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Eliminatórias express, no CD ou fechadas; e o futuro do samba?

O carnavalesco Marco Aurélio Ruffinn traz mais um texto para os leitores do SRzd.

A coluna é publicada semanalmente, às quintas-feiras, na página principal da editoria do Carnaval de São Paulo. Leia, comente e compartilhe!

Eliminatórias express, no CD ou fechadas; e o futuro do samba?

Cada vez são mais recorrentes as discussões sobre a qualidade dos sambas de enredo.

Mas se precisamos de sambas de qualidade, e isso é um fato, o que estamos fazendo para produzir novos compositores?

Acredito que nada, absolutamente.

Estamos na contramão. Sambas por encomenda, eliminatórias express, eliminação no CD – não dando oportunidade para o compositor apresentar sua obra e exercer seu ofício – eliminatórias fechadas…”e o samba vai perdendo a tradição”.

Tudo para conter gastos ou será a adoção de um novo modelo?

Modelo que visa apenas lucrar e ignora o ideal verdadeiro das entidades carnavalescas?

Por onde estão nossos valores culturais?

Não vamos investir no samba, na tradição e no futuro? É isso mesmo?

Estaremos sempre na sombra da ponte aérea?

O nosso celeiro de bambas não produzirá mais talentos?

Ficam aí as perguntas aos envolvidos.

Sabemos que talento precisa de tempo para amadurecer, e com os compositores, não é diferente. É fundamental exercer a prática de compor.

Nessa longa jornada no Carnaval, lembro-me de muita gente aprendendo a arte.

Vi Ferrugem, ainda muito moleque, estudando cavaquinho e dando o tom para quem ainda não tinha o aprendizado musical.

Rafa do Cavaco e os Gêmeos (os irmãos Minuetto) ainda crianças, brincando de compor samba. Rubinho cantando e ensaiando as primeiras letras, na Leandro de Itaquera. Lembro de Diego e Armênio Poesia no seu nascedouro criativo. De Márcio Pessi, Barba…quanto tempo de aprendizado, através da prática, do exercício. Até começarem a ganhar, foram anos de disputa.

É meu amigo, compor requer prática!

Tantos jovens compositores; Guilherme Cruz, Chiquinho LS, Tiago de Xangô, Juninho Branco, Rodney Chetto, Danilo do Cavaco, Marcelo Nobre, Darlan, Fernandinho SP, Rafa do Império, Juninho Berin, Bogalho, Celsinho Modi, Leo Reis e Chocolate, vi todos neste processo.

Era essa a “molecada”, hoje adultos de renome no samba paulistano, participavam dos inúmeros concursos, praticando, exercitando a composição.

Atualmente todos, ou quase todos, campeões.

Eduardo Basílio, ex-presidente da Sociedade Rosas de Ouro, nos ensinou: “Samba se aprende na escola”.

O que estamos fazendo pelas próximas gerações de compositores, de intérpretes, de sambistas?

A inércia, as ações imediatistas e as atitudes não estudadas, ocasionarão prejuízos irreversíveis para a maior expressão de cultura no Brasil.

Ou paramos de fingir que está tudo bem, ou essa falta de investimento sairá muito caro para a própria instituição.

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