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Fino Trato; o ônibus partiu e o carnavalesco viu seu trabalho pela TV

Ônibus. Foto: Ilustração

Odirley Isidoro publica mais um texto em sua coluna no portal SRzd.

Natural de São Paulo, nasceu no bairro do Parque Peruche, na Zona Norte da cidade. Poeta, escritor, pesquisador e sambista. Ao longo de sua trajetória, foi ritmista das escolas de samba Unidos do Peruche e Morro da Casa Verde, além de ser um dos fundadores da Acadêmicos de São Paulo.

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Fino Trato; o ônibus partiu e o carnavalesco viu seu trabalho pela TV

Após anos de Barra Funda Nilsinho decidiu que era hora de mudar.

Ele que fora levado ao samba por sua mãe, logo se apaixonou pelo “Trevo”. Mas Nilsinho estava desgostoso com o resultado do último Carnaval; um 5º Lugar.

A classificação o fez pensar que depois de tantas glórias sempre ficando entre os quatro primeiros não foi justo com o trabalho que a rapaziada apresentou.

Durante o dia, Nilsinho trabalhava de atendente, no grupo Sérgio, lá nas quebradas do Largo da Concórdia, mas era a noite que ele mostrava o porquê era conhecido como Nilsinho Fino Trato.

Após aquele Carnaval se juntou com um antigo mestre-sala da escola e mais alguns ritmistas, e depois de um bom chopp decidiram agregar com a rapaziada do Renascença da Lapa.

Lá já tinha um time bom formado e a comunidade da Rua Doze de Outubro tava soltando uns pingados para colocar o samba na rua.

As noites no mercado municipal eram regadas com um bom samba-enredo e muita conversa jogada fora. Depois de traçar um bolinho de bacalhau, logo percebi que numa mesa qualquer chorava uma cuíca e uma cantoria, era o Osvaldinho da Cuíca junto de uma rapaziada escrevendo o samba da escola para aquele ano.

Nilsinho pegou um pedaço de papel e pediu o lápis ao verdureiro, e começou a rascunhar.

Logo, as primeiras fantasias da escola começaram a ser desenvolvidas naquela simplicidade de uma mera folha de seda do botequim.

Fino Trato tinha como espelho os grandes artesões da época e graças ao apoio de Talismã decidiu que era hora de mostrar a sua arte, e eis que conseguiu!

No dia do desfile os comerciantes ajudaram no “livro de ouro” e alugaram oito ônibus para levar a comunidade pra Avenida, pessoal da Leopoldina e Alto da Lapa vieram juntos pra pista. A prefeitura tinha mandado apenas três ônibus pensando que a escola não ia ter gente.

Mas aconteceu justamente o contrário, quem curtia o salão do Renascença e transava o soul veio junto e na concentração da Tiradentes estava aquela festa.

Pena que Nilsinho não foi, pois estava finalizando as últimas fantasias das baianas e, ao terminar, o ônibus partiu e ele assistiu no botequim em frente ao Mercadão da Lapa o seu trabalho passar.

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