, exaltando os grupos mais expressivos deste segmento, como os “Cavaleiros de Bagdá”, os “Filhos da Coroa de Dadá” e “Filhos de Gandhi”.

Esculturas já vistas no Anhembi e correria no final

O conjunto alegórico criado por Rodrigo Cadete, que atuou também como diretor de harmonia, trouxe carros com acabamentos regulares e inteiros em sua estrutura. Porém, logo no abre-alas, foi nítido o uso de esculturas de duas coirmãs do Grupo Especial, vistas no Anhembi em 2016, ação reproduzida em outras alegorias, permitidas pelo regulamento.

Nos figurinos, o uso de materiais alternativos foi feito com inteligência, bom gosto, e ainda harmônico na distribuição das cores, criando um visual alegre e integrado ao tema. Muito a vontade para evoluir, trajando fantasias leves, as alas atravessaram a pista acusando espaçamentos internos e uma grande aceleração no andamento no trecho final da pista. Aceleração que não esteve ligada à problemas com o tempo de desfile, uma vez que a Leandro chegou com folga na faixa amarela que demarca o encerramento, ficando estacionada por alguns minutos, até que fosse atingida a cronometragem mínima de apresentação prevista em regulamento.

De olho no relógio!

A Leandro de Itaquera encerrou seu desfile com 52 minutos

Confira no gráfico as classificações da escola nos últimos dez Carnavais

Prêmio SRzd Carnaval SP 2017

Na noite desta segunda-feira (27), na página da editoria de Carnaval do SRzd em São Paulo, será divulgado o resultado oficial desta edição do prêmio. A votação estará disponível após o encerramento do desfile da última escola do Grupo de Acesso.

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A apuração das notas atribuídas pelos jurados da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo acontece nesta terça-feira (28), com transmissão ao vivo da Rádio SRzd.

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