Luxo, terror e problemas com alegoria da comissão de frente marcam estreia da Independente

Desfile 2018 da Independente Tricolor. Foto: SRzd – Wadson Ferreira

Pela primeira vez em sua jovem história, a escola de samba Independente Tricolor desfilou pelo Grupo Especial do Carnaval paulistano.

A agremiação, oriunda da principal torcida organizada do São Paulo Futebol Clube, abriu as apresentações da maior festa popular da cidade na noite da última sexta-feira (9), no sambódromo do Anhembi, na Zona Norte.

Apresentação aberta com mais de 15 minutos de antecedência em relação ao horário previsto, poucos antes das 23h. Luxo e problemas com a comissão de frente, marcaram a estreia tricolor.

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Um meteoro.

Assim pode ser definida a trajetória desta agremiação. No primeiro ano desta década, ela integrava o Grupo 4 da União das Escolas de Samba Paulistanas, a Uesp, o degrau inicial das entidades carnavalescas. Subiu, e como. Acumulou três campeonatos e cinco acessos até chegar na elite este ano, com a conquista do vice na divisão de Acesso.

O início do cortejo tricolor veio pelas mãos e mente criativa de um estreante na escola; Anderson Rodrigues.

Rodrigues acumulou o cargo de coreógrafo da comissão de frente, função que lhe consagrou no segmento, com o cargo de carnavalesco, dividido com outros dois profissionais. O artista veio da coirmã Dragões da Real, onde desenvolveu projetos premiados pelo portal SRzd, nos anos de 2014 e 2016.

Mas a estreia não foi das mais felizes. Ainda na área de concentração um problema no tripé da comissão comprometeu a cabeceira da escola. Um guindaste da organização do evento precisou ser utilizado para conduzir a alegoria até o final da pista, um mini-castelo cheio de personagens amedrontadores. A ocorrência atrasou a evolução em alguns minutos e certamente fez mudar o planejamento do time de harmonia para o desfile.

Um dos pontos fortes da Independente para esta estreia, sem dúvida, estava no primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira. Embora jovens, já reconhecidos como grandes talentos da atual geração paulistana.

Cley Ferreira, 21 anos. Capricorniano, saiu do ventre da mãe dançando e, aos 6 de idade, estreou como mestre-sala mirim da Vai-Vai, onde ficou até 2012. No ano seguinte foi chamado pela Barroca Zona Sul para ser o primeiro e fazer par com Lenita Magrini. Dançarina de São Caetano do Sul, com carreira internacional. A união desta dupla vêm rendendo resultados positivos. Neste segundo ano na Independente, chegaram na pista em busca da nota 40, que não veio, por um décimo, em 2017. Com uma linda fantasia, o casal veio logo após o carro abre-alas e não mostrou abatimento com os problemas iniciais do desfile.

Ao apostar no terror como tema de seu desfile, a Independente ousou.

A missão maior; carnavalizar o medo. Missão dada para um trio; André Cezari, Anderson Rodrigues e Roberto Monteiro.

Cezari retornou à folia paulistana onde assinou o desfile da Sociedade Rosas de Ouro, em 2016. O artista já havia passado por São Paulo anteriormente desenvolvendo Carnavais na Dragões da Real, conquistando a melhor classificação da escola até o vice-campeonato de 2017. Há seis temporadas integra a comissão de Carnaval da Beija-Flor de Nilópolis, onde foi campeão, pela última vez, no ano de 2015.

Monteiro contabiliza trabalhos como desenhista e projetista ao lado de grandes nomes do segmento, entre eles, Joãozinho Trinta, Renato Lage, Paulo Barros e Alexandre Louzada.

Embora ousado, o desenvolvimento do enredo lançou mão do modelo utilizado costumeiramente pelos carnavalescos e inspirou-se na visitação da história como ponto de partida. Passeou pela Inquisição e usou antigos símbolos do gênero;  zumbis, vampiros, fantasmas e lobisomens. Abordou ainda grandes vilões da humanidade, foi crítica ao trazer as figuras “macabras” da política e montou o seu próprio roteiro, como propunha. A maior sacada residiu no toque de humor presente ao longo de todo o desenvolvimento do argumento do enredo.

O poderio financeiro da escola se materializou em suas alegorias e fantasias. Luxuosas e bem acabadas, estavam predominantemente nas cores vermelha, preta, dourada e branca, misturadas com outras cores quentes, sobretudo nos figurinos das alas.

Outro jovem no elenco tricolor, mas também reconhecido como talento do samba paulistano, é mestre Klemen Gioz.

Pelo segundo ano na Independente, vem solidificando sua filosofia de ritmo à frente de seus comandados. “Ritmo Forte”, fortalecido pela presença de um time de musas que deu show, com destaque para a madrinha Sheila Mello.

Ausência sentida, Helena Soares, a rainha, não esteve na pista, devido a um problema de saúde descoberto na semana que antecedeu o grande dia. A batucada arriscou, por diversas vezes, um grande “paradão”, que contou com aprovação do povo nas arquibancadas.

Como faz tradicionalmente, a diretoria da Independente encomendou seu samba de enredo.

A obra de 2018 levou a assinatura de Pê Santana, dirigente e intérprete da tricolor, Rafael Pínah, também cantor oficial da entidade, Márcio André e os irmãos Rodrigo e Rodolfo Minuetto. Obra que não foi badalada com uma preferidas desta safra durante o pré-Carnaval, mas foi funcional para a passagem pela pista, sem, porém, empolgar o público.

Mesmo com a ocorrência no início do desfile, a direção de harmonia conseguiu imprimir um andamento quase que sempre uniforme, com alas distribuídas em fileiras e compactadas, sem grandes espaçamentos ou abertura dos chamados buracos. Sangue frio para encerrar a exibição dentro do tempo estipulado pelo regulamento.

De olho no relógio!

A Independente encerrou seu desfile com 1h03

A apuração das notas atribuídas pelos jurados para os nove quesitos avaliados nos desfiles de 2018 serão conhecidas na tarde da próxima terça-feira, dia 13 de fevereiro, com cobertura do portal SRzd.

Foi assim no último concurso

(décimos perdidos pela Independente, por quesito, em 2017 – considerando os descartes)

A performance da escola nos últimos cinco Carnavais

Curiosidade

Prêmio SRzd Carnaval SP 2018

Na manhã da próxima terça-feira (13), na página principal da editoria de Carnaval do SRzd em São Paulo, será divulgado o resultado da sétima edição do prêmio. A votação para os internautas estará disponível após o encerramento da apresentação da última escola do Grupo Especial.

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