Entrevista: dívidas, sede própria e a ausência de uma voz

Entrevista. Foto: Arte

Quando a escola de samba Leandro de Itaquera anunciou que reeditaria, este ano, o seu Carnaval mais emblemático, “Babalotim”, originalmente apresentado em 1989, a comunidade vermelha e branca se encheu de esperança e brio, acreditando num grande resultado e na volta para o Grupo Especial.

Porém, a abertura dos envelopes com a avaliação dos jurados da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, jogou um balde de água fria no povo de Itaquera. O quinto lugar no Acesso, onde está desde 2015, não foi bem digerido.

Não bastasse a frustração com a classificação na disputa carnavalesca, a Leandro ainda convive com dois outros fantasmas; a ausência de uma sede própria e dívidas.

Mas, inspirada no símbolo da agremiação, o Leão, a vice-presidente Karin Darling se enche de garra, mostra espírito guerreiro e lidera, ao lado de seu pai, a retomada almejada por sua gente. Eterna porta-bandeira da Leandro, conversou com a reportagem do SRzd; no bate-papo, falou de 2017, de obstáculos e do futuro.

Karin Darling. Foto: SRzd – Cláudio L. Costa

Após trinta anos Karin Darling entregou o primeiro pavilhão da Leandro de Itaquera.

A porta-bandeira que ganhou a escola de samba de presente do seu pai, Leandro Alves Martins, na década de oitenta, deixou o posto após o Carnaval de 2016. Desde então, assumiu a vice-presidência, e agora, participa das decisões de uma das mais importantes agremiações da cidade. Confira a entrevista:

“Em algumas justificativas, as notas não foram justas”

“A nova estratégia dos jurados e os critérios de julgamento, em minha avaliação, melhoraram muito. Acredito que todas as escolas entram na Avenida com o objetivo de serem campeãs, tivemos falhas, mas em algumas justificativas, as notas não foram justas. Por tanto, penso que a Leandro poderia sim, ter pego uma colocação muito melhor. Dentro da nossa proposta de enredo, esperávamos voltar no desfile das Campeãs”.

“A expectativa do público e da comunidade era de ter a Eliana de Lima”

“Não nos arrependemos de ter feito a reedição. Mas poderíamos ter trabalhado e acreditado mais no potencial do samba-enredo. O nosso intérprete, Daniel Collete, fez um excelente trabalho, o respeito e admiro muito. Mas creio que a expectativa do público e da comunidade era de ter a Elina de Lima junto, participando do nosso desfile. Fomos cobrados, o samba marcou muita na voz dela”.

“Temos dívidas, porém temos crédito”

“A situação financeira da Leandro é igual a de muitas escolas de samba. Temos dívidas, porém temos crédito, e ninguém dá crédito para quem não paga! Estamos trabalhando para que possamos liquidar estas dívidas, com possibilidades de nova quadra e de novos parceiros”.

2018

“Estamos por conta do nosso presidente e do nosso novo carnavalesco. Estamos numa expectativa grande aguardando a aprovação”.

“Aquele que quer ajudar e quer o bem da nossa escola: vista a camisa”

“Querida e fiel comunidade de Itaquera. Temos um grande líder sambista, empresário e comerciante, mais conhecido como Seo Leandro. Homem digno e sábio. Temos que honrá-lo e dar as mãos para juntos fazermos a diferença. Aquele que quer ajudar e quer o bem da nossa escola: vista a camisa. Temos a nossa raiz,
a nossa tradição e uma nova geração integrada, inteligente e organizada, que faz a diferença para o novo acontecer. É só estar, agir e acreditar”.

Após a reedição do enredo: “Babalotim, a história dos Afoxés” – clique aqui para relembrar o desfile – a Leandro anunciou apenas a troca de seu carnavalesco. Saiu Rodrigo Cadete, chegou Orlando Junior.

Em sua trajetória, além do desfile na própria Leandro, em 2012, Orlando contabiliza mais de trinta Carnavais. Atuou por mais de uma década na Tradição, no Rio de Janeiro. Traz no currículo passagens marcantes na folia de Vitória, onde trabalhou nas escolas de samba Jucutuquara e Boa Vista.

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